domingo, 11 de abril de 2010

guerras e guerrilha

4.1. GUERRAS PÓS INDEPENDÊNCIA, POLÍTICA E VIDA SOCIAL: A Índia vivia sem guerras até 1961, quando conquistou o Estado da India Portuguesa pela força das armas. Seguindo o exemplo indiano, surgiu o conflito fronteiriço sino-indiano, tendo como causa inicial uma região litigiosa nos Himalaias, conhecida como Tibete do Sul, em Arunachal Pradesh indiano. Uma força indiana ao avançar sobre posições chinesas ao norte da Linha McMahon, após um combate em Tagla, no dia 10 de Outubro de 1962 foi atacada pelo forças chinesas e o conflito alastrou-se a região de Aksai-Chin, uma ligação estratégica para a China. Esta guerra sino-indiana só terminou quando os chineses conquistaram ambas as áreas em litígio e declararam cessar-fogo unilateral, em 20 de Novembro de 1962.
A Guerra indo-paquistanesa, relativamente à Caxemira, deu origem em 1965 a um novo conflito armado entre a Índia e o Paquistão, tendo como origem a "Operação Gibraltar" lançada pelo Paquistão, fazendo infliltar na província de Jammu e Caxemira soldados vestidos a civil para liderar uma revolta e realizar atos de sabotagem, mas as autoridades indianas fecharam a fronteira antes do ataque, obrigando ao Paquistão lançar um contra-ataque em 1 de setembro (Operação Grand Slam) para assumir o controle da cidade de Akhnoor. As cinco semanas de guerra causaram milhares de vítimas em ambos os lados, cerca de 3.000 mortes na Índia e 4000 no Paquistão.Esta guerra só terminou com a intervenção do Conselho de Segurança da ONU que aprovou uma resolução exigindo o fim das hostilidades e sob a égide da URSS, os dois países assinaram um acordo prevendo a retirada das tropas para um retorno as fronteiras anteriores, que ocorreu eficazmente mais tarde em fevereiro de 1966.
Em consequência da Guerra da Independência de Bangladesh, surgiu a Guerra indo-paquistanesa, entre 3 de dezembro de 1971 e 16 de dezembro, e, terminou com a rendição do exército paquistanês. A Guerra de Independência do Bangladesh surgiu com a vitória da Liga Awani, nas eleições paquistanesas de 1970, após a detenção dos seus colaboradores em 25 de Março de 1971 e ilegalição da liga, obrigando muitos dos seus membros refugiarem-se na Índia. E em 27 de Março, um conjunto de militares rebeldes, pertencentes às forças armadas bangladeshis, declararam a independência do Bangladesh face ao Paquistão e foi criado um grupo de guerrilhas, para lutar, juntamente com as forças armadas bangladeshis, a minoria paquistanesa do poder. A Primeira Ministra indiana proporcionou treino militar à guerrilha, que, após operações contra o exército paquistanês, conseguiu controlar vastas regiões, e, as forças indianas concentraram-se em territórios que faziam fronteira com o Paquistão, e as forças paquistanesas na fronteira com a Índia, dando origem a 3ª Guerra indo-paquistanesa. A Índia conseguiu, através de sucessivos avanços e recuos, absorver uma boa parte dos territórios pertencentes a Kasmira paquistanesa, e, a 16 de Dezembro, as forças paquistanesas renderam-se e o Bangladesh viu finalmente reconhecida a sua independência. No dia seguinte, Indira Ghandi apelou a um cessar-fogo unilateral, igualmente cumprido pelo Paquistão. Em 1999 deu-se a 4ª Guerra Indo-Paquistanesa, depois da declaração de Lahore, em que ambas as partes apontavam para um fortalecimento do diálogo bilateral e de esforços no sentido de resolver as respectivas divergências, incluindo a questão de Caxemira, e de não intervir nos assuntos internos de cada uma das partes, reduzindo assim o risco de uma guerra nuclear. No entanto, após a assinatura da declaração, grupos separatistas caxemirenses e guerrilheiros islamitas, invadiram o distrito de Kargil, uma zona montanhosa e de difícil acesso situada na Kasmir indiana, donde executaram operações contra o domínio indiano na região, tentando derrubá-lo. A resposta da Índia foi imediata: as forças armadas (compostas por cerca de duzentos mil homens) e força áerea indianas envolveram-se numa operação, que recebeu o nome de Operação Vijay, com o objectivo de “empurrar” os inimigos para os confins da Linha de Controlo, impedindo-os de se aproximarem, uma vez mais, da Caxemira indiana. o Paquistão chegou mesmo a pensar que a única hipótese em se impor à Índia seria a de lançar um ataque nuclear. Isto acabou por não acontecer devido às duras objecções por parte dos Estados Unidos, que ameaçaram deixar de exercer todo o tipo de apoio ao Paquistão caso este não cedesse e as tropas paquistanesas de Kargil, apesar das contestações por parte de alguns militares e extremistas islâmicos retiraram-se. Tirando o partido da retirada paquistanesa, as forças indianas lançaram um ataque final na última semana de Julho, “expulsando” todos os grupos jihadistas presentes no território. A guerra terminou oficialmente em 26 de Julho, assinalando-se assim o Kargil Victory Day em plena Índia, a qual passou a assumir total controlo sobre Kargil e arredores, anteriormente ocupados pelos paquistaneses. Apesar destas guerras, a questão de Caxemira, continua sem solução e com a disputa aberta e em permamente beligerância. Os grupos armados continuam em ação para lutar pela libertação de Caxemira e a ala pacifista defende que os habitantes de Caxemira deviam decidir e liderar sua própria libertação, mas o governo indiano recusa todo o tipo de discussão nesse sentido.
Mas, além do problema de Caxemira, a Índia tem problemas de terrorismo, causado pelas reivindicações dos movimentos: o naxalismo e o maoismo. O naxalismo surgiu na aldeia de Naxalbari, no norte de Bangala, local onde ocorreram os primeiros incidentes. Este movimento extende-se aos Estados de Bihar, vizinho do Nepal, e em Andra Pradesh. O Maoismo, com origem no Partido Comunista Maoista, está ligado as organizações partidarias da índia, Bangladesh e do Sri Lanka, formando uma organização maoista do sul da Ásia.O partido comunista indiano, maoistas, movimento armado clandestino sem representação política tem presença em 13 dos 28 estados da índia. Os guerrilheiros maoístas, sempre que há um ataque as suas posições feito pelas forças indianas, contra atacam as forças indianas, e encontram-se implantadas no meio do povo e sempre que fazem operações de guerrilha pedem desculpas ao povo por danos provocados e dão as suas justificações. Esta violência causou mais vítimas do que o conflito em Caxemira. Estão ativos na chamada "cintura vermelha", território situado no centro e leste da Índia, onde possuem campos de treino e querem aí implantar uma revolução agrária comunista. Por outro lado a China contesta a Linha Mac-Mahon assinada em 1914 entre o império britânico e o Tibete, reivindicando o Estado indiano de Arunachal Pradesh, no extremo oriental dos Himalaias. O Nepal comprometeu-se com a China em prevenir quaisquer situações anti-chinesas do seu lado. Por sua vez a China promete fornecer ajuda ao Nepal para expandir os postos de controle policial em regiões isoladas da sua fronteira norte. Este acordo também está relacionado com o Tibete, donde, através dos Himalais e Nepal, os tibetanos saem para contactar o Dalai Lama, exilado na Índia. Por outro, tanto a Índia como a China tem seus interesses no Nepal. A Índia também está preocupada com a influência chinesa no Sri Lanka, Paquistão e Maldivas. Uma presença chinesa no Nepal seria inquietante para a Índia, visto que a China e a Índia partilham aí uma fronteira longa e difícil de controlar. Os tibetanos sempre que se sentem em apuros com as autoridades chinesas refugiam-se para lá da fronteira, no Nepal. A Índia também tem uma grande influência no Nepal. A moeda nepalesa está indexada à rupia indiana e os cidadãos dos dois países podem atravessar a fronteira livremente. E muitos nepaleses trabalham na Índia. Mas a China tem uma maior influência comercial e turistica com o Nepal e as linhas aéreas chinesas tem rotas para o Nepal, ligando Pequim, Tibete e Nepal.
Além destes problemas do naxalismo, maoismo, rivalidades indo-chinesas e indo-paquistanesas, existe na ìndia um movimento da direita chamado hindutava, que defende uma só língua, religião e povo, para formarem um reino hindu Rashtra, com ramos em diversas partes do mundo, incluindo o mundo ocidental. A sua acção tem sido ataques aos muçulmanos e aos cristãos, sobretudo em Orissa As áreas de predominância cristã estão a ser dominadas pelas forças hindutva, incluindo Goa, devido a migração dos hindus nessas áreas, com preferência nos empregos públicos e privados, obrigando os governos a impôr cotas de emprego aos cristão e aos muçulmanos. 2,3% da população da índia são cristãos e vivem em Orissa, Kerala e sobretudo em Goa. A escritora Arundhati Roy, actriz, instrutora de aeróbica e arquitecta, natural de Kerala, escreveu o romance “O Deus das Pequenas Coisas” que teve premio internacional, cristã, defende a independência de Caxemira, e diz que “A democracia é a prostituta do mundo livre, disposta a produzir-se e depois despir-se , disposta a satisfazer uma enorme variedade de gostos e disponível para ser usada e abusada à vontade”. Foi convidada para mediar o conflito entre rebeldes maoistas e o governo indiano.



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