domingo, 11 de abril de 2010

ciganos

1.1.7. CIGANOS: No século XIV, com a queda do império mongol, os ciganos naturais do norte da Índia de origem bactrina, migraram para a Grécia e os seus chefes se designavam como “Condes da Ásia Menor”. Difundiram-se pela Europa. A sua língua tem muitas palavras do norte da Índia. São nómadas, deslocando-se em bandos ou quadrilhas, a quem se juntam muitas vezes os foragidos da lei. Dedicam-se em  atividades irregulares ou proibidas ( roubo, engano, feitiçaria, etc. ) e na venda de comércio ambulante de produtos contrafeitos. Chegaram a Portugal no século XV.  Devido ao seu modo de vida foram desde logo mal vistos e  D. João III, em 1526, proibiu a sua entrada em Portugal e ordenou a expulsão dos que aqui viviam. Desde então as leis contra os ciganos foram cada vez mais severas, mas sempre inúteis. Em finais do século XVII muitos foram mandados para Angola. A última proibição de entrada foi de D. João V em 1718. No reinado de D. Maria I chegou a ser recomendado que as crianças fossem retiradas aos pais para possibilitar a sua integração social. Mas a partir do século XIX o Estado deixou de os perseguir e considerou-os cidadãos portugueses.
Vivem em grupos formados por diversas famílias, com profundo sentido de união e solidariedade, sob direcção de um chefe vitalicio, que é ao mesmo tempo o presidente de uma espécie de tribunal "krisromani" regulado com as suas próprias leis para resolver problemas e aplicar as penas.
Casam-se cedo. As meninas são prometidas desde pequenas entre famílias geralmente do mesmo grupo ou subgrupo. Uma cigana não pode casar-se com um homem não cigano, sob pena de expulsão, mas um cigano pode casar-se com uma não cigana desde que esta se submeta as regras e tradições ciganas.
A medida que o país se foi industrializando e atraindo as populações do campo para a cidade nos meados do século XX, os ciganos fixaram-se nas periferias das cidades, onde continuaram-se na sua atividade  da  venda ambulante de produtos contrafeitos. As suas tendas foram substituidas por bairros de barracas e as carroças puxadas por mulas  por carrinhas, com as quais, percorrem as feiras, enquanto outros continuam a dedicar-se à produção de cestos e recolha de sucata, e, à criação e venda de cavalos.

Apesar de tudo, os ciganos continuaram a resistir ao processo de integração. As crianças, sobretudo as raparigas, continuaram a não frequentar as escolas.
Nos anos oitenta do século XX, um grande  número de ciganos envolveu-se no comércio de droga e muitas famílias ciganas e não ciganas foram destruidas. O governo, pressionado pela antipatia popular e manifestações de racismo contra os ciganos, em 1991 lançou um programa de apoio para sua integração social e foram muitos realojados em bairros sociais especialmente construidos para eles por todo o país, mas tornaram-se locais de grande violência e os imóveis sofreram degradação e vandalização dos equipamentos coletivos. Por outro deixam de pagar as rendas, apesar de serem símbolicas, a água, electricidade, etc. Os ciganos pobres, além do rendimento mínimo garantido ao cidadão, recebem apoio da Igreja Católica. A maioria deles não declara os seus rendimentos e não pagam os impostos. Uns 4 000 ciganos continuam a ser nómadas, sem residência fixa (Dados de 2008). Uma das condições para receberem o rendimento mínimo garantido é o envio das suas crianças à Escola. A taxa de analfabetismo cigana ronda à volta de 80% (Dados 2008). A percentagem de presos ciganos é muito elevada na população prisional portuguesa.
 Actualmente os seus bairros de realojamento tornaram-se bases de tráfico de armas e droga, crime organizado, situação que afastou os restantes moradores não-ciganos, tornando-se os locais verdadeiros guetos urbanos. Assaltos a pessoas, bancos, residências, igrejas, raptos de pessoas, sobretudo deficientes, para trabalho escravo nas plantações agrícolas em Espanha, etc. são muitas das vezes efetuados pelos elementos ciganos.
Existem em Portugal cerca de 30 a 50 mil ciganos, sobretudo concentrados no litoral e nas zonas fronteiriças (Lisboa, distritos de Viana do Castelo, Castelo Branco, Coimbra e Évora). Os problemas de integração são dificultados pela insistência em manter as ideias, tradições e modos de vida próprios e desfasados do tempo. O que é ainda agravado com a tendência de criar em toda a Europa uma consciência transnacional dos ciganos, com a aprovação do dia 8 de Abril, como dia internacional do cigano, e do hino e da bandeira. Embora sejam medidas para a dignificação do cigano, elas podem contribuir para ruptura social nos países onde vivem, como cidadãos.(Existem cerca de 10 a 12 milhões de ciganos no continente Europeu, dados de 2004). Na Roménia existe a maior comunidade cigana, entre 1,2 e 2,5 milhões. Bulgária cerca de 750 mil. Espanha entre 600 mil e 800 mil. Hungria entre 600 mil e 800 mil. Sérvia-Montenegro cerca de 450 mil. Eslováquia entre 350 mil e 500 mil. Turquia entre 300 mil e 500mil. França cerca de 310 mil. Macedónia cerca 240 mil. República Checa entre 150 mil e 300 mil. Portugal entre 30 mil e 50 mil.










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