quarta-feira, 5 de maio de 2010

identidade goesa

Suponho que a identidade dum povo forma-se ao longo da sua história, através das respectivas instituições e manifesta-se pela sua maneira de ser e estar no mundo. Casas, oratórios, igrejas, templos hindus e muçulmanos, conventos, cruzeiros, jardins, monumentos, planeamento urbano e rural, monitorização e controlo das doenças infecciosas, os cuidados primários de saúde, assistência social e asilos, assistência hospitalar, leprosaria, a rede escolar, a defesa da biodiversidade, o controlo do crime, são réplicas do modelo urbanístico das cidades de matriz portuguesa. Na área lúdica pode-se falar em clubes de dança, instrumentos musicais, piano, bandolim, violino e  na canção tradicional goesa "mandó", clubes de futbol, e  o "dhirió", luta entre dois búfalos ou touros. Na alimentação temos  a comida vegetariana hindu, comida católica influenciada pela comida europeia portuguesa e a comida muçulmana; pratos como, sarrapatel, vindalho, chouriços de carne de porco, xacuti, arroz de caril; bebidas típicas locais, como, féni e urraca; conservas de frutas e doces; canja de arroz, que não se sabe se é de origem indiana, chinesa ou japonesa, que os navegadores portugueses  espalharam pelo Brasil e Portugal, sofrendo depois as necessárias modificações regionais. Foi com estes elementos que o  Estado  caldeou a maneira de ser e estar  do goês ao longo de centenas de anos e formou a sua identidade, através das normas sociais  e hábitos religiosos, incutidos pelo cristianismo e pelas suas ordens religiosas, como franciscanos, dominicanos, agostinianos e sobretudo jesuítas. Mas, naturalmente, os elementos anteriores ao Estado da Índia, de 1510 até 1961, também serviram para moldar a mentalidade do povo. É, pois de referir, também o contributo dos dravidianos, arianos, kadambas/maratas, bem como das religiões, como o hinduísmo, budismo, jainismo, islamismo. Goa é formada de Velhas Conquistas, desde 1510, como núcleo mais ocidentalizado, formado com casamentos entre europeus e indianas, incluindo também mais tarde as órfãs europeias portuguesas que para ali se deslocaram para se casarem com os nobres em Goa. No século XVIII este território expandiu-se com as Novas Conquistas, formando as actuais fronteiras de Goa, com sangue, suor e lágrimas. Em consequência desta mistura étnica e cultural, no século XVII a população de Goa  era classificada  em:  reinós, europeus naturais de Portugal e de linhagem nobre; castiços, descendentes de pai europeu e da mãe indiana branca; mestiços de cor mista, descendentes de pai europeu e da mãe indiana não branca; mulatos, mistura de europeu e mãe africana; canarins e indianos convertidos; escravos de origem africana, muçulmana e indonésia; hindus e muçulmanos. Para manter a coesão e coabitação destes grupos foi importante a política estatal, baseada em normas administrativas com valores universais da dignificação do homem, já aplicada na Metrópole, território português europeu, e de respeito às  tradições regionais de cada grupo, mas excluindo destas as práticas consideradas negativas, como sati -  sacrifício das viúvas quando da morte do marido na pira fúnebre e enganchados - sacrifício aos deuses, em que a vítima era içada através dos ganchos de ferro fixados nas suas costas, criando assim ao longo da sua história harmonia comunal, respeito mútuo e aceitação harmoniosa de todos os grupos sociais. É disso exemplo, a codificação dos direitos e dos costumes feita por Afonso Mexia:  "Foral dos Usos e Costumes dos Gauncares e Lavradores da Ilhas de Goa e outras anexas a Ela de 1526".," Foral dos Foros e Contribuições de Taxas de 1541", mais tarde Regimento de 1753, "Decreto de 1836: Código das Associações das Vilas de 1908" e o "Código Civil Português de 1867/Código Seabra". A língua concani com a introdução da tipografia pelos jesuítas em meados do século XVI em Goa, passou a ser escrita com o uso do alfabeto português, a par da língua oficial portuguesa em expansão, através das ordens religiosas, sobretudo dos jesuítas, e depois com a rede oficial de cobertura escolar, à partir da  década de 1950 até 1961, ano da queda da Índia Portuguesa. O  direito da cidadania portuguesa concedido inicialmente apenas aos convertidos ao cristianismo expandiu-se com o liberalismo nos meados do século XIX e com o republicanismo português a partir de 1910, independentemente da religião, verificando-se assim uma administração quase na sua totalidade formada pelos naturais do Estado da Índia Portuguesa.
Dentro do processo identidario goês é de realçar as seguintes personalidades de origem goesa, no século XVII, bispos D. Mateus de Castro, de Divar;  D. Tomás de Castro, de Divar,  D. Custódio de Pinho, de Vernã., D. Rafael Figueiredo, de Margão e o Pe. José Vaz, de Benaulim. No século XIX, bispos, D. Vicente de Rosário Dias, de Raia,  D. Caetano Pereira, de Divar,  Pe Agnelo,  José Custódio de Faria (Abade Faria) de Candolim, hipnotizador. No século XX Cardeal Valeriano Gracias, de Navelim. Na litearatura, no século XIX, Francisco Luís Gomes, de Navelim,  deputado por Goa em Lisboa em 4 legislaturas, e no século XX Paulino Dias, Nascimento Mendonça, Adeodato Barreto, Judite Beatriz de Sousa, Vinola Devi e Orlando Costa.
São de realçar já no século XIX a Escola Médica, Escolas Técnicas, Normais e dos Pilotos, o 1º Liceu Afonso de Albuquerque, e  as 1ªas comunicações cabo submarino Lisboa - Goa e Caminho-de-Ferro ligando o Porto de Murmugão  à Índia Inglesa, e Templos hindus de Manguexi, Mardol, Bandorá, Sirodá, etc., Festividades Hindus, como Divali, Festas de S. Francisco Xavier, em Velha Goa, de Nº Srª de Brotas na Ilha de Angediva, Natal,  Carnaval,  etc. Em 1954 o Aeroporto de Dabolim ligando Goa a Lisboa. 
Para destinguir o goês formado através deste processo histórico, parece que foi usado o termo de "outsiders" aos imigrantes indianos em Goa, de outros partes da Índia. Este termo "outsider" consolidou-se com o assassinato duma jovem goesa de 24 anos de idade, chamada Tanuja Naik, a 15 de Julho de 2002, quando os  conterrâneos da sua aldeia acusaram os trabalhadores  vindos do interior da Índia como os responsáveis pelo crime. Goês e outsiders, ambos são indianos, porque fazem parte do território da Índia, dividido em Estados diferenciados devido a sua língua e cultura, assim como todos os povos da América são americanos, da Europa são europeus, da África são africanos e da Ásia são asiáticos. No contexto político indiano, Goa, Damão e Diu, sendo até 1961 territórios lusófonos, sofreram um processo de aculturação diferente do resto da Índia anglófona. A substituição da lingua portuguesa pela língua inglesa depois de 1961 em Goa, Damão e Diu, após a queda do Estado da India Portuguesa,  criou um corte com o seu passado histórico multi secular de cultura indo-portuguesa, escrito em português, língua que a actual geração goesa não domina e como tal não é capaz de ler e interrepretar as fontes documentais,  dando assim origem ao processo de formação duma nova identidade, como um dos Estados da União Indiana de cultura anglófona. Na década de 1960 Goa, Damão e Diu tinham à volta de 600 000 habitantes. Actualmente, sem contar com Damão e Diu,  só Goa tem uma população estimada em 1 300 000 habitantes. Pode-se daqui concluir que mais de metade da população goesa veio dos outros estados da União Indiana. Estes dados permitem também concluir que a distinção usada de goeses e outsiders não tem razão de ser, pois a língua usada de entendimento comum na Índia é a língua inglesa. Abortada a cultura indo-portuguesa e a sua alma, o seu lugar é ocupado por uma nova cultura ainda em génese.

 



sexta-feira, 23 de abril de 2010

maratas

Maratas são povos indo-arianos, vegetarianos e absténicos, guerreiros, agricultores e proprietários, os quais, empurrados para o sul pela chegada dos muçulmanos à Índia pelo NW, no século VIII, estabeleceram-se no Decão, ocupando a faixa costeira entre Damão e Goa. Atualmente habitam o Estado de Maharastra na Índia. Maharastra significa “Grande País” ou “Grande Rata” seja grande carro usado nas atividades guerreiras. Foram protegidos mais tarde pelos reis de Bijapur, concedendo-lhes terras em recompensa do serviço militar nas guerras contra os mongóis.  Possuíam um grande número de portos fortificados e dispunham de uma armada importante chegando a atingir setenta navios entre gurabos, palas e galvetas. Os gurabos eram navios de três mastros semelhantes às fragatas europeias, mas mais pequenos, menos robustos e pior armados; as palas eram navios de dois mastros semelhantes aos patachos europeus, mas também de pior qualidade; as galvetas eram navios mistos (vela e remo). Das guarnições dos navios maratas faziam parte numerosos artilheiros ingleses e holandeses a troco do soldo superior ao das suas respetivas Companhias.  Inicialmente, abstiveram-se de atacar os navios portugueses e ingleses, mas à partir de 1650, quando os portugueses tiveram problemas com os árabes de Omã, passaram também a atacar os navios portugueses. Dos inúmeros combates que a armada portuguesa da Índia travou com os Maratas destacou-se da nau Nossa Senhora da Misericórdia contra uma esquadra marata composta por 3 gurabos, 7 palas e 11 galvetas. A nau Nossa Senhora de Misericordia encontrava-se em  Calicut a carregar madeira para o arsenal de Goa, quando seu comandante Melo Saraiva, tendo visto a esquadra marata  fez-se ao mar. Entretanto acorreram à praia o Samorim, embaixadores de várias nações europeias que tinha na sua corte e muitos populares, mas pensaram, que a nau portuguesa fugira para evitar o combate, deixando-os à mercê dos maratas, quando subitamente verificaram que a  Misericória se lançara contra a esquadra marata. Combate que durou 5 horas, em que  a grande parte dos navios maratas foram destruidos, causando-lhes muitas baixas e obrigando-os a reirada. 

Em 1674 seu chefe Shivaji conseguiu resistir aos mongóis e foi coroado imperador dos hindus. Seu sucessor Sambji invadiu Goa, em 24 de Novembro de 1683 com 20 mil homens, 4 a 5 mil cavaleiros e 10 elefantes e apoderou-se das terras de Bardez e Salcete, dos fortes de Tivim e Chaporá, da povoação de Margão, das Ilhas de S. Estêvão e cercou a fortaleza de Rachol. Esta  ocupação é conhecida como Grande Invasão. O vice-rei, Conde de Alvor, atacou-os na Ilha de S. Estêvão com 400 soldados, recrutados a última hora, os quais face ao poder inimigo entraram em fuga e muitos perderam a vida nas águas lodosas dos canais que cercavam a ilha e o heróico vice-rei ficou apenas 50 homens, com quem se resistiu durante toda a noite, retirando-se de manhã seguinte. Na noite seguinte mandou para a ilha de S. Estêvão a armada que estava preparada para a praça do norte de África, mas os invasores, pensando que era que era um grande exército comandado por Akbar, filho primogénito do grande imperador monghol, retiraram-se no dia 25/11/1683, e deixaram a artilharia e muitas armas que não tiveram tempo de as levarem. No documento oficial o vice-rei, referindo-se ao episódio apenas diz “os maratas fugiram devido a outras forças superiores” e face ao mistério mandou expor o corpo  de S. Francisco Xavier e depois de orações e penitências lhe entregou o seu bastão de general, declarando-se que dali para o futuro o grande apostolo do oriente seria o verdadeiro governador-geral do Estado da Índia.

Neste período, além do declínio religioso, há uma maior contestação do poder português, por parte dos árabes, ingleses e holandeses e uma guerrilha prolongada dos maratas. Em 1739 os portugueses fizeram um acordo de paz com os maratas a fim de cessar ataques a Goa e  largaram Baçaim, capital da Província do Norte, e com ela  todas as praças entre Damão e Bombaim, mas, apesar do acordo, dois grandes exércitos maratas atacaram Goa e as autoridades refugiaram-se em Mormugão e esqueceram-se o venerando corpo de S. Francisco Xavier, fato que consideraram ser a vontade de Deus que ele se conservasse em Goa, terra que na sua vida ele  tanto amara (em 1958, dia 30 de Dezembro, chegou a Goa o Governador-Geral, Vassalo e Silva, que foi recebido com o tradicional colar de flores ao pescoço e numa cerimónia própria foi-lhe entregue o bastão de S. Francisco Xavier). Os maratas assim ficaram com Guzerate, Orissa, Chaul e Baçaim e as Ilhas de Salsete ao longo de Bombaim e em 1740 a frota portuguesa encontrava-se destruída.

Contudo  uma expedição de mais de 2 000 soldados com artilharia chegada  de Lisboa em 1740 derrotou o exército marata em Bardez, dando início a uma campanha de pacificação até a década de 1750, seguidas de outras campanhas de 1779-1795, em que as armas portuguesas, embora sofrendo algumas derrotas, incluindo a prisão e a morte do vice-rei, Conde de Alvor em 1756, anexaram ao território de Goa uma área quatro vezes superior ao seu tamanho, por conquista e negociações, como o acordo com o Rei de Sundem, mas pouco povoado, área que foi designada de “ Novas Conquistas “, em complemento das “Velhas Conquistas”, limite que se manteve até ao séc. 20. Estes novos territórios são Pernem, Quepem, Pondá, Canacona e Cabo de Rama. Os maratas em Goa são designados de Sardessai, Dessai e Rans.
As Novas Conquistas eram habitadas por ranes, uma classe nobre dos maratas,  mas foram acusados de promotores de revoltas contra atos da administração local, como a Revolta dos Maratas, 1895-1896 - uma insubordinação dos soldados maratas, consequente da mobilização de 2 companhias maratas para Moçambique, o que segundo os preconceitos religiosos dos maratas, se atravessassem o mar perderiam a casta. Os amotinados refugiaram-se no Forte de Nanuz e invadiram Mapuça e Sanquelim, dando início a guerrilha e emboscadas, mas uma expedição militar sob comando de infante D. Afonso chegou a Goa em 12/11/1895, e substituiu o governador na altura, com o cargo de vice-rei, 19/3/1896 - 27/5/1896. A sua ação acalmou os revoltosos e estes foram amnistiados.  
Ramji Satraji Ranes Sar Dessai, representante dos ranes de Sanquelim, foi visitado em 1959 pelo governador-geral, Vassalo e Silva, no seu palácio de Cane, em cujo salão nobre admirou a  galeria dos retratos, entre os quais, em  destaque, do rei D. Carlos e da Rainha D. Amélia e do Infante, D. Afonso, que fora hospede do rane de Sanquelim quando na Índia, e apreciou também as variadas espadas de elevadíssimo valor, entre as quais a espada de prata com a coroa portuguesa em ouro que o infante, D. Afonso lhe oferecera em recompensa dos seus serviços ao governo português durante as revoltas. Também ali admirou  o rico palenquim incrustado em ouro e pedras preciosas, oferta do marajá de Gualier - uma filha da casa de rane foi rainha do Estado de Gualier. O palácio tem mais de 500 anos.

sábado, 17 de abril de 2010

G4

É o grupo das nações formado de Alemanha, Brasil, Índia e Japão, com o propósito de apoiar as suas entradas como membros permanentes no Conselho de Segurança das Nações Unidas, o qual, presentemente, é formado de cinco membros permanentes, China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia, com o poder de veto no Conselho de Segurança.
Quase todas as nações desejam uma remodelação das Nações Unidas, mas alguns têm as suas divergências, relativamente aos novos países a serem incluídos como membros permanentes do Conselho de Segurança. A República Popular da China e a Coreia do Sul são contra o Japão. Os EUA e a Itália contra a Alemanha. O Paquistão é contra a Índia. A Argentina e o México, contra o Brasil. Há notícias de que a China e os EUA acordaram bloquear a proposta do G4. O Japão deixou, formalmente, o Grupo dos Quatro (G4) em 2006, por discordar da proposta apresentada por Brasil, Alemanha e Índia para reformar o Conselho de Segurança da ONU, embora que em 2007 tenha reunido ao G4 para discutir a reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Apenas a França e o Reino Unido declararam que apoiam as reivindicações do G4.

BRIC

É o conjunto dos países formado de Brasil, Rússia, Índia e China, ( BRIC ), cujas economias se encontram em crescimento e supõe-se que até ao ano 2050 se venham a sobrepor-se ao conjunto das economias da União Europeia e dos Estados Unidos da América. Estes 4 países representam atualmente mais de um quarto da área terrestre do planeta e mais de 40% da população mundial. Ao mesmo tempo a Rússia, Índia e a China são grandes potências militares, excepto o Brasil. A Rússia e a China são membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Brasil e a Índia fazem parte do grupo das nações do G4 e querem ser membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas. O Brasil e a Rússia tem potencialidades económicas para serem maiores fornecedores de matérias-primas – Brasil, além de ter importantes reservas naturais de água e com fauna e flora ímpares em todo o mundo, como exportador de produtos agropecuários, soja e carne bovina, (com capacidade para alimentar mais de 40% da população mundial), cana-de-açúcar, produto importante na produção de combustíveis renováveis e sustentáveis, como álcool e biodisel, e ainda petróleo, aço e alumínio; a Rússia como grande fornecedor de hidrocarbonetos e de mão-de-obra e de tecnologia, altamente qualificada; a Índia e a China, com grande concentração de mão-de-obra e tecnologia, na produção de serviços e produtos manufaturados.
Estima-se que em 2050 no ranking de desenvolvimento das economias mundiais a China ocupe o 1º lugar, tendo como base seu acelerado crescimento económico sustentado, seguido dos EUA, Índia e o Brasil.
O México também se espera que sofra um grande desenvolvimento e seja a quinta maior economia mundial, seguida da Rússia.
Em 2009 estes países, após sua primeira reunião na Rússia, apelaram para o estabelecimento de uma ordem mundial multipolar.
Se estas previsões vierem a verificar-se, pois nada se pode garantir, sobretudo porque estes países estão vulneráveis a conflitos internos, governos corruptos e revoluções populares, é possível esperar alterar a ideia dum “norte rico e dum sul pobre”.

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quinta-feira, 15 de abril de 2010

clube nuclear

É a designação utilizada ao grupo dos países que possuem armas nucleares e dos que se supõe que tenham as armas nucleares. Ao total são 9 países. Destes 5 possuem armas nucleares: EUA, Rússia, Reino Unido, França e China. Os restantes 4 países não confirmam, nem negam, se têm armas nucleares, mas supõe-se que os mesmos possuem capacidade atómica militar: Israel e Índia, com reservas de plutónio e Paquistão, com reserva de urânio, e a Coreia do Norte. A África do Sul tinha as armas nucleares, mas desmontou seu arsenal nuclear e aderiu ao Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (TNP) de 1968, que tinha como fundamento básico limitar as armas nucleares dos países signatários: EUA, União Soviética-actual Rússia, China, Grâ-Bretanha e França, os quais são também membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Declararam-se também obrigados a não transferir armas nucleares aos países não-nucleares, nem ajuda-los a obtê-las. Este tratado foi ratificado por 187 países, incluindo a Coreia do Norte, que em 2003 se desvinculou. Os signatários não-nucleares concordaram em não desenvolver ou adquirir armas nucleares, podendo no entanto desenvolver a energia nuclear para fins pacíficos, desde que montorizados pelos inspetores da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), sediada em Viena, na Austria. Em 2005 a Agência Internacional de Energia Atómica classificou o Irão como um país possuidor de armas nucleares, embora que este declare que está desenvolver tecnologia nuclear para fins pacíficos, situação que tem provocado tensão no Médio Oriente.

Os países estão preocupados com a possibilidade de as armas nucleares caírem nas mãos dos grupos terroristas, de quem não se sabendo a localização seria difícil localiza-los e contra ataca-los, enquanto no ataque dum Estado contra o outro Estado, aquele sabe que poderá sofrer represálias. Daí que os países-membros do clube nuclear e os outros Estados se encontram preocupados, e, os EUA e a Rússia estão discutir a possibilidade de procederem o seu próprio desarmamento nuclear faseado, como um incentivo a todos os países a aderirem ao Tratado de Não Proliferação das Armas Nucleares, e, assim, conter o surgimento de novas potências nucleares. A Guerra do Iraque foi uma guerra relacionada com a dúvida da existência de armas nucleares no Iraque. Os inspetores da AIEA foram autorizados a fazer um trabalho especial nos países que fazem parte do tratado, incluindo pesquisa em lugares que eles acharem ser de interesse fiscaliza-los. Foi esta condição, um dos motivos da retirada da Coreia do Norte do TNP.

terça-feira, 13 de abril de 2010

países não-alinhados

Inicialmente em 1949 estes países pobres da África e da Ásia eram conhecidos como do Terceiro Mundo. Surge a seguir o conceito “terceiro caminho”, que, posteriormente se afirma como “Movimento dos Não-Alinhados/Países Neutrais”.
É um grupo que pretendia assim mostrar a sua neutralidade, sem se alinharem nem pelos países comunistas, controlados pelo Moscovo, nem pelos países capitalistas, sob orientação dos Estados Unidos de América. Eram na sua maioria países recém-independentes, falando a língua do seu respetivo país colonizador, apesar de querem desligar-se inteiramente dos laços coloniais. Este grupo era formado por 29 países afro-asiáticos, abrangendo mais de metade da população mundial - Estados asiáticos: Afganistão, Arábia Saudita, Birmânia, Cambodja, Laos, Líbano, Ceilão, República Popular da China, Filipinas, Japão, Índia, Paquistão, Turquia, Síria, Israel, República Democráica de Vietnam, Irão, Iraque, Vietnam do Sul, Nepal, Iémen do Norte, e - Estados africanos: Etiópia, Líbia, Libéria e Egito. O objetivo era promoção da cooperação económica e cultural, como forma de oposição ao chamado colonialismo ou neocolonialismo. Em 1955 reuniram-se na Conferência de Bandung,  Indonesia, para debater preocupações comuns e as relações internacionais. Condenaram o colonialismo e reafirmaram os princípios das Nações Unidas:

1. Respeito aos direitos fundamentais consagrados na Carta das Nações Unidas

2. Respeito à integridade territorial e soberania de todas as nações.

3. Reconhecimento da igualdade de todas as raças e nações, grandes e pequenas.

4. Não-intervenção e não-ingerência nos assuntos internos de outro país, auto- determinação dos povos.

5. Respeito pelo direito de cada nação defender-se, individual e coletivamente, de acordo com a Carta das Nações Unidas.

6. Recusa na participação dos preparativos da defesa coletiva destinada a servir aos interesses particulares das superpotências.

7. Abstenção de todo ato ou ameaça de agressão, ou do emprego da força, contra a integridade territorial ou a independência política de outro país.

8. Solução dos conflitos internacionais por meios pacíficos, negociações, conciliações a arbitragens por tribunais internacionais, de acordo com a Carta da ONU.

9. Estímulo aos interesses mútuos de cooperação.

10. Respeito pela justiça e obrigações internacionais.

Declararam que o racismo, imperialismo e o colonialismo, eram crimes contra a humanidade, e pediram responsabilidades aos países imperialistas para reconstruir os estragos por eles feito nos seus países. Mas apesar de não alinhados declararam socialistas. Em oposição ao conceito do conflito, leste-oeste, nesta conferência surgiu o conceito Norte-Sul, mundo dividido entre os países ricos e industrializados e os países pobres exportadores de produtos primários.
Na segunda conferência realizada em Belgrado, capital da Jugoslávia, em 1961, foi usado pela primeira vez o termo “Países Não-Alinhados”. Apesar da sua unidade ideologia, tiveram divergências e mesmo conflitos. A Índia, por exemplo, foi criticada por ter votado a favor da União Soviética na ONU, em 1956, após a invasão da Hungria por tropas soviéticas. Na prática esta neutralidade era aparente porque estes países ora se encostavam ao bloco soviético ora ao bloco capitalista, conforme as conveniências económicas e políticas de cada um, sobretudo por motivos da sua difícil situação económica. Estas tensões favoreciam os interesses dos E.U.A, da União Soviética e da China, como grandes potências. Um dos temas desta 2ª conferência foi a corrida armamentista entre os EUA e a União Soviética. Da América Latina, apenas Cuba participu como membro.
A mais recente conferência do MNA foi realizada em Havana Cuba, em 2006. O Brasil, embora não sendo membro, sempre acompanhou os trabalhos do Movimento na qualidade de observador.
Acabada a guerra fria com a queda da União Soviética, estes países tem agora como objetivo criar uma aliança contra a hegemnia dos EUA no mundo e já são formados de 116 membros.

domingo, 11 de abril de 2010

emigração indiana

4.2.EMIGRAÇÃO INDIANA: 25 milhões de indianos vivem emigrados em 110 países do mundo e destes 5 milhões trabalham no Golfo Pérsico. Classificam-se em, PIO (person of indian origin sem nacionalidade indiana) e NRIs (non resident indians). Devido a sua importância no relacionamento familiar na Índia e vice-versa, o governo indiano permitiu aos PIO também visto de longa duração como aos NRIs e as mesmas oportunidades, excepto direitos políticos. A Constituição da Índia não permitia ter dupla nacionalidade, por isso o Governo indiano introduziu em 2005 uma Nova Categoria de Cidadania, chamada “OVERSEAS CITIZENSHIP OF INDIA” (OCI) - Secção 7ª of The Indian Citizenship Act, 1955, nos termos do qual um cidadão estrangeiro, PIO, seus filhos e netos, mas que era cidadão indiano em 1950 ou depois ou que tinha condições para obter cidadania indiana, ou que era natural dos territórios que tornaram parte da Índia depois de 1947, como Goa, Damão e Diu, são elegíveis para aquisição da cidadania indiana através do registo como “OCI”. As crianças menores dessa pessoa são também elegíveis para o efeito, porém se essa pessoa for cidadão paquistanês ou de Bangaladesh ou se foi, não é elegível. O cidadão “OCI” tem todos os direitos na India, exceptos políticos, não pode ser votante e como tal não pode deter nenhum cargo político e governamental, mas pode trabalhar no sector privado sem o visto de trabalho.
Apesar do crescimento do PIB depois da liberalização na década de 1990, 2/3 dos indianos continuam a trabalhar no campo e na agricultura; 15,5% dos indianos não vive mais de 40 anos; um em cada 3 não sabe ler; 47% das crianças sofrem de desnutrição; 41, 6% vivem com menos de 1,25 dólares/dia. In Agência EFE, 17/10/2009, Nova Delhi.

guerras e guerrilha

4.1. GUERRAS PÓS INDEPENDÊNCIA, POLÍTICA E VIDA SOCIAL: A Índia vivia sem guerras até 1961, quando conquistou o Estado da India Portuguesa pela força das armas. Seguindo o exemplo indiano, surgiu o conflito fronteiriço sino-indiano, tendo como causa inicial uma região litigiosa nos Himalaias, conhecida como Tibete do Sul, em Arunachal Pradesh indiano. Uma força indiana ao avançar sobre posições chinesas ao norte da Linha McMahon, após um combate em Tagla, no dia 10 de Outubro de 1962 foi atacada pelo forças chinesas e o conflito alastrou-se a região de Aksai-Chin, uma ligação estratégica para a China. Esta guerra sino-indiana só terminou quando os chineses conquistaram ambas as áreas em litígio e declararam cessar-fogo unilateral, em 20 de Novembro de 1962.
A Guerra indo-paquistanesa, relativamente à Caxemira, deu origem em 1965 a um novo conflito armado entre a Índia e o Paquistão, tendo como origem a "Operação Gibraltar" lançada pelo Paquistão, fazendo infliltar na província de Jammu e Caxemira soldados vestidos a civil para liderar uma revolta e realizar atos de sabotagem, mas as autoridades indianas fecharam a fronteira antes do ataque, obrigando ao Paquistão lançar um contra-ataque em 1 de setembro (Operação Grand Slam) para assumir o controle da cidade de Akhnoor. As cinco semanas de guerra causaram milhares de vítimas em ambos os lados, cerca de 3.000 mortes na Índia e 4000 no Paquistão.Esta guerra só terminou com a intervenção do Conselho de Segurança da ONU que aprovou uma resolução exigindo o fim das hostilidades e sob a égide da URSS, os dois países assinaram um acordo prevendo a retirada das tropas para um retorno as fronteiras anteriores, que ocorreu eficazmente mais tarde em fevereiro de 1966.
Em consequência da Guerra da Independência de Bangladesh, surgiu a Guerra indo-paquistanesa, entre 3 de dezembro de 1971 e 16 de dezembro, e, terminou com a rendição do exército paquistanês. A Guerra de Independência do Bangladesh surgiu com a vitória da Liga Awani, nas eleições paquistanesas de 1970, após a detenção dos seus colaboradores em 25 de Março de 1971 e ilegalição da liga, obrigando muitos dos seus membros refugiarem-se na Índia. E em 27 de Março, um conjunto de militares rebeldes, pertencentes às forças armadas bangladeshis, declararam a independência do Bangladesh face ao Paquistão e foi criado um grupo de guerrilhas, para lutar, juntamente com as forças armadas bangladeshis, a minoria paquistanesa do poder. A Primeira Ministra indiana proporcionou treino militar à guerrilha, que, após operações contra o exército paquistanês, conseguiu controlar vastas regiões, e, as forças indianas concentraram-se em territórios que faziam fronteira com o Paquistão, e as forças paquistanesas na fronteira com a Índia, dando origem a 3ª Guerra indo-paquistanesa. A Índia conseguiu, através de sucessivos avanços e recuos, absorver uma boa parte dos territórios pertencentes a Kasmira paquistanesa, e, a 16 de Dezembro, as forças paquistanesas renderam-se e o Bangladesh viu finalmente reconhecida a sua independência. No dia seguinte, Indira Ghandi apelou a um cessar-fogo unilateral, igualmente cumprido pelo Paquistão. Em 1999 deu-se a 4ª Guerra Indo-Paquistanesa, depois da declaração de Lahore, em que ambas as partes apontavam para um fortalecimento do diálogo bilateral e de esforços no sentido de resolver as respectivas divergências, incluindo a questão de Caxemira, e de não intervir nos assuntos internos de cada uma das partes, reduzindo assim o risco de uma guerra nuclear. No entanto, após a assinatura da declaração, grupos separatistas caxemirenses e guerrilheiros islamitas, invadiram o distrito de Kargil, uma zona montanhosa e de difícil acesso situada na Kasmir indiana, donde executaram operações contra o domínio indiano na região, tentando derrubá-lo. A resposta da Índia foi imediata: as forças armadas (compostas por cerca de duzentos mil homens) e força áerea indianas envolveram-se numa operação, que recebeu o nome de Operação Vijay, com o objectivo de “empurrar” os inimigos para os confins da Linha de Controlo, impedindo-os de se aproximarem, uma vez mais, da Caxemira indiana. o Paquistão chegou mesmo a pensar que a única hipótese em se impor à Índia seria a de lançar um ataque nuclear. Isto acabou por não acontecer devido às duras objecções por parte dos Estados Unidos, que ameaçaram deixar de exercer todo o tipo de apoio ao Paquistão caso este não cedesse e as tropas paquistanesas de Kargil, apesar das contestações por parte de alguns militares e extremistas islâmicos retiraram-se. Tirando o partido da retirada paquistanesa, as forças indianas lançaram um ataque final na última semana de Julho, “expulsando” todos os grupos jihadistas presentes no território. A guerra terminou oficialmente em 26 de Julho, assinalando-se assim o Kargil Victory Day em plena Índia, a qual passou a assumir total controlo sobre Kargil e arredores, anteriormente ocupados pelos paquistaneses. Apesar destas guerras, a questão de Caxemira, continua sem solução e com a disputa aberta e em permamente beligerância. Os grupos armados continuam em ação para lutar pela libertação de Caxemira e a ala pacifista defende que os habitantes de Caxemira deviam decidir e liderar sua própria libertação, mas o governo indiano recusa todo o tipo de discussão nesse sentido.
Mas, além do problema de Caxemira, a Índia tem problemas de terrorismo, causado pelas reivindicações dos movimentos: o naxalismo e o maoismo. O naxalismo surgiu na aldeia de Naxalbari, no norte de Bangala, local onde ocorreram os primeiros incidentes. Este movimento extende-se aos Estados de Bihar, vizinho do Nepal, e em Andra Pradesh. O Maoismo, com origem no Partido Comunista Maoista, está ligado as organizações partidarias da índia, Bangladesh e do Sri Lanka, formando uma organização maoista do sul da Ásia.O partido comunista indiano, maoistas, movimento armado clandestino sem representação política tem presença em 13 dos 28 estados da índia. Os guerrilheiros maoístas, sempre que há um ataque as suas posições feito pelas forças indianas, contra atacam as forças indianas, e encontram-se implantadas no meio do povo e sempre que fazem operações de guerrilha pedem desculpas ao povo por danos provocados e dão as suas justificações. Esta violência causou mais vítimas do que o conflito em Caxemira. Estão ativos na chamada "cintura vermelha", território situado no centro e leste da Índia, onde possuem campos de treino e querem aí implantar uma revolução agrária comunista. Por outro lado a China contesta a Linha Mac-Mahon assinada em 1914 entre o império britânico e o Tibete, reivindicando o Estado indiano de Arunachal Pradesh, no extremo oriental dos Himalaias. O Nepal comprometeu-se com a China em prevenir quaisquer situações anti-chinesas do seu lado. Por sua vez a China promete fornecer ajuda ao Nepal para expandir os postos de controle policial em regiões isoladas da sua fronteira norte. Este acordo também está relacionado com o Tibete, donde, através dos Himalais e Nepal, os tibetanos saem para contactar o Dalai Lama, exilado na Índia. Por outro, tanto a Índia como a China tem seus interesses no Nepal. A Índia também está preocupada com a influência chinesa no Sri Lanka, Paquistão e Maldivas. Uma presença chinesa no Nepal seria inquietante para a Índia, visto que a China e a Índia partilham aí uma fronteira longa e difícil de controlar. Os tibetanos sempre que se sentem em apuros com as autoridades chinesas refugiam-se para lá da fronteira, no Nepal. A Índia também tem uma grande influência no Nepal. A moeda nepalesa está indexada à rupia indiana e os cidadãos dos dois países podem atravessar a fronteira livremente. E muitos nepaleses trabalham na Índia. Mas a China tem uma maior influência comercial e turistica com o Nepal e as linhas aéreas chinesas tem rotas para o Nepal, ligando Pequim, Tibete e Nepal.
Além destes problemas do naxalismo, maoismo, rivalidades indo-chinesas e indo-paquistanesas, existe na ìndia um movimento da direita chamado hindutava, que defende uma só língua, religião e povo, para formarem um reino hindu Rashtra, com ramos em diversas partes do mundo, incluindo o mundo ocidental. A sua acção tem sido ataques aos muçulmanos e aos cristãos, sobretudo em Orissa As áreas de predominância cristã estão a ser dominadas pelas forças hindutva, incluindo Goa, devido a migração dos hindus nessas áreas, com preferência nos empregos públicos e privados, obrigando os governos a impôr cotas de emprego aos cristão e aos muçulmanos. 2,3% da população da índia são cristãos e vivem em Orissa, Kerala e sobretudo em Goa. A escritora Arundhati Roy, actriz, instrutora de aeróbica e arquitecta, natural de Kerala, escreveu o romance “O Deus das Pequenas Coisas” que teve premio internacional, cristã, defende a independência de Caxemira, e diz que “A democracia é a prostituta do mundo livre, disposta a produzir-se e depois despir-se , disposta a satisfazer uma enorme variedade de gostos e disponível para ser usada e abusada à vontade”. Foi convidada para mediar o conflito entre rebeldes maoistas e o governo indiano.



independência

4. INDEPENDÊNCIA: Em 1947 a Índia desmembrou-se em Índia e em Paquistão Ocidental e Paquistão Oriental, causando a morte de mais de 600 000 pessoas e milhares de hindus foram perseguidos no Paquistão e muçulmanos na Índia. Os principados indianos, incluindo o de Caxemira, maioritariamente muçulmanos, mas governado por um marajá hindu, que decidiu declarar a independência, contra a vontade do Paquistão, para repelir o movimento de integração no Paquistão. A Guerra indo-paquistanesa de 1947 ou Primeira Guerra indo-paquistanesa, às vezes conhecida como a Primeira Guerra da Caxemira, foi um conflito ocorrido entre a Índia e o Paquistão pela a região da Caxemira entre 1947-1948. Este conflito durou mais do que um ano e quando do cessar-fogo a Índia ficou com 2/3 de Caxemira, em 1948. A 2ª Guerra Indo-Paquistanesa de 1956 foi causada por uma rebelião em Caxemira contra o governo indiano e em retaliação a Índia atacou o território sob controlo paquistanês. A Caxemira é um território dividido entre China, Paquistão e Índia. Em 1950 declarou a Índia como uma República e membro da Comunidade Britânica.
4.1. OCUPAÇÃO DO ESTADO PORTUGUÊS DE INDIA: Em 1954 anexou por força as possessões portuguesas da Dadrá e Nagar-Aveli. Portugal recorreu ao Tribunal Internacional de Haia, que em 1961 reconheceu ali os direitos territoriais de Portugal. Mas apesar dessa resolução a Índia também anexou por força o Estado Português da Índia em 19/12/1961, com uma operação militar, utilizando mais de 50 000 efetivos, por terra, mar e ar. Portugal reatou as relações diplomáticas com a Índia em 1974, após a revolução portuguesa de 25 de Abril de 1974 e reconheceu a soberania indiana em Goa, Damão, Dadrá e Nagar-Aveli, e Diu, mas preservando a defesa da cultura indo-portuguesa nesses territórios.





india inglesa

3. INDIA INGLESA: Os ingleses insatisfeitos com a sua dependência do mercado de Lisboa para obtenção das especiarias do oriente, atacavam os navios dos impérios ibéricos no Oceano Atlântico, na Europa. Em 1612 o capitão Thomas Best competiu com os portugueses na costa de Surate na Índia e o capitão Nicholas Downton dominou uma frota portuguesa em 1615 e aliou-se ao rei mongol e frequentou a sua corte em Delhi. Ajudaram também os persas a expulsar os portugueses de Ormuz em 1622. Mais tarde, em rivalidade com os holandeses, substituíram as rotas de comércio de especiarias, por rotas do comércio dos têxteis. A Companhia Inglesa das Índias Orientais estabeleceu-se em Madrassa em 1640, depois em Surate, Bombaim e Calcata, locais que se tornaram importantes centros comerciais e populacionais.Com a ajuda dos ingleses, entre 1736-1717, o xá Nadir, turco, capturou e saqueou Delhi, enquanto os árabes de Mascate, ajudados pelos ingleses com o fornecimento de armas e munições, atacaram o comércio português, desde Mombaça, na África Oriental, até Índia. Por este processo, enfraquecendo os portugueses, os ingleses substituiram os portugueses e dedicaram-se ao lucrativo comércio de seda, algodão e têxteis, e, fortaleceram a sua posição no Golfo Pérsico, e, apoderaram-se do comércio português de tabaco, fornecido do Brasil, via Lisboa, para Londres, que os ingleses depois vendiam em Bombaim. Dominaram Bengala e a costa entre Mamelipatão e Orissa, e estabeleceram-se como comerciantes, fundaram escritórios, armazéns fortificados e armados. Derrotaram o exército mongol, cobrando-lhes os impostos e indemnizações no caso de recusa. A Companhia Inglesa das Índias Orientais dirigiu a defesa e o comércio do Índico e os seus capitães, comandantes, oficiais, soldados, regressavam à Inglaterra enriquecidos, sem qualquer fiscalização e controlo do Parlamento inglês. Em 1798 Lord Mormington, depois Marques de Wellesley, é nomeado Governador-Geral da Companhia e em 1800 conseguiram total controlo da Índia e os reinos de Marajás tornaram-se seus tributários, e em 1947 entregaram a India ao partido Congresso Nacional da India. Antes de 1800 os ingleses na Índia tornavam-se parte do sistema indiano, mas depois, com a revolução mecânica e facilidades de comunicações marítimas, os funcionários ingleses e as suas famílias gozavam as férias em Inglaterra e deixaram-se de ser indianizados e interferiram nos costumes indianos, reforçando a sua posição com o surgimento do telégrafo e o caminho-de-ferro e com a instalação das missões cristãs os moços das cidades europeízaram-se, causando alarme dos muçulmanos e brâmanes. Além dos três territórios: Bombaim, Calcutá e Madras, dos finais do século XVIII, a Inglaterra incorpora Mysore em 1806 e a Confederação Marata entre 1817 – 1818, bem como Sind e Beluchistão, e ainda Pundjab, acabando as guerras dos sicks e a tentativa de Ranjit Singh formar aí um Estado, com a ajuda dos assalariados ocidentais, e tornou-se senhora da Índia, exceptuando os territórios portugueses e franceses. Este império inglês tinha também estados dependentes: Baluquistão, Birmânia e Aden.
3.1. COLONIZAÇÃO: A língua inglesa substituiu a língua persa e na justiça aplicou-se a lei colonial inglesa, codificada em meados do século XIX. O ensino passou a ser ministrado em inglês com o apoio dos “ocidentalistas” em oposição aos “orientalistas”, partidários da educação tradicional indiana, e investiram contra os costumes, como, o sutti, suicídio das viúvas nas fogueiras na pira do marido, e flagelos, como, os thugs, sociedades secretas que praticavam o assassinato ritualista. A Inglaterra desenvolveu o landlordismo, quebrando a unidade da aldeia indiana, em que os príncipes indianos: zamindar, senhores feudais e negociantes usuários compraram terras e fixaram rendas aos seus camponeses,
3.1.1. ECONOMIA E OBRAS PÚBLICAS: O acto colonial favoreceu a indústria britânica, nos termos do qual eram exportados os produtos brutos para Inglaterra, como matéria prima para a industria inglesa, que, depois exportavam os seus produtos para a Índia, e, o mercado indiano foi invadido com os tecidos produzidos em Manchester, causando desemprego na Índia. As grandes cidades manufatureiras do interior: Daca, Patna, Nagpur e Amedabhad, despovoaram-se. As indústrias de tapetes e do artesanato do Decão e da planície indogangética faliram-se. As culturas alimentares também sofreram queda e deu-se a ruína dos salineiros, destiladores de álcool nas vilas, pescadores e criadores de porcos, criando desemprego e insegurança, em proveito das zonas de produção de algodão-bruto. Em contrapartida desenvolveram os portos de Calcutá e Bombaim, mas atrofiaram ao mesmo tempo os anteriores portos que exportavam o comércio para a Birmânia, Pérsia e Bengala. Esta alteração do tecido economico indiano, causou as epidemias de fome entre 1860 e 1877. Mas, a partir de 1853 construiram o maior sistema ferroviário da Ásia. Também construiram canais no Pundjab e no Sind para aumentar a produção agrícola e matar a fome. Além das obras públicas, criaram várias fábricas ligadas à indústria ligeira e desenvolveram o comércio de diversos produtos locais e de algodão, e, graças ao capital inglês, uma burguesia moderna indiana fundou fábricas, fiacções e tecelagens em Bombaim e em Ahmehdabad, como Tata e Birla, oriundos dos parses, mercadores prósperos de Bombaim, e também criaram fábricas de aço, mas a maior parte do capitalismo indiano, não tendo meios, orientava-se para a indústria leve, com poucos investimentos e lucros rápidos. Em 1920 é criado o Imperial Bank of Índia e em 1934 o Reserve Bank of Índia
3.2. REVOLTAS: Aos soldados da Companhia Inglesa da Índias Orientais, foi distribuída uma nova espingarda municiada com os cartuchos engordurados com o sebo da vaca e a banha do porco, enquanto a vaca é saragda ao hindú e o porco é impuro ao muçulmano. Estes preconceitos religiosos, agravados com o problema de fome, foram aproveitados pela arsistocracia indiana privada dos seus principados, anexados pela Companhia da Índias, para causar o Motim dos Cipaios, em 1857, em Bengala, e surgiram levantamentos para restaurar o império de Grão-Mongol em Merute e Delhi. A Inglaterra para governar melhor anexou o império indiano à Coroa Inglesa e o cargo de governador-geral foi substituido pelo de vice-rei e a Companhia das Indias Orientais pela Secretaria do Estado da Índia.

A classe média indiana, como, professores das universidades, advogados, jornalistas, empregados subalternos das firmas britânicas e do Indian Civil Service, apesar da diferença do seu estatuto e dos seus homológos ingleses na Índia, preocupou-se em desenvolver cooperação com o poder inglês, são os “ocidentalistas”, em que o Rajá Rammohun Roy, brâmane, da administração inglesa de Bengala, fundador do primeiro jornal em bengali e partidário da educação inglesa, empenhou-se em reformar a sociedade e abolir o sutti, morte das viúvas nas fogueiras da pira dos maridos falecidos e empenhou-se em obter mais liberdades políticas. O Congresso Nacional Indiano, formado por membros de formação universitária, exigiu uma maior participação no governo, pedido que parcialmente foi satisfeito, apesar disso alguns elementos do Congresso, insatisfeitos, fizeram cindir o Congresso em Moderados, defensores de luta via constitucional e política, e em Extremistas, via instigação para sublevação das massas. E em 1905 – 1907 Tilak lançou o boicote. Em 1909 para responder a explosão nacionalista de 1905 – 1908 é concedido o direito de eleição aos indianos nos Conselhos Legislativos das províncias e no de vice-rei e em 1919 dão-se novas reformas de autonomia interna. Com a eclosão da Primeira Guerra Mundial em 1914-1918 mais de 500 000 indianos serviram o exército indiano e em 1919 obtiveram uma maior representação parlamentar, nisto Mahatma Gandhi, 1869 – 1948, tomou a direcção do Congresso e incitou os adeptos a greves e satyagraha e participou na revolta dos camponeses de Bihar, causando violência no Pundjab e em Amritsar, onde em Abril de 1919 as tropas britânicas abrem fogo matando mais de 300 pessoas e mais de 1000 feridos.
Este movimento gandiano influenciado pela revolução soviética, lançou o movimento de não-cooperação para obter swaraj, a independência, e em 1920 foi fundado o All Índia Trade Union Congress, formando sindicatos em Bombaim e Calcutá, o que levou a instauração do grande processo de Meerut, 1929 – 1930, contra os 31 dirigentes operários. Depois com a crise económica mundial de 1930-1933 foi lançada de novo a campanha de desobediência social, com greves nas salas de aulas, boicote das mercadorias inglesas e manifestações da rua, pondo em causa o british raj, causando as prisões dos dirigentes políticos indianos. Nestas altura surgem as “Conferências da Mesa Redonda” realizadas em Londres com a participação de Mahatma Gandhi e outras personalidades indianas, que aceitam a eventualidade de um estatuto de domínio, conservando a Grã-Bretanha o controlo da polícia, finanças, relações exteriores. Entre 1920 e 1930 Jawaharlal Nehru e Subhas Chandra Boss proclamaram-se socialistas, quando o partido comunista indiano fundado em 1921 se encontrava fraco, enquanto Mahatma Gandhi decidia não enfrentar as classes dominantes, preferindo a não-violência ( ahimisa), a não-cooperação (satyagraha) durante a sublevação dos aldeões da indústria de tecelagem, e em 1922 suspendeu o movimento de não-cooperação quando os camponeses se sublevaram contra seus proprietários rurais e atacaram a polícia e os obrigou a pagar a renda aos zamindar. Na Birmânia, ligada ao império da Índia, dão-se tumultos, contra empregados e agiotas indianos aí estabelecidos, criando grave crise política e social de 1930-1931 e provocando a separação da Birmânia do Império da Índia, com autonomia interna e ministro birmanês responsável por todos os negócios internos. Nas eleições de 1937 o Congresso sai vitorioso, cuja unidade nacional manteve-se apesar do sistema de castas e diversidade cultural e linguística: bengalis, tâmiles, maratas, pendjabis (as revoltas linguísticas que explodiram diversas vezes depois da independência, quando da demarcação das novas províncias, revelam a sua importância). A questão muçulmano tem a ver com o nacionalismo indiano baseado no hinduísmo, contra um quarto da população muçulmana, pressão que contribuiu para criar em 1906 a Liga Muçulmana. A política dual britânica dividiu Bengala em 1905 em zonas muçulmanas e decidiu em 1909 por um sistema eleitoral de representação separada para os muçulmanos, no entanto em 1916 os chefes da liga muçulmana assinaram um pacto de unidade com o Congresso. Mas em 1937 o Congresso ganhou as eleições em seis províncias, e a Liga Muçulmana saiu derrotada, não conseguindo eleger nenhum representante. Face a estes resultados a Liga Muçulmana em 1940 pediu oficialmente a constituição de um Paquistão independente. Os nacionalistas só queriam participar na 2ª Grande Guerra com a independência obtida. Eram contra o acordo de 1939 entre Governo Inglês e representantes indianos, em que concoradavam financiar também com o orçamento indiano o esforço da guerra, e, em 1941 quando foi proposto o estatuto de domínio, o Congresso votou contra e lançou o movimento "Quit Índia", que foi severamente castigado e as autoridades aprisionaram mais de 60 000 pessoas. Em 1942 a campanha da indisciplina civil degenerou numa revolta armada e a prisão dos principais líderes do Congresso.









estado da india portuguesa

2. ESTADO DA ÍNDIA PORTUGUESA: Quando os navegadores portugueses chegaram à Índia nos finais do século XV, os mercadores muçulmanos dominavam as rotas de tráfico das especiarias e dos têxteis, desde Mombaça, Golfo Pérsico e Mar Vermelho, ao Extremo Oriente, China, Indonésia e Molucas. Tecidos de algodão de Guzerate, especiarias e madeira da Indonésia, rubis de Pegú, canela e sal gema do Ceilão, eram trocados por produtos de ouro, marfim de África, ducados de Veneza, serafins de Egipto, contribuindo para circulação dos produtos e homens, entre o Mediterâneo e o mar da China. Os seus representantes encontravam-se em Bengala, Coromandel e Malaca., e enviavam como dever religioso o produto das suas esmolas à Meca de 7 em 7 anos. Os que pertenciam ao domínio dos rajás hindus em Vijayanagar, Querela, Ceilão, respeitavam a respectiva ordem social, como, não comer a carne da vaca, e conduziam-se como seus súbditos fiéis, pagando os impostos e participando na defesa. Mais tarde estas comunidades islâmicas perdem o domínio do Índico à favor dos árabes de Mascate e dos navegadores europeus, mas os portugueses conseguiram estabelecer feitorias com fortalezas, além do Médio- Oriente, no século XVI, em vários pontos da costa ocidental da Índia, como Diu, Damão, Açarim, Bombaim, Chaul, Goa, Onor, Braçalor, Mangalor, Cananor, Chale, Calicute, Cranganor, Ponane, Cochim e Coulão,  e algumas na costa oriental, como, S. Tomé de Meliapor e Negapatão,  e continuaram as suas descobertas até ao Extremo-Oriente, chegando a Macau e Timor e outros locais, até à Austrália, entre 1487 e 1515. Período em que fizeram o trabalho de missionação cristã desses locais, além da guerra, usando as alianças com reinos, sobretudo hindus, contra muçulmanos. Foi assim que Afonso de Albuquerque conquistou Goa ao reino muçulmano de Bijapur, e, ali estabeleceu a capital do Estado da Índia, cujo território ia desde as costas de Moçambique, na África Oriental até ao Extremo-Oriente, Timor. Com a entrada dos holandeses, ingleses e franceses no oceano índico e com a derrota do Rei D. Sebastião de Portugal na Batalha de Alcácer-Quibir no norte de África, contra os muçulmanos, em 1580, o exército português ficou enfraquecido. Por outro lado, D. Sebastião não tendo sucessores, Portugal foi ocupado pela Espanha. Estes acontecimentos enfraqueceram as posições portuguesas nas outras partes dos seus territórios ultramarinos. Neste contexto os portugueses assinaram com os ingleses em 1635, o “Acordo de Goa”, cessando as hostilidades mútuas e iniciando ajuda mútua, permitindo aos portugueses o frete dos navios ingleses para fornecimento das provisões às suas guarnições de Malaca e para transportar cobre e artilharia de Macau a Goa, através do Estreito de Singapura, onde os holandeses atacavam os barcos portugueses e em 1661 assinaram um tratado com uma cláusula secreta, pela qual a Inglaterra procuraria a cessação das hostilidades entre os portugueses e os holandeses ou a combater os holandeses se estes recusassem a proposta, e, em troca, Portugal concedeu aos comerciantes ingleses privilégios idênticos aos dos súbditos portugueses no comércio, em Goa, Cochim e Diu e cedeu, apesar do desagrado das autoridades portuguesas de Goa, à Coroa Inglesa, a região do porto de Bombaim, como dote de casamento da sua princesa, D. Catarina, com o príncipe D. Carlos II, de Inglaterra. A Companhia Inglesa das Índias Orientais ali estabeleceu um centro comercial, atraindo os homens de negócio, nativos, entre os quais comerciantes e artesãos, naturais de Goa, também ali se refugiaram da inquisição e dos pesados impostos das autoridades portugesas.


siquismo

1.1.9. SIQUISMO: Com a decadência deste império persa, o hinduísmo renova-se no sul, mas em Pundjab surge uma nova religião “Sick”, ensinada pelo seu fundador Nanak em 1469 – 1530, cujo lema era “Não há hindu, não há muçulmano”com influência mista do islamismo, hinduísmo e budismo e o islamismo predominou em Jaipur, Lackno e Bengala.

império Akbar

1.1.8. IMPÉRIO DE AKBAR: Dinastia Mogul. Em 1505 Baber de Cabul, chefe turco, ocupou Pundjab e derrotou o sultão de Delhi em 1525 e expandiu-se até a Bengala. Seu império abrangia Kabul, Kandahar, Pundjab e Delhi. Seu neto "Akbar, O Grande" imperador moghul, entre  1556-1605, o estendeu para o oeste até ao Afegasnistao e para o sul ate ao rio Godaveri. Era rei muçulmano casado com uma hindu de Rajastão, dedicado a ciência e a arte. Traduziu para a língua persa as obras em sânscrito e fundou escolas. Deu aos príncipes e às classes dominantes educação própria, baseada na reflexão, tolerância racial e religiosa. Influenciou a arte, a pintura e a cultura. As paredes dos seus palácios foram adornadas com os murais. Construiu muitas obras de arquitectura, como, o Forte Vermelho, a cidade de Faterpur Sikri e a Porta de Vitória, na área de Agra.  Inventou a 1ª casa pré-fabricada. À fé muçulmana associou o zoroastrismo persa. O primeiro contato do imperador Akbar com o Cristianismo deu-se através das atividades de dois jesuitas portugueses, um de nome Cabral e outro de Pereira. Em 1579, Akbar mandou que viessem "sacerdotes da ordem de São Paulo" de Goa.  Em 1580, correspondendo a esse convite, três jesuítas, Jerônimo Xavier, Manoel Pinheiro e Rodolfo Aquaviva, (mais tarde cabeça de missão em Salcete e mártir de Cuncolim, beatificado em 1893), professor da filosofia em Goa, se dirigiram a Akbar. Permaneceram no centro de poder do império Mogul até 1583. Em 1591 e em 1595, outros jesuítas o visitaram, e este deu permissão a seus súditos que aceitassem a nova religião. Supõe-se que estes religiosos teriam explicado ao Akbar as doutrinas cristãs com base em escritos do apóstolo S. Paulo e explicado as alegorias-chaves que dizem respeito tanto ao Cristianismo como ao Islão (Ismael e Isaaque como filhos de Abrahão). Akbar chegou a oferecer meios financeiros aos missionários cristãos, dava sinais de respeito para com imagens e a bíblia, permitiu que se construissem igrejas e que se fizessem pregações.  Parece que chegou a louvar o Cristianismo como a mais perfeita das religiões. Apesar de sua formação islâmica, que não permitia a representação figurativa e a veneração de imagens, respeitava imagens de Maria e da vida de Cristo. Promoveu debates religiosos entre o islão, budismo, hinduismo, jainismo, zoroastrismo e o cristianismo, jesuitas portugueses. Em 1582, Akbar procurou caminhos para uma harmonização das diferentes religiões, concentrando-as pelo que tudo indica no denominador comum da fé em Deus. Seu governo constituiu uma época de paz. E a pintura moghol simboliza essa era de paz, atarvés da convivência entre os leões e os cordeiros. Entretanto, Akbar não se converteu oficialmente ao Cristianismo, continuando a manter os contatos e as trocas de opiniões com místicos do Hinduismo e com eruditos do islamismo.
A aproximação das religiões no contexto do mundo indo-islâmico do Norte da Índia enfraqueceu-se no período do govêrno do seu filho. Mesmo assim, ainda em 1610, três príncipes obtiveram o batismo em cerimônia solene, dirigindo-se à igreja em cortejo repleto de insígnas de dignidade, montados em elefantes e ao som de trompetes. É o período  de conflitos entre as religiões.
O Xá Jeon, no período de 1627 – 1658 construiu a mesquita Tajmahal, com a colaboração dos arquitectos e operários italianos, para abrigar o túmulo da sua mulher. O Taj Mahal é a expressão mais espeplendida do período Moghul.
Aurangzeb, 1658-1707, foi o ultimo grande Moghul. Apos a sua morte muitos seus vassalos estabeleceram-se como soberanos. Os maratas, siks, e os ingleses foram ameaças do império Moghul. Este império sobreviveu ate 1857, quando foi oficialmente abolido pelos ingleses,.
Os muçulmanos sempre toleraram os povos monoteistas, judeus e cristão, porque ensinavam que todas as pessoas eram iguais perante o Deus. Por isso, chocaram com a doutrian das castas da religião hindu, causando antagonia entre hindus e os muçulmanos.








ciganos

1.1.7. CIGANOS: No século XIV, com a queda do império mongol, os ciganos naturais do norte da Índia de origem bactrina, migraram para a Grécia e os seus chefes se designavam como “Condes da Ásia Menor”. Difundiram-se pela Europa. A sua língua tem muitas palavras do norte da Índia. São nómadas, deslocando-se em bandos ou quadrilhas, a quem se juntam muitas vezes os foragidos da lei. Dedicam-se em  atividades irregulares ou proibidas ( roubo, engano, feitiçaria, etc. ) e na venda de comércio ambulante de produtos contrafeitos. Chegaram a Portugal no século XV.  Devido ao seu modo de vida foram desde logo mal vistos e  D. João III, em 1526, proibiu a sua entrada em Portugal e ordenou a expulsão dos que aqui viviam. Desde então as leis contra os ciganos foram cada vez mais severas, mas sempre inúteis. Em finais do século XVII muitos foram mandados para Angola. A última proibição de entrada foi de D. João V em 1718. No reinado de D. Maria I chegou a ser recomendado que as crianças fossem retiradas aos pais para possibilitar a sua integração social. Mas a partir do século XIX o Estado deixou de os perseguir e considerou-os cidadãos portugueses.
Vivem em grupos formados por diversas famílias, com profundo sentido de união e solidariedade, sob direcção de um chefe vitalicio, que é ao mesmo tempo o presidente de uma espécie de tribunal "krisromani" regulado com as suas próprias leis para resolver problemas e aplicar as penas.
Casam-se cedo. As meninas são prometidas desde pequenas entre famílias geralmente do mesmo grupo ou subgrupo. Uma cigana não pode casar-se com um homem não cigano, sob pena de expulsão, mas um cigano pode casar-se com uma não cigana desde que esta se submeta as regras e tradições ciganas.
A medida que o país se foi industrializando e atraindo as populações do campo para a cidade nos meados do século XX, os ciganos fixaram-se nas periferias das cidades, onde continuaram-se na sua atividade  da  venda ambulante de produtos contrafeitos. As suas tendas foram substituidas por bairros de barracas e as carroças puxadas por mulas  por carrinhas, com as quais, percorrem as feiras, enquanto outros continuam a dedicar-se à produção de cestos e recolha de sucata, e, à criação e venda de cavalos.

Apesar de tudo, os ciganos continuaram a resistir ao processo de integração. As crianças, sobretudo as raparigas, continuaram a não frequentar as escolas.
Nos anos oitenta do século XX, um grande  número de ciganos envolveu-se no comércio de droga e muitas famílias ciganas e não ciganas foram destruidas. O governo, pressionado pela antipatia popular e manifestações de racismo contra os ciganos, em 1991 lançou um programa de apoio para sua integração social e foram muitos realojados em bairros sociais especialmente construidos para eles por todo o país, mas tornaram-se locais de grande violência e os imóveis sofreram degradação e vandalização dos equipamentos coletivos. Por outro deixam de pagar as rendas, apesar de serem símbolicas, a água, electricidade, etc. Os ciganos pobres, além do rendimento mínimo garantido ao cidadão, recebem apoio da Igreja Católica. A maioria deles não declara os seus rendimentos e não pagam os impostos. Uns 4 000 ciganos continuam a ser nómadas, sem residência fixa (Dados de 2008). Uma das condições para receberem o rendimento mínimo garantido é o envio das suas crianças à Escola. A taxa de analfabetismo cigana ronda à volta de 80% (Dados 2008). A percentagem de presos ciganos é muito elevada na população prisional portuguesa.
 Actualmente os seus bairros de realojamento tornaram-se bases de tráfico de armas e droga, crime organizado, situação que afastou os restantes moradores não-ciganos, tornando-se os locais verdadeiros guetos urbanos. Assaltos a pessoas, bancos, residências, igrejas, raptos de pessoas, sobretudo deficientes, para trabalho escravo nas plantações agrícolas em Espanha, etc. são muitas das vezes efetuados pelos elementos ciganos.
Existem em Portugal cerca de 30 a 50 mil ciganos, sobretudo concentrados no litoral e nas zonas fronteiriças (Lisboa, distritos de Viana do Castelo, Castelo Branco, Coimbra e Évora). Os problemas de integração são dificultados pela insistência em manter as ideias, tradições e modos de vida próprios e desfasados do tempo. O que é ainda agravado com a tendência de criar em toda a Europa uma consciência transnacional dos ciganos, com a aprovação do dia 8 de Abril, como dia internacional do cigano, e do hino e da bandeira. Embora sejam medidas para a dignificação do cigano, elas podem contribuir para ruptura social nos países onde vivem, como cidadãos.(Existem cerca de 10 a 12 milhões de ciganos no continente Europeu, dados de 2004). Na Roménia existe a maior comunidade cigana, entre 1,2 e 2,5 milhões. Bulgária cerca de 750 mil. Espanha entre 600 mil e 800 mil. Hungria entre 600 mil e 800 mil. Sérvia-Montenegro cerca de 450 mil. Eslováquia entre 350 mil e 500 mil. Turquia entre 300 mil e 500mil. França cerca de 310 mil. Macedónia cerca 240 mil. República Checa entre 150 mil e 300 mil. Portugal entre 30 mil e 50 mil.










muçulmanos

1.1.6. MUÇULMANOS: No século VIII surgem os árabes no norte da Índia, onde formam algumas comunidades sob chefia de príncipes e ascetas soufis, místicos que usavam vestidos de lã (do árabe souf), e no litoral marítimo da Índia surgem os mercadores árabes durante as monções, usando os barcos de cabotagem e as rotas marítimas, que os povos do Iémen, na época pré-islámica, já usavam no seu caminho para Sri Lanka e ao Mar de Bengala. Estes muçulmanos permaneciam na Índia de Agosto a Janeiro, esperando os ventos de regresso, e envolviam-se com as mulheres da casta baixa, filhas dos pescadores e a quem garantiam o sustento. Era casamento temporário permitido pelo islamismo para dar um lar aos navegadores islâmicos, nos portos onde se permaneciam, sobretudo no Malabar, Canará e em Coromandel, favorecendo uma prole elevada. Devido a repugnância dos membros das classes altas em empreender viagens de longo curso e de se relacionarem com as castas baixas, os muçulmanos, sendo estrangeiros e não pertencendo à hierarquia das castas indianas, foram os elementos de aproximação com os funcionários reais, que assim não eram sujeitos ao contacto com os hindus da casta baixa, e também eram aceites nos exércitos dos Rajás e sultões dos reinos do Decão e de Coromandel, cujas guerras contínuas esgotavam os cavalos, que não se podiam reproduzir na Índia tropical. Estas ligações islâmicas multiplicaram as alianças e difundiram novos produtos e técnicas, e permitiram uma reacção popular contra as castas, e pregadores e poetas errantes do norte estendiam-se pela Índia, sem preconceitos de raça.
Entre os séculos IX até ao século XII, os cholas emergiram como império mais poderoso do subcontinente. Sendo uma dinastia de origem tâmil, seu centro de poder localizava-se no sul da península indiana, alastrando-se até o Ganges ao norte, e nas ilhas Maldivas e parte do Ceilão, Arquipélago Malaio e ao longo do Golfo de Bengala. Mas, essencialmente dominavam o sul, enquanto no norte três reinos disputavam a supremacia: os pratilharsa, no Rajastão, o império Pala, em Bihar e Bangala, e os rashtrakutas, no Decão. Neste período, os templos deixaram de ser edifícios isolados, e são rodeados de santuário com pavilhões para dança religiosa e leitura da literatura sacra, em oposição ao hinduísmo ortodoxo, sendo o seu mentor o pensador Shankaracharia, que aceitou os vedas e o Tantrismo, permitindo a abertura do culto a todas as pessoas, incluindo mulheres, nos rituais mágicos, que terminava com a aceitação de 5 mm: Madya (vinho), Matsya (peixe), Mamsa (carne), Mudra (cereal) e Maithuna (relações sexuais).
No século XIII os muçulmanos depois de destronar os soberanos hindus do norte, deslocaram-se para o sul e submeteram no século XIV o reino hindu de Vijayanagar, cujos templos eram ricos e ornamentados, com pavilhões à sua volta, onde os peregrinos se podiam descansar e comprar recordações, sendo o santuário “salões de mil colunas” o mais famoso, com uma fachada principal decorada com enormes cavaleiros montando cavalos empinhados, medindo cada um 3 m de altura e esculpidos em blocos de granito. Os muros destes templos, após a derrota do reino de Vijayanagar, foram elevados para desencorajar os atacantes e os pátios cobertos com telhados, tornando-se escuros sem a luz directa.



império Gupta

1.1.5. IMPÉRIO GUPTA: A Índia foi invadida por descendentes dos gregos, bactrinas, kuchas, afegãos, turcos e mongóis, em 47, 100 e 170 e torna-se um manto de retalhos, desde Ganges até ao reino Pandya, dinastia do sul da Índia, que reinou entre o século II e XVI, com capital em Madura. Antes da queda do império romano, a Roma com o ouro e a prata adquiria os artigos de luxo indianos, as especiarias, pérolas, marfim, além do seu comércio com as Ilhas Indonésias e com o SE asiático. Sob o império romano, a Alexandria era o maior centro comercial do mundo e os seus mercadores tinham numerosos estabelecimentos no sul da Índia e em Cranganore. Na costa do Malabar, havia um templo à Augusto e várias embaixadas imperiais tinham sido enviadas a diversos potentados indianos. Igualmente, havia indianos e os seus cultos, em Alexandria.
No norte desta dinastia Pandya, entre os séculos IV e VI surgiu o império Gupta, período em que se prosperou o hinduísmo com grande actividade literáraria, artística, urbanistica e agrícola. Na literatura nasceram novas obras, como Ramaiana, Mahabarata e Canto do Senhor. Surgem o manual dos prazeres, Kamasutra, arte, pintura, poesia, escultura apropriada para decoração dos palácios, templos e casas particulares, dança com mímica e normas para a posição das estátuas e das figuras dos frescos das cavernas da Ajanta, em Hyderabad, onde, entre os séculos II e VII houve um mosteiro budista com salas amplas e galerias escavadas nas rochas e as paredes revestidas da pintura da vida da corte opulenta. É o sentido da harmonia, ritmo e movimento. É a arte Gupta. O sacerdote hindu tornou-se uma figura importante com os seus conhecimentos do clima, calendário das estações e de técnicas agro-pecuárias, sendo ao mesmo tempo o intermediário dos deuses para executar os ritos religiosos e os sacrifícios para protecção contra o mal, enquanto os monges budistas se acomodavam a sumptuosidade. Surgiram também progressos na astronomia e defenderam a esfericidade da terra e os seus movimentos de rotação e translação. Calculam o tamanho do ano solar, usando o sistema de 9 dígitos e o zero, que mais tarde os árabes transmitiram à Europa. Na religião surgiu o conceito budista da alma absoluta e universal e a ideia de uma triáde de deuses, Brama, Vixnu e Shiva, representados com várias cabeças e braços, simbolizando os seus poderes sobre-humanos. Buda foi absorvido pelo hinduismo como 9ª encarnação. Ao mesmo tempo a representação escultórica do Buda feita segundo o modelo grego de Apolo foi indianizada com os olhos semicerrados e com o sorriso asiático. Acreditavam que os deuses viviam no topo dos montes e, por isso, ali construíram os templos com uma cela escura ao seus ídolos.



budismo

1.1.4. BUDISMO: Entre 600 e 500 a. C, nasce em Bengala, no norte da Índia, Sidata Gautama. Um dia ao passar de carro, foi marcado por três acontecimentos: um homem abatido pela idade; depois viu um homem doente e repugnante; e finalmente viu um cadáver dum homem, inchado, sem olhos, hediondo, atacado por aves e animais. Gautama impressionado e inquieto, deixou a sua mulher e filhos, cortou o seu cabelo, deixou as jóias e os adornos, trocou a roupa com um pobre e foi para o sul, lugar dos eremitas e mestres, para refletir sobre o sentido da vida. Dedicou-se ao ascetismo, jejuns, vigílias, mortificações, purificações e expiações. Um dia perdeu os sentidos e quando os recuperou concluiu que o processo era inútil e que a verdade só podia ser alcançada com uma mente ligada ao corpo sadio, mas os seus discípulos o abandonaram e sozinho sentou-se numa árvore a meditar, até que um dia, após ter uma visão, foi a Benares à procura dos seus 5 discípulos, com quem discutiu durante 5 dias e estes o consideraram Buda, o sábio. Construíram cabanas e formaram uma espécie de academia. Concluiram que a miséria, sofrimento e desencantamento da vida eram consequência do egoísmo e da satisfação dos sentidos e do mundanismo e que podiam ser evitados alcançando Nirvana, serenidade da alma, através dos oito passos do caminho ariano: verdade (ideias direitas), aspirações certas (desejo de fazer justiça, devoção, ciência e arte), linguagem certa, conduta certa, meios da vida certa, esforço certo, atenção certa e êxtase certa.
O budismo não aceita os poderes sacerdotais, sacrifícios aos deuses, castas, etc. Buda negou que fosse um deus e dizia: “assim como os quatro rios que correm ao Ganges se misturam com as águas do rio sagrado, Ganges, e perdem os seus nomes, também os que acreditam no seu saber deixam de ser brâmanes, xátrias, vaicias e sudras”. Os jainistas, saídos do hinduismo, defendem que a lei pura e eterna resulta do conhecimento e carácter recto. Assim esta mentalidade, budista e jainista, contribuiu para reduzir a ferocidade guerreira do hinduísmo. Com a chegada de Alexandre Magno em 334 a. C o culto egípcio de Serápis e Ísis foi também difundido, dando origem a esculturas budistas de Serápis, Horus e Ísis e à sua adoração com o uso do incenso queimado. E Ísis tornou-se a deusa da peste. Nesta altura o norte da Índia era governado pelo imperador Chandragupta, fundador da dinastia Maurya, abrangendo os vales dos Rios Indo, Ganges e de Afeganistão. Entre 264 e 227 a. C este império maurio expandiu-se ao sul, com o imperador budista, Ashoka, que ao conquistar a Calinga, sentiu-se farto das guerras e prometeu a difusão do budismo, baseando-se na tolerância religiosa, não-violência e respeito pela dignidade de todos os homens, mas o budismo absorveu do hinduismo a ideia de transmigração das almas depois da morte, e, ao mesmo tempo, adaptou-se ao poder e a riqueza, e, as cabanas foram substituídas por edifícios monásticos. Realizou obras públicas, reservatórios de água, poços, estradas e estalagens e plantou figueiras-da-índia, ao longo das estradas para dar sombra aos viajantes. O budismo prosperou-se e os seus missionários encontravam-se em Caxemira, Afeganistão, Turquestão, Ásia Central e por volta de 64 a. C na China, Egipto, Macedónia, Burma e Ceilão. O hinduísmo também se prosperou. Esta expansão religiosa, desenvolveu a indústria e o comércio com a África e com o império romano.




hinduismo

1.1.1. DIVISÕES SOCIAIS/CASTA: Esta sociedade dravidiana, védica, era formada de 4 divisões espirituais e 4 divisões sociais. As divisões espirituais são formadas de estudantes, pais de família, retirados e renunciantes. As divisões sociais são formadas de brâmanes (mestres e sacerdotes), sátrias (administradores e militares), vaicyas (proprietários da terra) e sudras (trabalhadores braçais e artesãos, servos das outras três).Estas divisões/classes do sistema dravidiano, eram adquiridas através da vocação individual. E as classes superiores tinham que ter as características de tranquilidade, autocontrole, austeridade, pureza, tolerância, conhecimento, sabedoria e religiosidade.
Os nobres arianos brancos para manter a sua superioridade racial modificaram o sistema dravidiano védico/varnasrama/sarasvati, de classes, em castas, ficando eles nas castas, brâmanes e sátrias, para impedir a mistura racial com os sudras e com os párias submetidos. Esta passagem de classes para as castas deu-se entre 1 000 e 500 a. C, à medida que surgiram centros urbanos e desapareceram os costumes tribais e os chefes adquiriram a autoridade real e fundaram dinastias e as castas tornaram-se hereditárias, baseando-se que cada um nascia na sua casta, a que só se podia escapar pela morte, pela ordem dos deuses, dada aos sacerdotes. Dentro dessa hierarquia de castas ficavam no topo os Maharajás (Grandes Reis), Rajás, Bahadur, Rane, Sar-Dessai, Dessai-Desporobo e Dessai-Despande. Com este sistema submeteram o povo e passaram a degadiar-se mutuamnete.
Os sudras são considerados como uma onda anterior dos conquistadores do norte e os párias são os dravidianos, nativos da Índia. Os brâmanes, sátria e vaicias também são conhecidos como "duas vezes nascidos". Além destas castas há os intocáveis, pessoas para remover cadáveres e excrementos humanos, considerados tão baixos que o simples contato com os mesmos era contaminador.
Neste hinduismo castista, os membros de uma não podem comer ou casar com pessoas duma casta inferior, sob pena de serem considerados expulsos da casta, o que também pode suceder por negligência nas cerimónias e por prática de actos impuros, mas perdendo a casta ficava sem casta ou seja pária.
Estas castas, como corporações, tinham a sua organização local para manter a disciplina, distribuir caridade, cuidar dos pobres, proteger os interesses comuns dos membros, examinar as credenciais dos visitantes dos outros locais.
1.1.2. CRUZ SUÁSTICA: O hinduísmo usa nos seus templos a simbologia da Cruz Suástica, Dextrogira, braços invertidos para a esquerda, em que cada braço é um plano de existência – o Mundo dos Deuses, o Mundo dos Homens, o Mundo dos Animais e o Mundo Inferior, enquanto no budismo representa o Selo sobre o coração do Buda e no Tibete é usado como talismã da fortuna e boa sorte.
Para estas religiões a representação da cruz suástica sinistrogira, com os braços invertidos para a direita, representa a infelicidade, forças obscuras e prática de feitiçaria, como a cruz suástica do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães do Adolfo Hitler, que teria aprendido técnicas de magia tântrica e de xamanismo com uma ordem de monges tibetanos, os Barretes Negros, que serviam daquele símbolo nos seus rituais.
1.1.3. ESCRITA DEVANAGARI: O deus Shiva ou Krisna criou a escrita, chamada devanagari, e, a filosofia Yoga, que basicamente significa a união de todos os homens, consigo mesmo e com os demais seres da criação divina e com o absoluto, unindo-se assim todos ao seu criador Shiva, visando a auto-realização espiritual.


quinta-feira, 8 de abril de 2010

ÍNDIA

1. ORIGEM DAS CIVILIZAÇÕES: Nos finais do paleolítico, com o aquecimento do planeta, os homens neolíticos, partindo-se do Médio-Oriente, entre 15 000 e 10 000 a.C, espalharam-se através das canoas pelo litoral das regiões mais quentes e atingiram as costas mediterrânicas, norte de África, Amércia e a Índia.
Estes homens pertenciam a cultura heliolítica, seja, adoravam o sol e as serpentes. Praticavam circuncisão, mumificação, tatuagens, e, como símbolo religioso, usavam a cruz suástica. Foram construtores de monumentos megalíticos. Por vota de 6 a 5 mil, a.C, formaram as suas civilizações, tendo como estrutura básica, os templos, com os respetivos sacerdotes, sacerdotisas, escribas, médicos, magos, tesoureiros, administradores, etc. Estes templos possuiam grandes propriedades e tesouros. Na evolução do sistema sacerdotal, surge o rei com a sua corte, constituída com escribas, conselheiros, arquivistas, cronistas, agentes, capitães e guardas. Estes sendo senhores com prestígio possuiam os grandes estabelecimentos. Na base do sistema ficavam as classes que pagavam as taxas: ccultivadores da terra, servos ou rendeiros do rei ou do nobre ; artífices, pessoas especializadas num ofício, que podiam reunir-se e discutir interesses, formar corporações para restringir a produção, estabelecer preços e proteger interesses comuns;  pastores nómadas;  mercadores, armadores dos navios, que transportavam e vendiam bens errando numa e noutra civilização, habituados na prática da usura; retalhistas; proprietários independentes; servos domésticos, escravos ou escravos libertos ou jovens camponeses transferidos para o serviço da casa; trabalhadores colectivos ou forçados, prisioneiros da guerra ou escravos por dívida; soldados mercenários, cativos da guerra, homens recrutados ou alistados entre as populações estrangeiras amigas; marinheiros. Cada uma dessas classes transmitia aos seus filhos o seu ofício através de uma educação doméstica e os casavam com mulheres da mesma classe profissional, dando assim uma contínua separação entre as classes.
1.1.CIVILZAÇÃO VÉDICA/SARASVATI: Na Índia essa cultura evoluiu-se em civilização védica/sarasvati, em que veda significa o conhecimento; a anta significa a meta ou o fim, e o seu seguidor é chamado de vedanta, homem que procura conhecimento ou veda, visando a auto-realização espiritual para obter aquilo que não conseguiu nas suas vidas anteriores. É a civilização do vale do indus, dos povos dravidianos da Índia. Surge cerca de 5 000 a. C e declina-se por volta de 2 600 a.C com os desastres naturais, alterações climáticas, inundações e terramotos, entrando em caos. Os seus centros civilizacionais eram as cidades de Harappa no Pundjab e de Mohanjodaro no Sind, com influência no actual Paquistão, Gujerat, Pundjab e Uttar Pradesh. Dedicavam-se essencialmente a agricultura, plantação de arroz e de algodão, utilizando as técnicas de drenagem e de irrigação. Construiram importantes edifícios públicos com sistema de esgotos e recolha de lixo. Usavam carros de bois e praticavam comércio com a Mesopotâmia. Usavam carros de bois para o transporte dos bens e o sistema de pesos e medidas. Era uma sociedade teocrática e o seu chefe religioso era considerado uma divindade e representante do deus Shiva ou Krisna.
Em 2 100 a. C os dravidianos do vale dos Ganges são invadidos pelos arianos, vindos da Pérsia e Afeganistão. Na organização social ariana a tribo era uma grande família. O conjunto destas famílias tribos formava a nação ariana. Uma casa abrigava centenas de pessoas, formando uma comunidade ou corporação, em que o membro mais velho da família, geralmente masculino, era o chefe e na sua falta ficava o elemento feminino. Os membros válidos contribuiam com o trabalho e ganho para servir a corporação e os membros mais fracos, viúvas, órfãos e parentes próximos. Todos eram tratados como iguais, irmãos e irmãs. Os filhos dum primo são sobrinhos e sobrinhas, como são os filhos de irmãos ou irmãs, e uma criada, conhecida como “JHI”, é tratada como filha e chama pai e mãe, respectivamente, ao patrão e à patroa e irmãos e irmãs aos jovens da família. Esta comunidade familiar só se separava em famílias menores quando se tornava numerosa. São frequentes aldeias inteiras povoadas por membros do mesmo clã, mantidas unidas por laços de simpatia, prazeres e tristezas e pela divindade familiar. A divinade familiar localiza-se num quarto próprio ou numa capela ou templo, anexos à casa, sendo uma família rica. O sacerdote hindu faz parte da família e pode não ser um homem de muito saber, mas apenas conhecedor das tradições da sua fé.
Nesta sociedade a hospitalidade tem muita força e qualquer estranho que chegue à uma casa hindu antes do meio-dia tem direito, caso peça, a uma refeição. A senhora da casa é a última a comer, e só depois de meio-dia, depois de todos os membros e o estranho que chegue, estarem servidos. Por isso o seu alimento muitas vezes era tudo o que se sobrava.  Numa casa hindu não usam sapatos dentro da casa.
Os poemas épicos de sânscrito contam uma história semelhante à Ilíada, a história dum povo branco, consumidor de carne, vindo da Pérsia, que se estabeleceu no vale do Indo e difundiu-se pela Índia. Com o passar do tempo perdeu a tradição dos seus bardos, que eram transmitidos principalmente pelas mulheres nas suas famílias, e se tornou vegetariano, comida própria dos climas quentes, como os dravidianos. Sendo a Índia separada a W e a E por barreiras de montanhas e regiões desérticas, os arianos perderam o contacto com os arianos do W. Ocuparam inicialmente o Pundjab, onde se sedentarizaram-se e transformaram-se em agricultores e deram origem a milhares de pequenas repúblicas, aldeias e clãs pacíficos, em que os nobres e os rajás caçavam elefantes, matavam tigres e compunham poemas épicos, os quais se transmitiam oralmente.