terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

identidade goesa

Identidade Goesa - A identidade dum povo forma-se ao longo da sua história, através das respectivas instituições, e manifesta-se pela sua maneira de ser e estar no mundo, bem como pelos testemunhos visíveis deixados no seu território. Casas, oratórios, igrejas, templos hindus e muçulmanos, conventos, cruzeiros, jardins, monumentos, planeamento urbano e rural, monitorização e controlo das doenças infecciosas, os cuidados primários de saúde, assistência social e asilos, assistência hospitalar, leprosaria,(Assistência e à Infância Desvalida de Goa foi instituída em 1910 para prestar abrigo, alimentação e cuidados de saúde aos pobres e às crianças abandonadas, incluindo sua educação),  a rede escolar, a defesa da biodiversidade, o controlo do crime, são réplicas do modelo urbanístico das cidades de matriz portuguesa. Na área lúdica pode-se falar em clubes de dança, instrumentos musicais, piano, bandolim, violino e  na canção tradicional goesa "mandó", clubes de futbol, e  o "dhirió", luta entre dois búfalos ou touros. Da alimentação faz parte  a comida vegetariana hindu, comida católica influenciada pela comida europeia portuguesa e a comida muçulmana; pratos como, sarrapatel, vindalho, chouriços de carne de porco, xacuti, arroz de caril; bebidas típicas locais, como, féni e urraca; conservas de frutas e doces; canja de arroz, que não se sabe se é de origem indiana, chinesa ou japonesa, que os navegadores portugueses  espalharam pelo Brasil e Portugal, sofrendo depois as necessárias modificações regionais. Foi com estes elementos que o  Estado  caldeou a maneira de ser e estar  do goês ao longo de centenas de anos e formou a sua identidade, através das normas sociais  e hábitos religiosos, incutidos pelo cristianismo e pelas suas ordens religiosas, como franciscanos, dominicanos, agostinianos e sobretudo jesuítas. Mas, naturalmente, os elementos anteriores ao Estado da Índia, de 1510 até 1961, também serviram para moldar a mentalidade do povo. É, pois de referir, também o contributo dos dravidianos, arianos, kadambas/maratas, bem como das religiões, como o hinduísmo, budismo, jainismo, islamismo. Goa é formada de Velhas Conquistas, desde 1510, como núcleo mais ocidentalizado, formado com casamentos entre europeus e indianas, incluindo também mais tarde as órfãs europeias portuguesas que para ali se deslocaram para se casarem com os nobres em Goa. No século XVIII este território expandiu-se com as Novas Conquistas, formando as actuais fronteiras de Goa, com sangue, suor e lágrimas. Em consequência desta mistura étnica e cultural, no século XVII a população de Goa  era classificada  em:  reinós, europeus naturais de Portugal e de linhagem nobre; castiços, descendentes de pai europeu e da mãe indiana branca; mestiços de cor mista, descendentes de pai europeu e da mãe indiana não branca; mulatos, mistura de europeu e mãe africana; canarins e indianos convertidos; escravos de origem africana, muçulmana e indonésia; hindus e muçulmanos. Para manter a coesão e coabitação destes grupos foi importante a política estatal, baseada em normas administrativas com valores universais da dignificação do homem, já aplicada na Metrópole, território português europeu, e de respeito às  tradições regionais de cada grupo, mas excluindo destas as práticas consideradas negativas, como sati -  sacrifício das viúvas quando da morte do marido na pira fúnebre e enganchados - sacrifício aos deuses, em que a vítima era içada através dos ganchos de ferro fixados nas suas costas, criando assim ao longo da sua história harmonia comunal, respeito mútuo e aceitação harmoniosa de todos os grupos sociais. É disso exemplo, a codificação dos direitos e dos costumes feita por Afonso Mexia:  "Foral dos Usos e Costumes dos Gauncares e Lavradores da Ilhas de Goa e outras anexas a Ela de 1526".," Foral dos Foros e Contribuições de Taxas de 1541", mais tarde Regimento de 1753, "Decreto de 1836: Código das Associações das Vilas de 1908" e o "Código Civil Português de 1867/Código Seabra". A língua concani com a introdução da tipografia pelos jesuítas em meados do século XVI em Goa, passou a ser escrita com o uso do alfabeto português, a par da língua oficial portuguesa em expansão, através das ordens religiosas, sobretudo dos jesuítas, e depois com a rede oficial de cobertura escolar, à partir da  década de 1950 até 1961, ano da queda da Índia Portuguesa. O  direito da cidadania portuguesa concedido inicialmente apenas aos convertidos ao cristianismo expandiu-se com o liberalismo nos meados do século XIX e com o republicanismo português a partir de 1910, independentemente da religião, verificando-se assim uma administração quase na sua totalidade formada pelos naturais do Estado da Índia Portuguesa.

Dentro do processo identidario goês é de realçar as seguintes personalidades de origem goesa, no século XVII, bispos D. Mateus de Castro, de Divar;  D. Tomás de Castro, de Divar,  D. Custódio de Pinho, de Vernã., D. Rafael Figueiredo, de Margão e o Pe. José Vaz, de Benaulim. No século XIX, bispos, D. Vicente de Rosário Dias, de Raia,  D. Caetano Pereira, de Divar,  Pe Agnelo,  José Custódio de Faria (Abade Faria) de Candolim, hipnotizador. No século XX Cardeal Valeriano Gracias, de Navelim. Na litearatura, no século XIX, Francisco Luís Gomes, de Navelim,  deputado por Goa em Lisboa em 4 legislaturas, e no século XX Paulino Dias, Nascimento Mendonça, Adeodato Barreto, Judite Beatriz de Sousa, Vinola Devi e Orlando Costa.In. sofaltaumtrintaeumnaminhavida.blospot.com, 05.03.2010 e In.opatifundio.com, 05.04.2010.literatura goesade lingua portuguesa, revista cultural de lusofonia. Na música, entre outros, destacou-se António Fortunato de Figueiredo, nascido em 20/08/1903, em Loutulim. Em 1997 após completar o curso complementar dos liceus em Pangim matriculou-se na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, tendo depois transitado para o curso de Conservatória Nacional de Lisboa, onde terminou em 1932 com elevada classificação o curso superior de violino. Regressou a Goa em 1936 e foi nomeado professor do Canto Coral no Liceu Nacional de Afonso de Albuquerque, onde organizou e dirigiu o Orfeão e a Tuna, com diversas actuações em Pangim e em Loutulim. Em 1948 seguiu para Paris com uma bolsa de estudos do Governo Geral de Goa para aperfeiçoamento na arte de dirigir uma orquestra. Igualmente aperfeiçoou os seus conhecimentos na Itália e em Inglaterra. Em 1952 fundou a orquestra sinfónica de Goa e a Academia de Música de Goa. Após ocupação de Goa pela Índia em 1961 a Orquestra Sinfónica de Goa passou dificuldades foi extinta e integrada  na Kala Academy em 1977. In TGF/Francisco Monteiro: António Figueiredo biography; 2010.10.23

São de realçar já no século XIX a Escola Médica, Escolas Técnicas, Normais e dos Pilotos, o 1º Liceu Afonso de Albuquerque, e  as 1ªas comunicações cabo submarino Lisboa - Goa e Caminho-de-Ferro ligando o Porto de Murmugão  à Índia Inglesa, e Templos hindus de Manguexi, Mardol, Bandorá, Sirodá, etc., Festividades Hindus, como Divali, Festas de S. Francisco Xavier, em Velha Goa, de Nº Srª de Brotas na Ilha de Angediva, Natal,  Carnaval,  etc. Em 1954 o Aeroporto de Dabolim ligando Goa a Lisboa.

Para destinguir o goês formado através deste processo histórico, parece que foi usado o termo de "outsiders" aos imigrantes indianos em Goa, de outros partes da Índia. Este termo "outsider" consolidou-se com o assassinato duma jovem goesa de 24 anos de idade, chamada Tanuja Naik, a 15 de Julho de 2002, quando os  conterrâneos da sua aldeia acusaram os trabalhadores  vindos do interior da Índia como os responsáveis pelo crime. Goês e outsiders, ambos são indianos, porque fazem parte do território da Índia, dividido em Estados diferenciados devido a sua língua e cultura, assim como todos os povos da América são americanos, da Europa são europeus, da África são africanos e da Ásia são asiáticos.

No contexto do espaço português, Goa, Damão e Diu, sendo até 1961 territórios lusófonos, sofreram um processo multisecular de aculturação diferente do resto da Índia anglófona, e, o português era a língua de instrução desde a Escola Primária até ao Curso Superior. Após a queda do Estado da Índia, em 1961, foi vista como a língua do país derrotado e sem interesse no contexto político indiano. Assim o vencedor para a sua completa vitória tinha que banir a língua do país derrotado, e, para uma completa integração cultural das respetivas populações, sobretudo, da geração nova, impossibilitar a leitura e interpretação do seu passado histórico, multisecular, escrito em português. Assim, a Comissão nomeada  para a reforma do ensino em Goa em 1962 decidiu substituir a língua portuguesa pela língua inglesa. Consequentemente, a actual geração goesa já não domina o português, e, como tal não é capaz de ler e interrepretar as fontes documentais,  dando assim origem ao processo de formação duma nova identidade, como um dos Estados da União Indiana de cultura anglófona.

Na década de 1960 Goa, Damão e Diu tinham à volta de 600 000 habitantes. Atualmente, sem contar com Damão e Diu,  só Goa tem uma população estimada em 1 300 000 habitantes. Pode-se daqui concluir que mais de metade da população goesa veio dos outros estados da União Indiana. Estes dados permitem também concluir que a distinção usada de goeses e outsiders não tem razão de ser, pois a língua usada de entendimento comum na Índia é a língua inglesa, além disso a educação mental, social e cultural, transmite a todos a igualdade da cidadania. Abortada a cultura indo-portuguesa e a sua alma, o seu lugar é ocupado por uma nova cultura ainda em génese.

Em 2008, 2009 e 2010, respetivamente 312, 432 e 433 goeses obtiveram a nacionalidade e passaporte português, sendo a maioria de Agaçaim, Mercês, Stª Cruz e Taleigão. Segundo a constituição indiana estes goeses perdem o direito de voto nas eleições locais ou nacionais. In Herald; Goa,01/09/2010

Aproximadamente 1200 goeses adquiriram a nacionalidade portuguesa desde Janeiro de 2008 até Setembro de 2010. A maioria são católicos, 25 indus e 19 muçulmanos. Estes pedidos de nacionalidade para obter passaporte português são constantes no Consulado português de Goa. Os requerentes através do passaporte português emigram para a União Europeia e, sendo de nacionalidade portuguesa, ficam livres para arranjar emprego dum país para o outro sem a necessidade de visto de residência. Maioria trabalha no Reino Unido em profissões menores, nos Correios, hospitais, transportes e indútsrias. São pagos com aproximadamente 12 libras à hora, incluindo as vantagens de acomodação, educação para as crianças de graça. In. Navhind Times, 2010.Out.21. A aquisição da nacionalidade portuguesa já tem antecedentes e resta saber quantos cidadãos goeses, damanenses e diueses adquiriram até à atualidade a nacionalidade portuguesa. Além destes, sabe-se que muitos sairam de Goa, Damão e Diu, além de Lisboa para outras partes do mundo, após a ocupação de Goa já com nacionalidade portuguesa, pois os goeses, damaneneses e diuenses continuaram legalmente como portugueses até à altura em que Portugal reconheceu aqueles territórios como indianos em 1974, após a revolução de 25 de Abril de 1974 em Lisboa.

Uma corrente política em Goa defende a expansão de Goa - uma Goa maior, acrescentando no norte o distrito de Sindhudurg, com uma área de 5 207 km2, do Estado de Maharastra, e no sul o distrito de Karva e Joida, com uma área de 2 622 km2, em satisfação dos anseios das respetivas populações locais, as quais são de opinião que a sua integração no Estado de Goa lhes dará benefícios, desenvolvimento e uma vida melhor. Consideram também uma maneira de reagrupar os territórios da zona de Concão, falantes de concani. Esta ideia incluiria na área de Goa boas zonas florestais em causa. Muitas pessoas de Karwar já se encontram radicadas em Goa, como funcionários do Governo Central, desde 1961, após a ocupação de Goa pela Índia. Esta expansão aceleraria talvez a indianização de Goa já em curso desde 1961. Pois, em 1961 a população católica de Goa era de 35%. Os censos de 2001 registaram apenas 21%, devido a imigração de hindus dos outros Estados indianos. In Goa News/Sould Karwar-Sindhudurg be Goa?; 2010.Out.21

“O Navio Escola Sagres atracou em Goa, no porto de Mormugão, em 12 de Novembro de 2010, estando prevista a sua saída no próximo dia 16. A sua estadia vai ser aproveitada para assinalar os 500 anos da chegada dos portugueses na Índia, Goa. O navio está aberto ao público para visitas. Dentro do programa da sua estadia em Goa será servido almoço juntamente com o Embaixador de Portugal na Índia e o Consul Geral de Portugal em Goa, a autoridades indianas, como o Governador de Goa, Chefe do Governo de Goa, Presidente da Assembleia Parlamentar, e o Comamdante Naval de Goa, no próximo dia Domingo, dia 13, cerimónia em que serão entregues prémios a alunos de português em Goa e haverá um espetaculo de fado e mandó. Na 2ª Feira, dia 14, o navio será visitado pela marinha indiana.

O grupo oposionista à presença portuguesa na Índia, partido BJP e os Freedoom Fighters criticam este relacionamentos das autoridades locais com as autoridades do Navio Sagres, pois consideram que estão celebrar a conquista de Goa há 500 anos.

Esta viagem de circum-navegação começou com a sua partida em 19/01/2010 de Lisboa para uma viagem de 11 meses, com a programação do seguinte itinerário: Brasil, Uruguai, Argentina, Chile, Peru, Equador, México, EUA, Japão, Coreia do Sul, Indonésia, Timor, Singapura, Tailandia, Malásia, Goa, Egipto e Argélia. Também esteve em Macau, sem aí atracar por não ser permitida aos navios de guerra.

O Navio Escola Sagres foi construído em 1937. Têm 70 mt de cumprimento, 3 mastros que suportam 23 velas com 1971 metros quadrados de pano, os quais lhe permitem uma velocidade de 17 nós às 1893 toneladas de peso.”In Lusa, 12/11/2010/ Navio Escola Sagres em Goa para assinalar 500 anos da chegada dos portugueses na Índia.

“A tripulação do navio Sagres foi recebida no Porto de Mormugão pelas autoridades navais de Goa. O representante dos Freedom Fighters disse, “Como é possível alguém comemorar a chegada dos opressores?” e exigiu que fossem retirados os nomes dos nacionais portugueses constantes das placas das estradas e ruas de Goa, antes de 19/12/2010. Esta associação é também contra o movimento Panjim City Corporation.” In Niz Goenkar, goan cuisine & delicias, 12/11/2010.

“O Navio Escola Sagres têm 139 tripulantes, sendo 9 oficiais, 16 sargentos e 114 praças. Para evitar protestos e incidentes lamentáveis dos freedom fighters foi destacada uma força especial em Mormugão. A Marinha Indiana em Goa prestou honras às autoridades do Navio Sagres.” In Navhind Times, 2010.11.13. Expedition part of goodwill visit: portuguese ship commander.

"Uma trintena de simpatizantes do Bharatiya Janata Party (BJP), um dos partidos mais influentes da Índia, manifestou-se ao fim da tarde do dia 12, a poucas centenas da entrada do porto de Mormugão, envergando bandeiras negras e faixas de pano com frases em hindi e em inglês. Numa delas podia-se ler: “Welcoming the ship Sagres is Goa´s disgrace” (Dar as boas-vindas ao navio Sagres é uma desgraça). O porta-voz dos manifestantes, Rajendra Arlekar, afirmou na altura: “É uma vergonha estarmos a receber agora aqueles que no passado nos subjugaram e torturaram os nossos lutadores pela liberdade”.

Também o presidente desse partido, Laxmikant Parsekar, em declarações ao diário local Gomantak Times, não poupou palavras, dizendo-se chocado pelo facto de o primeiro-ministro e o governador terem marcado presença na recepção oficial a bordo do navio. Dizia o líder do BJP que, ao “glorificar as celebrações dos portugueses”, apesar dos portugueses (pejorativamente apelidados de “pernas brancas”) “terem trazido o colonialismo e escravizarem o povo de Goa”, esses dirigentes (seus rivais políticos) perdem toda a legitimidade para, no futuro, “felicitarem os lutadores pela liberdade e participarem nas próximas celebrações do Jubileu dourado da Libertação”.

O The Navhind Times, outro dos diários goeses, ignora a manifestação e prefere dar destaque às declarações do comandante da Sagres à imprensa local. Pedro Proença Mendes lembra que a visita da Sagres é alheia a quaisquer questões políticas dos governantes e partidos políticos de Goa, e realça a importância desta visita para “o reforço das relações de amizade entre Portugal e a Índia”.

Já a edição de Goa do reputado The Times of India, que dedica um quarto de página ao assunto, prefere destacar as características do navio, “um dos mais belos do mundo”, a sua “missão de paz e boa vontade”, e a presença a bordo de um marinheiro descendente de goeses, Bruno Miguel Rosário Antunes, que surge como figura do dia, ao ser entrevistado pelo repórter local Andrew Pereira.

“Toda essa história da manifestação anti-Sagres não passa de um questiúncula entre partidos políticos locais”, comentou ao PONTO FINAL Isilda Noronha, residente em Panjim, enquanto aguardava a sua vez para poder visitar o navio, na companhia de alguns familiares. “Os participantes no protesto, muito provavelmente foram pagos para estarem presentes”, dizia ela, em excelente português. Quanto ao instigador desse movimento, “apenas utiliza a visita da Sagres como pretexto para atingir o actual governador, seu rival político, que ocupa a posição que ele ocupou durante anos e que agora quer reaver”. Apenas isso. O sentimento da população de Goa em relação aos portugueses continua a ser “caloroso e fraterno”, e todos estão “muito felizes por mais esta visita da Sagres”.

“Apenas alguns hindus demonstraram hostilidade. Cristãos e muçulmanos receberem-nos muito bem”, garantiu, por sua vez, o marinheiro Santos, um dos 150 tripulantes da Sagres, que não perdeu a oportunidade de chamar a atenção para a dificuldade que todos eles tiveram para sair e entrar no porto de Mormugão, devido às fortes medidas de segurança. “No dia em que chegámos, dois dos nossos marinheiros foram impedidos de deixar o porto, apesar de estarem munidos da sua identificação. Foi necessário que o nosso capitão assinasse uma declaração para que pudéssemos circular sem entraves. Nunca tal nos aconteceu, nesta viagem de circum-navegação”.

Em declarações a este jornal, o comandante da Sagres, Pedro Proença Mendes, desvaloriza o incidente da mini-manifestação anti-Sagres, lembrando, a título de curiosidade, que um dos mentores dessa iniciativa esteve presente na primeira recepção que os tripulantes da Sagres tiveram com as autoridades locais. Proença Mendes quer acima de tudo salientar o importante papel da Sagres enquanto “embaixada flutuante de Portugal”, lembrando os milhares de goeses e outros indianos que visitaram o navio nos dois dias em que esteve aberto ao público. Fica assim cumprida a missão do navio-escola na Índia.

A Sagres levanta ferro do porto de Mormugão amanhã de manhã, rumo a Alexandria, no Egipto. Uma viagem de vinte dias, sem qualquer escala." In. Ponto Final: Sagres entre aplausos e manifestantes; 2010.11.15

"A comunidade dos pescadores de Khoriwaddo, Vasco de Gama, deram uma calorosa despedida ao barco Sagres no Porto de Mormugão. Os barcos pesqueiros ornamentados acompanharam o barco na sua saída do porto de Mormugão, num gesto de amizade. Um outro grupo de jovens conduzindo motas e empunhando as bandeiras portugesa e indiana percorreram as ruas da cidade de Vasco de Gama.

Numa cerimónia festiva, na presença do Consul de Portugal em Goa, ofereceram flores ao capitão Proença Mendes, comandante do navio Sagres, que por sua vez ofereceu-lhes recordações, camisas e a bandeira portuguesa, enquanto os pescadores entregaram-lhe a bandeira indiana.

Capitão Proença Mendes expressou aos jornalistas a sua satisfação com a calorosa manifestação de despedida, apesar da manifestação dos freedoom fighters quando da sua chegada. O representante dos pescadores informou que foi uma manifestação para estreitar laços de amizade indo-portuguesa." (Tradução do texto original inglês). In O Heraldo Goa´s complete online news edition: despite-protest-portuguese-crew-leave-goan-shores-happy; 17.11.2010

-"Fomos surprendidos por um som festivo vindo do Rio Zuari. Umas 30 embarcações enfeitadas com folhas de palmeira e balões verdes e rubros e ostentando bandeiras portuguesas e indiana com centenas de pessoas, muitas delas vestidas com as camisolas da selecção portuguesa e dançando ao som da música popular portuguesa acompanharam o navio Sagres ao longo de algumas milhas a partida do navio Sagres no dia 16.11.2010."In. Correio de Manhã: goeses vestiram camisolas da nossa selecção de futbol; 28.11.2010

Se mantivessem a língua oficial portuguesa em Goa, Damão e Diu, sendo o português obrigatório nas repartições públicas e nas escolas, como até a ocupação de Goa era em 1961, hoje Goa, Damão e Diu não teriam nas suas repartições públicas funcionários não goeses das outras partes da Índia a não ser os que falassem e escrevessem português. A administração pública goesa continuaria nas mãos dos goeses, damanenses e diuenses. Seria um processo natural de continuidade linguista e cultural da identidade goesa. O corte com esta cultura centenária significa uma nova colonização em pleno século XX. A própria Índia ficaria mais rica linguisticamente e muitos cidadãos goeses e não goeses sabendo falar português teriam também oportunidades de emprego nos países da língua portuguesa e seriam ao mesmo tempo agentes ativos e diretos das empresas indianas que concorressem nesses territórios da língua portuguesa. Goa, Damão e Diu podiam ser portas da Índia aos territórios de expressão portuguesa espalhados pelos quatro cantos do mundo. A língua portuguesa em Goa não era contra a língua local concani, bem como contra a língua inglesa que aí era ensinada livremente em muitas escolas secundárias, apenas era a língua oficial centenária no Estado da Índia Portuguesa. A substituição da língua portuguesa pela língua inglesa abriu as portas aos nãos goeses ocuparem lugares proeminentes da administração goesa, sem possuirem conhecimentos mínimos da cultura goesa e da sua identidade, em prejuízo dos naturais daqueles territórios, causando hoje uma má qualidade de vida em todos os aspetos sociais e económicos da vida goesa.

""Existem em Portugal aproximadamente 60 000 pessoas de etnia indiana, sendo destas apenas 7 000 cidadãos indianos e  as restantes cidadãos portugueses. A maioria encontra-se em Lisboa e Porto e os outros espalhados pelo país, sobretudo em  Algarve, Leiria, Coimbra, Guarda, etc. Dividem-se em Gujeratis, goeses, damanenses, diuenses e pundjabis.

Os gujeratis maioria vindos de Moçambique depois de 1974, após a revolução de 25.04.1974 em Lisboa, sendo os restantes vindos da Índia desde à década de 1980 e cuja chegada ainda continua aberta. Vivem em comunidade unida e dedicam-se ao comércio e a hotelaria, e mantem fortes ligações familiares na Índia. Alguns deles também vieram de Inglaterra, Madagascar e África do Sul.

Os goeses vieram diretamente de Goa logo após a ocupação de Goa pela União Indiana em 1961, sobretudo jovens estudantes do ensino português em Goa, seguidos de outros vindos de Moçambique após a sua independência depois de 1974 e ainda seguidos de outro grupo na década de 1990 e cuja entrada ainda continua. Todos cidadãos portugueses de origem na sua maioria.

Os damanenses e os diuenses vindos depois de 1961 após a acupação do Estado da índia Portuguesa pela União Indiana, seguidos de outros vindos de Moçambique após sua independência depois de 1974. São na sua totalidade cidadãos portugueses de origem. Muitos deles logo que tenham condições financeiras e económicas trazem outor membros da sua famíla para junto de si.

Os pundjabis chegaram na década de 1996. São cidadões indianos. Maioria trabalhadores de construção civil, bem como trabalhadores na área da industria alimentar. Encontram-se concentrados em Lisboa e existe uma pequena comunidade sik na cidade de Guarda."" In Portal de Embassy of India - Persons of indian origins. (Síntese informativa obtida em 2011.01.28.)

Mas além destes, sabe-se que há também pessoas que vieram antes de 1961, sobretudo pessoas de origem etnicamente europeias nascidas em Goa. A maioria dos jovens do Estado da Índia Portuguesa deslocaram-se para territórios portugueses porque a administração indiana em Goa substituiu o sistema administratvo do Estado da India Portuguesa por um sistema anglofono, substituindo a língua portuguesa pela inglesa. Esta atitude neocolonialista do governo indiano cortou as justas aspirações, sobretudo dos jovens prestes a entrar no mercado de trabalho, como repartições públicas, professores, empregados públicos em geral, ou desejosos de seguir cursos superiores dentro do sistema educativo português. Igualmente muitos funcionários públicos passaram a ser transferidos para outras partes da ìndia e substituidos pelos funcionários indianos, os quais ocuparam os postos principais da função pública. A evasão dos goeses não se deu só para os territórios portugueses. Deu-se também para as outras partes do mundo, incluindo Brasil. Os bens patrimoniais destes jovens e famílias hoje devem estar a ser aproveitados, em certos casos, pelos seus familiares, aproveitando a confusão política para a sua usurpação, posse indevida, e enriquecimento ilícito.

2010.11- O 3º Festival de Cinema Lusófono decorreu de 13 a 16 de Novembro no Auditório do Colégio Chowgule em Margão, com exibição de filmes de realizadores angolanos, portugueses e brasileiros, retratando os contextos histórico-culturais de grande parte do espaço lusófono. Dia 16 foi projetada a curta-metragem de animação "A Flor mais Grande do Mundo" do realizador galego Pancho Casal besado num conto infantil de José Saramago e o filme "Blindness" do brasileiro Fernando Meireles. Foi uma iniciativa do CLP/INstituto Camões em colaboração com o Centro de Língua e Cultura Portuguesa do Smt. Parvatibai Chowgule College de Margão. In.III FESTIVAL DE CINEMA LUSÓFONO MARGÃO-GOA - Elos Clube de Tavira, 05.12.2010

In. Oheraldo Goa's complete online news edition :: Salcete-Portuguese-passport-holders-under-radar-of-poll-official. sábado, 12 de Fevereiro de 2011: "Os nomes dos goeses que agora optaram pela  nacionalidade portuguesa foram eliminados dos cadernos de recenseamento eleitoral, passados 3 meses após a publicação pelos Serviços de Estrangeiros duma  lista detalhada de centenas de goeses portadores de passaporte português. Há informações também de que muitos destes cidadãos voluntariamente pediram a eliminação do seu nome do caderno de recenseamento eleitoral. Em conformidade com a legislação indiana os portadores de nacionalidade estrangeira deixam de ser cidadãos da ìndia." Tradução síntese do texto original inglês.

In. [Goanet] Portuguese citizenship for Indians. domingo, 13 de Fevereiro de 2011. Tradução síntese do texto original inglês. " Será que o acordo celebrado pelo governo português para os residentes do Estado da Índia poderem optar pela cidadania portuguesa se vai findar nos próximos anos? Centenas de indianos do Estado da Índia estão a optar pela cidadania portuguesa. Segundo a lei portuguesa os nascidos no Estado da Índia antes da sua ocupação pelo exercito indiano em 1961/ são cidadãos portugueses, bem como os seus descendentes, e para obter este direito os interessados devem registar-se nos Serviços de Registos Centrais em Lisboa, visto que os registos de nascimentos originais ficaram no Estado da Índia. Pedro Rodrigues um advogado goês, residente em Lisboa, em visita de 3 dias ao Qatar por solicitação de Doha Goans Sports Club (DGSC), é de opinião que os interessados devem aproveitar agora a oportunidade durante este ano porque o governo português pode cancelar esse direito em qualquer altura. Neste encontro muitos goeses estiveram presentes munidos dos seus respetivos documentos de identificação, a fim de obter esclarecimento sobre o assunto. A primeira vaga de emigração dos goeses começou com os seus antepassados por via marítima para as terras de África, com Kénia, e alguns foram obrigados a optar pela nacionalidade inglesa quando Idi Amin mandou os indianos embora. O interesse afluência para obter a cidadania portuguesa não é apenas restrita aos residentes em Goa, mas também  aos residentes em outras áreas, como Austrália e Kénia. O direito indiano não permite cidadania dupla e como tal quem obtiver a cidadania portuguesa é obrigado a devolver o passaporte indiano, mas podem optar por "Overseas Indian Citizen card (OCI)", no entanto este cartão não dá direito ao seu possuidor comprar propriedade agrícola, etc. As suas vantagens apenas permitem facilitar o visto de entrada na Índia".

In.[Goanet] Salcete Portuguese passport holders under radar of poll off. segunda-feira, 14 de Fevereiro de 2011. Tradução síntese do texto original inglês. " Os goeses eram cidadãos portugueses até que foi-lhes imposta por força a cidadania indiana depois da invasão. O único goês, corajoso demais, que lutou contra a imposição da cidadania indiana foi o Pe. Cico Monteiro. Agora  os goeses querem readquirir a sua cidadania, mesmo nos países como Austrália, apesar de até agora não terem aproveitado da oportunidade. Os que readquiriram a sua cidadania e são residentes em Goa permanentemente devem ter todo o direito de voto, caso, se  pagam os impostos. Um dos fundamentos em que começou a revolução americana, baseou-se em "Não se paga os impostos sem ter direito à sua representação". Eu não sei quais são os direitos nos EUA, mas no Reino Unido e na Austrália eu estava registado no caderno eleitoral local visto que eu pagava os impostos sendo aí residente apesar de não ser cidadão desses dois respetivos países.Gabriel."

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