GOA - 25º ESTADO DA UNIÃO INDIANA
- EVACUAÇÃO DOS MILITARES E CIVIS DO EIP - Após a rendição dos militares portugueses, estes foram aprisionados nos campos de concentração militar. O governo português em meados de Janeiro de 1962 providenciou junto do Governo da Índia o seu repatriamento e dos civis portugueses de Goa, Damão e Diu, independentemente da sua naturalidade, desde que desejassem sair. A Índia respondeu favoravelmente a proposta portuguesa, mas acrescentou-a a troca de 5 cidadãos indianos detidos em Portugal pelos cidadãos portugueses civis detidos em Goa pela União Indiana e pediu permissão de pleno exercício de actividades, sem restrição de qualquer tipo, aos seus 12 000 cidadãos indianos residentes em Moçambique, mas concordou em autorizar a todos os residentes manter nacionalidade portuguesa caso quisessem, embora descordando do princípio de que a população da Índia Portuguesa fosse de nacionalidade portuguesa, e em lhes autorizar a abandonar a Índia com a concessão dos respectivos vistos de saída. O governo português aceitou apenas o repatriamento dos seus militares e civis, sem a contrapartida de concessão da liberdade sem restrições aos 12 000 cidadãos indianos detidos em território português, a não ser que estes optassem pela nacionalidade portuguesa. Cumpridos os trâmites de entendimento entre os dois países no dia 2 de Março de 1962 foi iniciada a evacuação dos portugueses, pelo itinerário aéreo de Goa (Mormugão) para Karachi, com cerca de 60 voos e com uma média de 5 voos diários, seguindo daqui para Lisboa via marítima, através dos navios, Vera Cruz, Pátria e Moçambique.
DIPLOMACIA DO GOVERNO PORTUGUÊS E ACTIVIDADE DAS INSTITUIÇÕES GOESAS - Iniciada a invasão dos territórios do Estado da India Portuguesa, (EIP) Portugal apresentou queixa ao Conselho de Segurança da ONU, no dia 18 de Dezembro de 1961, que com a maioria de 7 votos mandou suspender as hostilidades, recuar as forças invasoras para os pontos de partida e fazer negociações para solução do conflito, mas a resolução foi vetada pela Rússia.Após a conquista do EIP no dia 19.12.1961, Goa, Damão e Diu ficaram politicamente subordinados a lei marcial do regime militar presidido pelo General Candeth até 1963, quando se deram as primeiras eleições e Dayananda Bandodcar de Maharastrhawadi Gomantak Party (MGP) tornou-se Ministro Chefe de Goa, Damão e Diu.
A política externa portuguesa denunciou em 1962 à Assembleia-Geral das NU a saída de mais de 3 mil goeses para Lisboa e outros tantos para outras regiões do mundo desde Dezembro de 1961 e pediu retirada das forças de ocupação e de administração indiana.
A Associação Goesa de Nairobi em 1962 apresentou a Índia o pedido de plebiscito no contexto de autodeterminação e organizou em Paris em Dezembro de 1963 a Conferência do Povo de Goa, Damão e Diu, em que foi criado o movimento "Goa Freedom Movement" com sede em Londres, sendo seu Secretário-Geral, António de Fonseca.
Quando do referendo nos territórios de Goa, Damão e Diu, Portugal alegou em 23 de Janeiro de 1967, nas NU, que aos goeses apenas foram apresentadas 2 alternativas: opção de integração no Estado de Maharastra ou continuação como territórios de União Indiana, e pediu garantias para uma livre escolha entre a sua submissão ao Governo de Nova Delhi e a sua aspiração legítima de manter a sua individualidade. Mas, face aos resultados obtidos, 10 dias depois, a Índia anunciou aqueles territórios como territórios da União Indiana. Este referendo ao não dar também a opção de independência aos goeses mostrou a sua fraqueza democrática, sobretudo, tomando em consideração que aqueles territórios foram conquistados com o uso massivo de forças militares, sem a existência duma rebelião interna contra a soberania portuguesa.
Também em 1967 Portugal comunicou às Nações Unidas que a Índia deveria ser obrigada a devolver o que invadiu, ocupou e retém pela força das armas e contra a vontade das populações.
Pelo Decreto de 27-11-1973 Portugal manteve em vigor o Estatuto Político Administrativo da Província do Estado da Índia, aprovado pelo Decreto 40 216 de 1 7 1955.
O Decreto nº 206/75, assinado em 31-12-1974, em Nova Delhi, pelos representantes de ambos os países, J.P.Chavan, India, e Mário Soares, Portugal, após a Revolução Portuguesa de 1974, aprovou o Tratado entre a Índia e Portugal e restabeleceu a nível de embaixadores as respectivas relações diplomáticas e Portugal e India assinaram acordos de cooperação na área cultural em Goa, Damão, Diu, Dadrá e Nagar-Aveli:
- Para preservação e restauração dos monumentos históricos e religiosos, mediante estudos e difusão da herança histórica e intercâmbio de especialistas na arquitectura e arqueologia;
- Para promoção da língua e cultura portuguesa e na área desportiva;
- Em contrapartida, Portugal reconheceu a soberania da Índia sobre Goa, Damão, Diu, Dadrá e Nagar-Aveli, depois de derrogar a parte correspondente do artigo 1º da Constituição Portuguesa de 1933, (que afirmava a unidade de Portugal desde Minho a Timor), tendo em mente o desejo dos povos da Índia e de Portugal de iniciarem uma nova era de amizade e cooperação, com base na igualdade de soberania e reciprocidade de benefícios e ambas as partes acordaram em resolver por meio de negociações bilaterais todas as questões entre elas, incluindo as respeitantes à propriedade, bens ou reclamações dos cidadãos dos respectivos países, bem como as questões relativas à propriedade estadual e aos bens de cada um dos Estados nos territórios do outro Estado;
- Ambas as Partes acordam também em resolver por meio de negociações bilaterais os direitos e as reclamações de cidadãos indianos e de outros indivíduos dos territórios sob administração portuguesa, que tivessem interesses na Índia, respeitantes à sua propriedade e bens;
- Portugal concordou, em princípio, entregar à Índia todos os arquivos, registos, papéis, documentos e outros materiais que digam respeito aos respectivos territórios, incluindo aqueles que possam ter sido transferidos para qualquer lugar fora destes territórios. De igual modo, a Índia concordou, em princípio, transferir para Portugal todos os arquivos, registos, papéis, documentos e outros materiais que se possam encontrar nos mesmos territórios e que não digam respeito principalmente a esses territórios. Acordaram também que as modalidades da sua entrega, acesso, passagem de certidões e consultas mútuas serão estabelecidas pelas vias diplomáticas e quaisquer problemas de aplicação ou interpretação serão solucionados por negociações bilaterais.
Em 1980 a convite de cidadãos goeses Vassalo e Silva visitou oficialmente Goa, entre 10 e 17 de Junho, com todas as honras devidas como último Governador de Goa, para assistir as cerimónias de comemorações camonianas da responsabilidade do Governo de Goa, relativamente aos 400 anos da morte de Luís de Camões, com exposição iconográfica, bibliográfica, e filatélica, e com inauguração dum carimbo de Correios, e ainda com palestras de professores sobre a necessidade de manter o ensino oficial da língua portuguesa.
Em 2005, quando o Presidente da República de Portugal, Cavaco Silva, visitou o Estado de Goa a Universidade de Goa concedeu-lhe o grau de Honoris Causa.
Em Goa existem as seguintes instituições para defesa da cultura e língua portuguesa:
- Fundação do Oriente: Tem como objetivo manter relacionamento histórico e cultural, desenvolver actividades culturais e colaborar na recuperação dos edifícios históricos. Exemplos recentes: 1999-2001, restauração da Capela do Monte, construida em 1517, em Velha Goa, em colaboração com o Governo de Goa e Arquidiocese de Goa e Damão. E em 2010 a organização do " Festival da Musica de Capela do Monte "Monte Music Festival".
- CPLP/Instituto Camões: Tem como objetivo promover cultura portuguesa, cursos da língua portuguesa, filmes, música, exposições de pintura, exposições de fotografia, feiras de livro, formação de professores de português para ensino secundário e superior e cursos de tradução de inglês para português e vice-versa. Um exemplo de relacionamento cultural, pode-se citar a Canção Mandó em português 2008, ver o vídeo nos endereços da internet da autoria de Maria Ana Bobone e Miguel Capucho, em Goa, 2008.
- Goa Comunicare: Uma organização não-governamental vocacionada para promoção do diálogo inter-cultural e ensino de várias línguas, incluindo a língua portuguesa, e, para isso, encontra-se associada aos outros organismos que promovem o portugues e tem ao seu cargo o trabalho de recolha das tradições e musicas locais a fim de serem integradas nos programas de ensino da língua portuguesa a ser implantado futuramente nas escolas primárias. Procede também a recolha de informação bibliográfica de todos os livros em português que se encontram inactivos nas instituições ou nas casas particulares em Goa a fim de as mesmas serem incluidas numa biblioteca virtual para consulta pública.
- Goa, A friendship Society, Altinho, Pangim: organização não-governamental, objetivo defender a língua e a cultura portuguesa. Oferece cursos livres de português, apoia conferências, debates, festivais, certames, cursos de culinária portuguesa, goesa e indiana, arranjos florais, costura tradicional portuguesa, danças, música e história. Ministra os cursos de português nas próprias escolas públicas e introduziu a Disciplina da Língua Portuguesa em algumas escolas do Estado de Goa e abriu cursos livres de português em Mapuça, Ponda, Vasco de Gama e Loutulim e Margão. Anualmente realiza 3 cursos: Básico I com duração de um ano letivo; Básico 2 com duração de 2 anos letivos; Curso de Conversação com um ano letivo.
Em 2009, uma missão de 12 empresários goeses, chefiada por César Meneses, presidente da Câmara de Comércio e Industria de Goa, visitou Lisboa, para reforçar as ligações entre os dois países, no sentido de empresários portugueses investirem em Goa nos sectores de construção, reparação naval, farmacêutica e biotecnologias.
Em 2009, Churchill um proeminente político goês e deputado, convidou Luis Filipe Scolari, brasileiro, treinador de football mais bem pago do mundo a visitar Goa. Os representantes da Universidade de Porto visitaram Goa e estabeleceram contactos no sentido de estabelecer em Goa um departamento seu na Área de Nutrição Desportiva.
Uma delegação portuguesa, chefiada pelo Embaixador de Portugal na Índia, visitou a cidade de Pangim e assinou um memorandum entre o Governo Português, Governo de Goa e a Fundação Oriente, encontarndo-se presente também o Consul Geral de Portugal em Goa e o Director das Relações Internacionais da Câmara Municipal de Lisboa, cujo Presidente António Costa, de ascendência goesa, está convidado para visitar dentro em brave a ciade de Pangim. Estes encontros a pedido dos representantes da Cidade de Goa tem por finalidade ajudar a implementação dum sistema de recolha e tratamentos de resíduos sólidos, e aplicação de medidas para a melhoria do sistema de transportes públicos em Goa. In. The Navhind Times, CCP may get Portugal´s help to develop city; 2010.10.27. Dois representantes deste delegação visitaram a Estação de Tratamentos dos Resíduos Sólidos de Headland, Sada, Vasco de Gama, e as outras estações municipais. In. The Navhind Times/Portugal Delegation visits Solid Waste treatment plant at Sada; 2010.10.28
SITUAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA EM GOA - Ocorreram em Goa na noite de 20 a 21 de Junho de 1963, 3 explosões, uma nuns armazéns em Cortalim, outra na Câmara Municipal de Margão e a outra na Câmara Municipal de Pondá, sendo seus autores o agente da PIDE Casimiro Monteiro, goês, ido de Portugal, com a cumplicidade de alguns goeses, que depois de julgados foram libertados, excepto um dos goeses, Olavo, que foi condenado a pena de prisão e Casimiro Monteiro condenado à revelia a 10 anos de prisão.
- Dia 2 de Dezembro de 1965 foi preso em Goa o Monsenhor F.X.Monteiro por não acatar a ordem de expulsão porque defendia a ideia de que Goa pertencia a Portugal.
- A Índia em 1 de Dezembro de 1966 decidiu organizar o referendo, "Opinion Poll 1967", para decidir a integração de Goa no Estado de Maharastra e Damão e Diu no Estado de Guzerate ou a continuação como territórios do Governo Central da União Indiana. Para o efeito dissolveu o Ministério de Goa, chefiado por Bandodkar e a respectiva Assembleia Legislativa e nomeou o governo presidencialista por seis meses, período em que o Partido Maharastrawadi Gomantak apoiou a união com a Marashtra e o partido dos Goeses Unidos, predominantemente católico, em conjunto com o Partido do Congresso (Goa), apoiou o voto como Território de União. O Referendo realizou-se no dia 16 de Janeiro de 1967, com a vitória dos "Goeses Unidos", em Goa, sendo 138 170 pró Maharastra e 172 191 contra, em que a origem dos votos sugeria que tinham votados contra: os católicos mais 15 a 20 por cento dos hindus. Enquanto Damão e Diu optaram pela continuação como território do Governo Central.Portugal alegou em Janeiro de 1967 nas Nações Unidas que aos goeses apenas foram dadas duas alternativas e pediu garantias para uma livre escolha entre estarem submetidos ao Governo da União Indiana ou manter a sua individualidade, mas a Índia anunciou aqueles territórios como da União Indiana.
- Em 1973 Portugal manteve em vigor o Estatuto Político-Administrativo da Província do Estado da Índia, aprovado em 1955. Com o 25.04.1974 foram estabelecidas as relações diplomáticas entre Portugal e Índia e foi reconhecida a soberania da Índia sobre o Estado da India Portuguesa e acordaram também preservar a língua, cultura portuguesa e conservar os monumentos históricos e religiosos.
- Em 1980 ao convite dos goeses Vassalo e Silva visitou oficialmente Goa para assistir as cerim´nias camonianas.
- Após consulta em 198,7 o Primeiro Minsitro Indiano Rajiv Gandhi reconheceu à Goa o estatuto de 25º Estado da União Indiana, e declarou, depois de uma campanha politicamente agitada," em que morreu Floriano Vaz, um estudante de Fatordá e deram-se alguns incidentes e mortes em Neurá Tiswadi Ilhas Agaçaim" In Goanet 20.12.2010, concani como língua oficial, em 1987. Nesssa altura concani era escrita, desde o século XVI, usando oficialmente o alfabeto português, facto que permitia uma maior facilidade de estudo na aprendizagem das duas línguas, concani e portuguesa, sendo a fonética a mesma para ambas as línguas.
- Em 18/12/2006, dia por coincidência da invasão e posterior ocupação de Goa pela India, uma grande manifestação popular realizou-se na Praça de Azad Maidan, em Pangim, onde Goa Bachao Abhiyan fez o seu primeiro comício contra o Regional Town Planing 2011, (RTP) obrigando o governo a suspendê-lo. Mas na prática, tudo continuou na mesma, as serras foram desforestadas; os campos e zonas húmidas foram aterradas para construção de difícios; a exploração mineira continuou sem limites; os grandes projectos de construção continuaram, apesar dos protestos; o fluxo migratório dos restantes Estados da Índia continua, cativando mais migrantes não-cristãos ao território através da reserva de 20% de emprego em Goa, o que faz diminuir ainda mais a percentagem dos cristãos e dá oportunidade para causar problemas inter-religiosos, e supõe-se que os migrantes são já 30 a 40% da população total de Goa, que é de 1 300 000 habitantes; o lixo orgânico e industrial, perigoso e não perigoso, continua sem tratamento;o solo, a água, sobretudo os rios, mostram-se poluídos.Tudo isso significa destruição dos ecossitemas e da biodiversidade, com construções e indústrias mal planeadas. A construção do aeroporto de Mopa, junto da fronteira de Maharastra supõe-se que desvalorizará o aeroporto civil de Dabolim, construído em 1954, que por sua vez a Marinha Indiana o reservou para a sua integração na sua base naval, sediada em Karwar, em 1968, nos termos da lei de defesa, de acordo com o plano de defesa da Índia. O Plano de 2021, tal como o plano de 2011, são assim considerados planos de destruição de Goa. Este desenvolvimento planeado sem tomar em consideração o seu impacto ambiental negativo, será ainda agravado com a previsão mundial de subida da água do nível do mar em toda a costa marítima do globo, claro incluindo a costa goesa.
- Face ao agravamento da situação, já se fala nos jornais na necessidade de concessão do Estatuto Especial "Special Status", como Himachal Pradesh, Kasmir e Assam, supondo que isso permitirá uma gestão e desenvolvimento sustentável de Goa, e redução do número dos migrantes em consequência da diminuição da construção civil e das industrias poluentes, enquanto isso muitos goeses solicitam o passaporte português como um documento privilegiado para obtenção do emprego no mundo ocidental e noutros países.
- "Num comício em Pangim os representantes de partidos RSS e BJB advertiram o governo que lançariam uma agitação para obrigar o governo a encerrar o Consulado de Portugal em Goa, substituir as placas das ruas de Pangim com nomes em português, e investigar a Fundação do Oriente. Neste comício crianças queimaram uma éfige de Afonso de Albuquerque. Acusaram a Fundação do Oriente de incentivar portuguesismo em Goa através de doações e bolsas de estudo. Decidiram também impedir todas as inciativas locais para glorificar a história portuguesa em nome da cultura e laços comerciais, e o dia 25.11 foi considerado um dia negro, dia em que Afonso de Albuquerque em 1510, no dia de Santa Catarina, conquistou Goa aos muçulmanos com a ajuda do rei hindu Timoja." In. The Times of Índia: Anti-portuguese resolution passed by group in Panaji; 26.11.2010.
LÍNGUA OFICIAL DE GOA, CONCANI - Foi necessário que o povo lutasse contra os governos, local e central, para que fosse reconhecido a Goa o direito a ser um Estado com uma língua própria, concani. Lingua falada por cerca de 3, 6 milhoes em Goa, Karnataka e Maharastra, mas é escrita em Goa em 2 alfabetos, devanagari, o oficial, e romano com fonética portuguesa, seja alfabeto português, e nos Estados de Karnataka e de Kerala é escrita em alfabeto kannada ou dravidiano.
Sendo Goa, limitada à norte com o Estado de Maharastra, onde também parte da população fala concani, mas escreve em devanagari, os apoiantes destes em Goa, reclamam a integração de Goa na Maharastra, apesar de haver outros goeses que escrevem concani em alfabeto romano com fonética portuguesa, incluindo nestes a maior parte da diáspora goesa no mundo, com uma longa história de 500 anos de literatura, sobretudo os católicos. Os opositores a integração na Marashtra, como Joaquim Correia Afonso de Benaulim, propõem a integração de Belgão, do Estado de Marahstra, e do Estado de Karnataka, no Estado de Goa, ambos territórios falantes da língua concani e limítrofes de Goa.
Por outro lado, Goa, a medida que se vai industrializando e atraindo a imigração indiana, que supõe-se ser de 30 a 40%, linguisticamente está a tornar-se uma miscelânea de línguas, Marathi, Hindi, bihari, urdu, etc.,e Concani de escrita dual: Romana e Devanagari, surgindo também em Goa o principio de paridade para escrever em romano e em devanagari, como fazem em Bengala Ocidental, Rajastan, Gujerat e outros Estados, na escrita das suas respetivas línguas.
Assim, sem uma uniformidade de escrita e com o divisionismo linguístico, tanto na escrita como na fonética, concani encontra-se fragilizado. Os naturais usam o inglês no seu relacionamento escrito nas instituições oficiais ou particulares, e, o preferem como língua de estudo e trabalho, e, ainda como meio de emigração para o estrangeiro. No entanto é de referir que os arquivos do E.I.P encontram-se escritos em português, desde século XVI até à alguns anos recentes, depois de 1961, data da queda do E.I.P.
Mas se durante quase 500 anos os arquivos de Goa, Damão e Diu foram escritos em português será licito substituir o português pelo inglês e substituir igualmente o alfabeto português/romano na escrita da língua concani pelo alfabeto devanagari? Por outro, se a identidade goesa durante o período português foi-se formando através da língua portuguesa a par da língua concani, usando ambas o mesmo alfabeto português e absorvendo a língua concani palavras portuguesas, com as alterações agora introduzidas no sintaxe da língua concani e na sua escrita com o alfabeto devanagari, a par do inglês como língua de ensino em substituição do português, não estará essa identidade goesa a ser extinta, mais a mais com o fluxo migratório, de 30 a 40%, das pessoas que falam outras línguas?
Em 2008, 2009 e 2010, respetivamente 312, 432 e 433 goeses obtiveram a nacionalidade e passaporte português, sendo a maioria de Agaçaim, Mercês, Stª Cruz e Taleigão. Segundo a constituição indiana estes goeses perdem o direito de voto nas eleições locais ou nacionais. In Herald; Goa,01/09/2010. Aproximadamente 1200 goeses adquiriram a nacionalidade portuguesa desde Janeiro de 2008 até Setembro de 2010. A maioria são católicos, 25 indus e 19 muçulmanos. Estes pedidos de nacionalidade para obter passaporte português são constantes no Consulado português de Goa. Os requerentes através do passaporte português emigram para a União Europeia e, sendo de nacionalidade portuguesa, ficam livres para arranjar emprego dum país para o outro sem a necessidade de visto de residência. Maioria trabalha no Reino Unido em profissões menores, nos Correios, hospitais, transportes e indútsrias. São pagos com aproximadamente 12 libras à hora, incluindo as vantagens de acomodação, educação para as crianças de graça. In. Navhind Times, 2010.Out.21.
Uma corrente política em Goa defende a expansão de Goa - uma Goa maior, acrescentando no norte o distrito de Sindhudurg, com uma área de 5 207 km2, do Estado de Maharastra, e no sul o distrito de Karva e Joida, com uma área de 2 622 km2, em satisfação dos anseios das respetivas populações locais, as quais são de opinião que a sua integração no Estado de Goa lhes dará benefícios, desenvolvimento e uma vida melhor. Consideram também uma maneira de reagrupar os territórios da zona de Concão, falantes de concani. Esta ideia incluiria na área de Goa boas zonas florestais em causa. Muitas pessoas de Karwar já se encontram radicadas em Goa, como funcionários do Governo Central, desde 1961, após a ocupação de Goa pela Índia. Esta expansão aceleraria talvez a indianização de Goa já em curso desde 1961. Pois, em 1961 a população católica de Goa era de 35%. Os censos de 2001 registaram apenas 21%, devido a imigração de hindus dos outros Estados indianos. In Goa News/Sould Karwar-Sindhudurg be Goa?; 2010.Out.21
AMBIENTE, PLANEAMENTO E IMIGRAÇÃO - Nas praias é comum ver-se cães e gado, misturados com os turistas, enquanto os migrantes dedicam-se ao negócio, ao tráfico de droga e prostituição e são empregados nos restaurantes, vivem em bairros sem saneamento e espalham seus lixos e defecam ao ar livre. Muitas pessoas morrem em Goa com a raiva depois da mordedura dos cães, incluindo turistas estrangeiros e o gado muitas das vezes se encontra a noite acampado nas estradas, e cães e gado circulam em algumas ruas e nos mercados. Os campos e as serras estão cobertos de lixo e vê-se construção de prédios nas zonas húmidas e nas serras. O tratamento de esgotos e resíduos sólidos, industriais e domésticos, parece inexistente. O trânsito nas cidades é caótico, sem regras, onde não são respeitados os direitos do peão.
Atraídos pela beleza natural, os hippies vieram a Goa na década de 1960 à procura da droga que vinha através do corredor de Katmandu, Afganistão. Hoje fala-se no contrabando de droga sobretudo no norte de Goa com participação dos cidadãos estrangeiros segundo a informação do "Narcotic Central Bureau" (NCB), drogas como charas, ganja, opio e heroina, valium, viagra, mandrax e ketamine e os estabelecimentos de restauração ao longo das praias, na maioria vendem droga aos turistas, especialmente aos estrangeiros e cujo pico de consumo aumenta no fim-do-ano e no carnaval. Supõem-se que os nigerianos dominam Candolim-Calangute areas costeiras, os homens locais nas praias de Anjuna, israelitas no extremo-norte, russos em Morjim e Mandarem.
Raptos, homicídios, suicídios, abusos das jovens, incluindo estrangeiros: 2008 jovem inglesas Scarlette Eden Keeling encontrada morta na praia de Anjuna, desde então tem havido vários casos de morte registados nas esquadras de polícia; 2010 uma jovem de Delhi Meha Bahuguna depois de ter participado no Sunburn Music Festival morreu num hospital de Pangim devido a droga; 2010 uma jovem russa de 9 anos foi abusada sexualmente numa praia em Arambol por migrantes trabalhadores indianos em Goa. Os meios de comunicação informam a opinião pública como que a culpa fosse das turistas estrangeiras, devido ao uso de bikini nas praias e ao hábito de as mesmas andarem fora das casas à noite, no entanto nos mesmos meios de comunicação há referências também de homicídios e abusos sucederem em relação aos elementos locais. Pois, homicídios, em 2005 houve 43 e em 2006 38. Em 2008 foram encontradas 18 mulheres mortas por um homicida, que as atraia prometendo casamento; em Outubro de 2009 foram encontrados 10 cadáveres, dos quais 8 eram homicídios e destes 3 encontravam-se queimados, num raio de 30 km da capital de Goa, Panaji, in "SBNLIVE, 17/10/2009, Indian Section".
Goa sendo um destino do turismo popular supõe-se que é usado para contrabando de drogas para países estrangeiros via postal e por meio de correios de droga e que certas companhias farmacêuticas possam estar também envolvidas e há notícias de que a Interpol tem alertado as autoridades indianas duma possível ligação de indianos e goeses com a mafia de droga internacional atraves das pessoas que trabalham nos barcos de pesca no alto-mar. Os casinos no Rio Mandovi implantados pelos migrantes indianos empregam dançarinas russas, punjabi e indianos de NE.
Há também casos de rixas entre os estrangeiros e os locais: um sul-coreano é agredido pelos locais por ter recusado e reclamado o troco em chocolates depois duma compra em 2009 e em 2008 caso idêntico um australiano foi agredido pelos empregados dum hotel vindo a falecer. Em 2010 depois duma troca de palavras um taxista local foi agredido por um russo, vindo a falecer depois no hospital.
Verificam-se assiduamente quase todos os dias avisos de mudança de nomes nos jornais de Goa, "Change of name" em que os nomes, na gande maioria nomes católicos, poucos hindus e muçulmanos, são alterados. Muitos desses nomes, alguns escritos em ingles passam a ser escritos em português de acordo com a norma portuguesa.
Há 2 tipos de migrantes: Migrantes trabalhadores vulgares e migrantes da classe alta vivendo em vivendas ou apartamentos luxuosos e possuindo casas luxuosas com altos cargos nas firmas e nos serviços do governo e outros homens de negócios. Os construtores de Delhi, Mumbai, Hyderabad, Belgaum, Bengalore, etc., homens de negócios russos, israelitas e nigerianos, tomam conta de Goa, compram propriedades; os vendedores nos mercados são de Karnataka; os cozinheiros do norte de Índia trabalham nos hóteis e restaurantes, e trabalhadores de construção civil são de Orissa, Bihar, Utar Pradesh, Karnataka e Rajasthan.
Em certos restaurantes, dirigidos pelos europeus, face a prática de discriminação dos goeses e indianos, o governo foi obrigado a legislar leis para impedir este fenómeno discriminatório. Qual será a verdadeira causa da discriminação? Raça? Hábito de comer com a mão ainda muito vulgar em certos sítios públicos? É vulgar também na maioria dos restaurantes e casas usarem para comer colher e garfo, em vez de faca e garfo!!! Pois, como é sabido, colher é para tomar a sopa e faca é para cortar carne ou peixe!!! Outro hábito relacionado na India, incluindo Goa, as pessoas não usam papel higiénico nas casas de banho, pois estão habituados a usar o pote com água e lavar com a mão esquerda o rabo em vez de limpa-lo com o papel higiénico, o que não é nada prático sobretudo nas casas de banho dos restaurantes. Há noticias 2009-2010 de que num restaurante dirigido pelos ingleses não era permitido acesso aos indianos e num restaurante em Candolim, após uma reclamação dum casal goês/indiano, alguns clientes europeus, ingleses/australianos, do mesmo restaurante terem proferido aos mesmos expressões como: "Get out, dirty indians".
DIASPORA GOESA - Enquanto trabalhadores migrantes, seguranças, carpinteiros, pedreiros, cabeleireiros, entram em Goa, os goeses emigram aos territórios do Golfo e a outras partes do mundo, Inglaterra, Canadá, Austrália, Estados Unidos de América, etc., e trabalham também nos barcos, petroleiros e marinha mercante internacional. Para ajudar os goeses "Non Residents Goans" (NRGs) o Governo de Goa criou uma página na internet"globalgoans" no sentido de proteger seus direitos e seus bens, que através da lei “Goa Buildings (Lease, rent and evictions) Control Act, 1968, em vigor desde 2009, concedeu aos NRIs (non residents indians) e aos PIO (person of indian origin) os mesmos benefícios dos membros das Forças Armadas ou empregados do governo central, dando-lhes assim a prioridade nos processos da justiça, mediante o uso de GOA CARDS, adquirível pelos "NRGs" por 250 rupias. Os seus portadores tem também benefícios nos hospitais particulares, hotéis, etc., e direito a cobertura de Acidentes Pessoais de 1 00 000 (um lak de rupias). O estudo “GOA MIGRATION STUDY 2008” publicado em 2009 refere que a diáspora goesa se encontra em 43 países e destes 56% no Golfo Pérsico, 13% na Europa, 11% no Sul da Ásia e SE da Ásia, 10% na América do Norte e 7% nas Linhas dos Cruzeiros Marítimos e barcos mercantes. 16% das famílias goesas tem pelo menos 1 emigrante fora ou regressado,e, destes 20% são mulheres.
RELIGIÃO E HARMONIA COMUNAL - A harmonia comunal centenária, apanágio do Estado da India Portuguesa, existente entre católicos, hindus e muçulmanos, assistindo até as festas religiosas independentemente da fé, como as festas de S. Francisco Xavier, Senhora de Saúde-Saibin e a de Zatras dos hindus, e dos muçulmanos, parece que está a ser substituída por uma onda de violência, assassinatos, raptos, fanatismo religioso, idolatria, bombas, profanação e vandalização dos templos. A celebração anual das festas de Nª Srª de Brotas "our Lady of Springs em Angediva em 2/fev e de S. Francisco de Assis em 4/10, à partir de 2004, a Base Naval de Karvar que ocupa a Ilha de Angediva proibiu em conformidade com a decisão do Ministro da Defesa, receando disturbios comunais, depois de Rana Sena, RSS, ter solicitado que a hindus também fosse permitido lá celebrar a festa duma divindade transferida da Ilha depois da chegada dos portugueses. A marinha indiana quer apoderar-se também da Ilha de S. Jorge, e após a posse como é hábito as actividades civis e religiosas são proibidas, invocando a segurança da base naval. In Daily News & Analysis, DNA; 20.09.2010
No dia 18/10/2009, durante os festejos hindus de Divali, houve a colocação de 3 bombas que a polícia desmontou, e na cidade de Margão, onde também se realizava a festa da Nossa Senhora de Graça, na Igreja de Graça, uma quarta rebentou ao ser transportada e causou a morte dos seus 2 portadores. Supõe-se que a autoria é da organização da extrema direita-hindu, Sanatan, fundada em 1990 por um hipnoterapeuta formado em Inglaterra, acusada também de ter colocado em 2008 bombas em algumas salas de cinemas em 3 sítios, na área de Bombaim; In Sindh Today, 18/10/2009. Esta organização chamada RSS, Rashtrhiya Swayansevak Sangh, defende a unidade da Índia através da uniformidade, e proclama que: " Quando há duas religiões e duas línguas ocorrem problemas, e, por isso a Hindutva quer construir a ìndia com as tradições indianas e com uma só língua" e refere que tem 100 centros seus representativos em Goa com 25 000 membros activos. Em Goa a sua luta formalmente começou em 1962.
2011.02. "As estatísticas revelam que dos 126 turistas estrangeiros falecidos em Goa nos últimos dois anos, aproximadamente 40 eram cidadãos britânicos. Segundo o Diretor de Goa Tourism a maioria dos turistas estrangeiros faleceu de morte natural, excetuando os recentes casos de assalto sexual das mulheres russas e em 2008 o rapto e homicído de Scarlett. Goa recebia anualmente aproximadamente 500 000 turistas estrangeiros, mas a partir de 2008 este número baixou para 300 000. Segundo as fontes de National Crime Records Bureau 20 737 raptos foram registados na Índia em 2007, destes Goa registou 20 casos, mas segundo a informação policial o número é superior e só no norte de Goa houve 27 casos registados em 2009, dos quais apenas 3 vítimas eram estrangeiras. Por isso para a segurança dos turistas desde Dezembro de 2010 foram destacados 40 guardas nas praias, zonas dos bares e nos locais religiosos, munidos de 15 viaturas jeeps e motociclos para patrulhamento. Aproximadamente um terço da população de Goa depende da atividade turistica direta e indiretamente. O Governo Central anunciou um plano para implementar infra-estruturas turísticas, como campo de golf, marina e um centro turístico, através de colaboração com as entidades privadas. Esperamos do governo local a construção de estradas e estruturas de diversão para promover espetáculos e eventos. Até à presente data 500 voos charter têm chegado a Goa com turistas estrangeiros." In. Goa tourism in damage control mode, quarta-feira, 9 de Fevereiro de 2011