terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Goa – 25º Estado da União Indiana

GOA - 25º ESTADO DA UNIÃO INDIANA

- EVACUAÇÃO DOS MILITARES E CIVIS  DO EIP -  Após a rendição dos militares portugueses, estes foram aprisionados nos campos de concentração militar. O governo português em meados de Janeiro de 1962 providenciou junto do Governo da Índia o seu repatriamento  e dos civis portugueses de Goa, Damão e Diu, independentemente da sua naturalidade, desde que desejassem sair. A Índia respondeu favoravelmente a proposta portuguesa, mas acrescentou-a a troca de 5 cidadãos indianos detidos em Portugal pelos cidadãos portugueses civis detidos em Goa pela União Indiana e pediu permissão de pleno exercício de actividades, sem restrição de qualquer tipo, aos seus 12 000 cidadãos indianos residentes em Moçambique, mas concordou em autorizar a todos os residentes manter nacionalidade portuguesa caso quisessem,  embora descordando do princípio de que a população da Índia Portuguesa fosse de nacionalidade portuguesa,  e em lhes autorizar a abandonar a Índia com a concessão dos respectivos vistos de saída. O governo português aceitou apenas o repatriamento dos seus militares e civis, sem a contrapartida de concessão da liberdade sem restrições aos 12 000 cidadãos indianos detidos em território português, a não ser que estes optassem pela nacionalidade portuguesa. Cumpridos os trâmites de entendimento entre os dois países no dia 2 de Março de 1962 foi iniciada a evacuação dos portugueses, pelo itinerário aéreo de Goa (Mormugão) para Karachi, com cerca de 60 voos e com uma média de 5 voos diários, seguindo daqui para Lisboa via marítima, através dos navios, Vera Cruz, Pátria e Moçambique.

DIPLOMACIA DO GOVERNO PORTUGUÊS E ACTIVIDADE DAS INSTITUIÇÕES GOESAS - Iniciada a invasão dos territórios do Estado da India Portuguesa, (EIP) Portugal apresentou queixa ao Conselho de Segurança da ONU, no dia 18 de Dezembro de 1961, que com a maioria de 7 votos mandou suspender as hostilidades, recuar as forças invasoras para os pontos de partida e fazer negociações para solução do conflito, mas a resolução foi vetada pela Rússia.Após a conquista do EIP no dia 19.12.1961, Goa, Damão e Diu ficaram politicamente subordinados a lei marcial do regime militar presidido pelo General Candeth até 1963, quando se deram as primeiras eleições e Dayananda Bandodcar de Maharastrhawadi Gomantak Party (MGP) tornou-se Ministro Chefe de Goa, Damão e Diu.

A política externa portuguesa denunciou em 1962 à Assembleia-Geral das NU a saída de mais de 3 mil goeses para Lisboa e outros tantos para outras regiões do mundo desde Dezembro de 1961 e pediu retirada das forças de ocupação e de administração indiana.

A  Associação Goesa de Nairobi em 1962 apresentou a Índia o pedido de plebiscito no contexto de autodeterminação e organizou em Paris em Dezembro de 1963 a Conferência do Povo de Goa, Damão e Diu, em que foi criado o movimento "Goa Freedom Movement" com sede em Londres, sendo seu Secretário-Geral, António de Fonseca.

Quando do referendo nos territórios de Goa, Damão e Diu, Portugal alegou em 23 de Janeiro de 1967, nas NU, que aos goeses apenas foram apresentadas 2 alternativas: opção de integração no Estado de Maharastra ou continuação como territórios de União Indiana, e pediu garantias para uma livre escolha entre a sua submissão ao Governo de Nova Delhi e a sua aspiração legítima de manter a sua individualidade. Mas, face aos resultados obtidos,  10 dias depois, a Índia anunciou aqueles territórios como territórios da União Indiana. Este referendo ao não dar também a opção de independência aos goeses mostrou a sua fraqueza democrática, sobretudo, tomando em consideração que aqueles territórios foram conquistados com o uso massivo de forças militares, sem a existência duma rebelião interna contra a soberania portuguesa.

Também em 1967 Portugal comunicou às Nações Unidas que a Índia deveria ser obrigada a devolver o que invadiu, ocupou e retém pela força das armas e contra a vontade das populações.

Pelo Decreto de 27-11-1973 Portugal manteve em vigor o Estatuto Político Administrativo da Província do Estado da Índia, aprovado pelo Decreto 40 216 de 1 7 1955.

O Decreto nº 206/75, assinado em 31-12-1974, em Nova Delhi, pelos representantes de ambos os países, J.P.Chavan, India, e Mário Soares, Portugal, após a Revolução Portuguesa de 1974, aprovou o Tratado entre a Índia e Portugal  e restabeleceu a nível de embaixadores as respectivas relações diplomáticas  e Portugal e India assinaram acordos de cooperação na área cultural em Goa, Damão, Diu, Dadrá e Nagar-Aveli:

-  Para preservação e restauração dos monumentos históricos e religiosos, mediante estudos e difusão da herança histórica e  intercâmbio de especialistas na arquitectura e arqueologia;

-  Para promoção da língua e cultura portuguesa e na área desportiva;

-  Em contrapartida, Portugal reconheceu  a soberania da Índia sobre Goa, Damão, Diu, Dadrá e Nagar-Aveli, depois de derrogar a parte correspondente do artigo 1º da Constituição Portuguesa de 1933, (que afirmava a unidade de Portugal desde Minho a Timor), tendo em mente o desejo dos povos da Índia e de Portugal de iniciarem uma nova era de amizade e cooperação, com base na igualdade de soberania e reciprocidade de benefícios e ambas as partes acordaram em resolver por meio de negociações bilaterais todas as questões entre elas, incluindo as respeitantes à propriedade, bens ou reclamações dos cidadãos dos respectivos países, bem como as questões relativas à propriedade estadual e aos bens de cada um dos Estados nos territórios do outro Estado;

-  Ambas as Partes acordam também em resolver por meio de negociações bilaterais os direitos e as reclamações de cidadãos indianos e de outros indivíduos dos territórios sob administração portuguesa, que tivessem interesses na Índia, respeitantes à sua propriedade e bens;

-  Portugal concordou, em princípio,  entregar à Índia  todos os arquivos, registos, papéis, documentos e outros materiais que digam respeito aos respectivos territórios, incluindo aqueles que possam ter sido transferidos para qualquer lugar fora destes territórios. De igual modo, a Índia concordou, em princípio, transferir para Portugal  todos os arquivos, registos, papéis, documentos e outros materiais que se possam encontrar nos mesmos territórios e que não digam respeito principalmente a esses territórios. Acordaram também que as modalidades da sua entrega, acesso, passagem de certidões e consultas mútuas serão estabelecidas pelas vias diplomáticas e quaisquer problemas de aplicação ou interpretação serão solucionados por negociações bilaterais.

Em 1980 a convite de cidadãos goeses Vassalo e Silva visitou oficialmente Goa, entre 10 e 17 de Junho, com todas as honras devidas como último Governador de Goa, para assistir as cerimónias de comemorações camonianas da responsabilidade do Governo de Goa, relativamente aos 400 anos da morte de Luís de Camões, com exposição iconográfica, bibliográfica, e filatélica, e com inauguração dum carimbo de  Correios, e ainda com palestras de professores sobre a necessidade de manter o ensino oficial da língua portuguesa.

Em 2005, quando o Presidente da República de Portugal, Cavaco Silva, visitou o Estado de Goa a Universidade de Goa concedeu-lhe o grau de Honoris Causa.

Em Goa existem as seguintes instituições para defesa da cultura e língua portuguesa:

-  Fundação do Oriente: Tem como objetivo manter relacionamento histórico e cultural, desenvolver   actividades culturais e colaborar na recuperação dos edifícios históricos. Exemplos recentes: 1999-2001, restauração da Capela do Monte, construida em 1517,  em Velha Goa,  em colaboração com o Governo de Goa e Arquidiocese de Goa e Damão. E em 2010 a organização do " Festival da Musica de Capela do Monte "Monte Music Festival".

-  CPLP/Instituto Camões: Tem como objetivo promover  cultura portuguesa, cursos da língua portuguesa, filmes, música, exposições de pintura, exposições de fotografia, feiras de livro, formação de professores de português para ensino secundário e superior e cursos de tradução de inglês para português e vice-versa. Um exemplo de relacionamento cultural, pode-se citar a Canção Mandó em português 2008, ver o vídeo nos endereços da internet da autoria de Maria Ana Bobone e Miguel Capucho, em Goa, 2008.

-  Goa Comunicare: Uma organização não-governamental vocacionada para promoção do diálogo inter-cultural e ensino de várias línguas, incluindo a língua portuguesa, e, para isso, encontra-se associada aos outros organismos que promovem o portugues e tem ao seu cargo o trabalho de recolha das tradições e musicas locais a fim de serem integradas nos programas de ensino da língua portuguesa a ser implantado futuramente nas escolas primárias. Procede também a recolha de informação bibliográfica de todos os livros em português que se encontram inactivos nas instituições ou nas casas particulares em Goa a fim de as mesmas serem incluidas numa biblioteca virtual para consulta pública.

- Goa,   A friendship Society, Altinho, Pangim: organização não-governamental, objetivo defender a língua e a cultura portuguesa. Oferece cursos livres de português, apoia conferências, debates, festivais, certames, cursos de culinária portuguesa, goesa e indiana, arranjos florais, costura tradicional portuguesa, danças, música e história. Ministra os cursos de português nas próprias escolas públicas e introduziu a Disciplina da Língua Portuguesa em algumas escolas do Estado de Goa e abriu cursos livres de português em Mapuça, Ponda, Vasco de Gama e Loutulim e Margão. Anualmente realiza 3 cursos: Básico I com duração de um ano letivo; Básico 2 com duração de 2 anos letivos; Curso de Conversação com um ano letivo.

Em 2009, uma missão de 12 empresários goeses, chefiada por César Meneses, presidente da Câmara de Comércio e Industria de Goa, visitou  Lisboa,  para reforçar as ligações entre os dois países, no sentido de empresários portugueses investirem em Goa nos sectores de construção, reparação naval, farmacêutica e biotecnologias.

Em 2009, Churchill um proeminente político goês e deputado, convidou  Luis Filipe Scolari, brasileiro, treinador de football mais bem pago do mundo a visitar Goa. Os representantes da  Universidade de Porto visitaram Goa e estabeleceram contactos no sentido de estabelecer em Goa um departamento seu na Área de Nutrição Desportiva.

Uma delegação portuguesa, chefiada pelo Embaixador de Portugal na Índia, visitou a cidade de Pangim e assinou um memorandum entre o Governo Português, Governo de Goa e a Fundação Oriente, encontarndo-se presente também o Consul Geral de Portugal em Goa e o Director das Relações Internacionais da Câmara Municipal de Lisboa, cujo Presidente António Costa, de ascendência goesa, está convidado para visitar dentro em brave a ciade de Pangim. Estes encontros a pedido dos representantes da Cidade de Goa tem por finalidade ajudar a implementação dum sistema de recolha e tratamentos de resíduos sólidos, e aplicação de medidas para a melhoria do sistema de transportes públicos em Goa. In. The Navhind Times, CCP may get Portugal´s help to develop city; 2010.10.27. Dois representantes deste delegação visitaram a Estação de Tratamentos dos Resíduos Sólidos de Headland, Sada, Vasco de Gama, e as outras estações municipais. In. The Navhind Times/Portugal Delegation visits Solid Waste treatment plant at Sada; 2010.10.28 

SITUAÇÃO SOCIAL E POLÍTICA EM GOA - Ocorreram em Goa na noite de 20 a 21 de Junho de 1963, 3 explosões, uma nuns armazéns em Cortalim, outra na Câmara Municipal de Margão e a outra na Câmara Municipal de Pondá, sendo seus autores o agente da PIDE Casimiro Monteiro, goês, ido de Portugal, com a cumplicidade de alguns goeses, que depois de julgados foram libertados, excepto um dos goeses, Olavo, que foi condenado a pena de prisão  e Casimiro Monteiro condenado à revelia a 10 anos de prisão.

- Dia 2 de Dezembro de 1965 foi preso em Goa o Monsenhor F.X.Monteiro  por não acatar a ordem de expulsão porque defendia a ideia de que Goa pertencia a Portugal.

- A Índia em 1 de Dezembro de 1966 decidiu organizar o referendo, "Opinion Poll 1967", para decidir a  integração de Goa no Estado de Maharastra e Damão e Diu no Estado de Guzerate ou a continuação como territórios do Governo Central da União Indiana. Para o efeito dissolveu o Ministério de Goa, chefiado por Bandodkar e a respectiva Assembleia Legislativa   e nomeou o governo presidencialista por seis meses, período em que o Partido Maharastrawadi Gomantak apoiou a união com a Marashtra e o partido dos Goeses Unidos, predominantemente católico, em conjunto com o Partido do Congresso (Goa), apoiou o voto como Território  de União. O Referendo realizou-se no dia 16 de Janeiro de 1967, com a vitória dos "Goeses Unidos", em Goa, sendo  138 170 pró Maharastra e 172 191 contra, em que a origem dos votos sugeria que tinham votados contra: os católicos mais 15 a 20 por cento dos hindus. Enquanto Damão e Diu optaram pela continuação como território do Governo Central.Portugal alegou em Janeiro de 1967 nas Nações Unidas que aos goeses apenas foram dadas duas alternativas e pediu garantias para uma livre escolha entre estarem submetidos ao Governo da União Indiana ou manter a sua individualidade, mas a Índia anunciou aqueles territórios como da União Indiana.

- Em 1973 Portugal manteve em vigor o Estatuto Político-Administrativo da Província do Estado da Índia, aprovado em 1955. Com o 25.04.1974 foram estabelecidas as relações diplomáticas entre Portugal e Índia e foi reconhecida a soberania da Índia sobre o Estado da India Portuguesa e acordaram também preservar a língua, cultura portuguesa e conservar os monumentos históricos e religiosos.

- Em 1980 ao convite dos goeses Vassalo e Silva visitou oficialmente Goa para assistir as cerim´nias camonianas.

- Após consulta em 198,7 o Primeiro Minsitro Indiano Rajiv Gandhi reconheceu à Goa  o estatuto de 25º Estado da União Indiana, e declarou, depois de uma campanha politicamente agitada," em que morreu Floriano Vaz, um estudante de Fatordá e deram-se alguns incidentes e mortes em Neurá Tiswadi Ilhas Agaçaim" In Goanet 20.12.2010,  concani como língua oficial, em 1987. Nesssa altura concani era escrita, desde o século XVI, usando oficialmente o alfabeto português, facto que permitia uma maior facilidade de estudo na aprendizagem das duas línguas, concani e portuguesa, sendo a fonética a mesma para ambas as línguas.

- Em 18/12/2006, dia por coincidência da invasão e posterior ocupação de Goa pela India, uma grande manifestação popular realizou-se na  Praça de Azad Maidan, em Pangim, onde Goa Bachao Abhiyan fez o seu primeiro comício contra o Regional Town Planing 2011, (RTP) obrigando o governo a suspendê-lo. Mas na prática, tudo continuou na mesma, as serras foram desforestadas; os campos e zonas húmidas foram aterradas para construção de difícios; a exploração mineira continuou sem limites; os grandes projectos de construção continuaram, apesar dos protestos; o fluxo migratório dos restantes Estados da Índia continua, cativando mais migrantes não-cristãos ao território através da reserva de 20% de emprego em Goa, o que faz diminuir ainda mais a percentagem dos cristãos e dá oportunidade para causar problemas inter-religiosos, e supõe-se que os migrantes são já 30 a 40% da população total de Goa, que é de 1 300 000 habitantes;  o lixo orgânico e industrial, perigoso e não perigoso, continua sem tratamento;o solo, a água, sobretudo os rios, mostram-se poluídos.Tudo isso significa destruição dos ecossitemas e da biodiversidade, com construções e indústrias mal planeadas. A construção do aeroporto de Mopa, junto da fronteira de Maharastra supõe-se que desvalorizará o aeroporto civil de Dabolim, construído em 1954, que por sua vez a Marinha Indiana o reservou para a sua integração na sua base naval, sediada em Karwar,  em 1968, nos termos da lei de defesa, de acordo com o plano de defesa da Índia. O Plano de 2021, tal como o plano de 2011, são assim considerados planos de destruição de Goa. Este desenvolvimento planeado sem tomar em consideração o seu impacto ambiental negativo,  será ainda agravado com a previsão mundial de subida da água do nível do mar em toda a costa marítima do globo, claro incluindo a costa goesa.

- Face ao agravamento da situação, já se fala nos jornais na necessidade de concessão do Estatuto Especial "Special Status", como Himachal Pradesh, Kasmir e Assam, supondo que isso permitirá uma gestão e desenvolvimento sustentável de Goa, e redução do número dos migrantes em consequência da diminuição da construção civil e das industrias poluentes, enquanto isso muitos goeses solicitam o passaporte português como um documento privilegiado para obtenção do emprego no mundo ocidental e noutros países.

- "Num comício em Pangim os representantes de partidos RSS e BJB advertiram o governo que lançariam uma agitação para obrigar o governo a encerrar o Consulado de Portugal em Goa, substituir as placas das ruas de Pangim com nomes em português, e investigar a Fundação do Oriente. Neste comício crianças queimaram uma éfige de Afonso de Albuquerque. Acusaram a Fundação do Oriente de incentivar portuguesismo em Goa através de doações e bolsas de estudo. Decidiram também impedir todas as inciativas locais para glorificar a história portuguesa em nome da cultura e laços comerciais, e o dia 25.11 foi considerado um dia negro, dia em que Afonso de Albuquerque em 1510, no dia de Santa Catarina, conquistou Goa aos muçulmanos com a ajuda do rei hindu Timoja." In. The Times of Índia: Anti-portuguese resolution passed by group in Panaji; 26.11.2010.

LÍNGUA OFICIAL DE GOA, CONCANI - Foi necessário que o povo lutasse contra os governos, local e central, para que fosse reconhecido a Goa o direito a ser um Estado com uma língua própria, concani. Lingua falada por cerca de 3, 6 milhoes em Goa, Karnataka e Maharastra, mas é escrita em Goa em 2 alfabetos, devanagari, o oficial, e romano com fonética portuguesa, seja alfabeto português,  e nos Estados de Karnataka e de Kerala é escrita em alfabeto kannada ou dravidiano.

Sendo Goa, limitada à norte com o Estado de Maharastra, onde também parte da população fala concani, mas escreve em devanagari, os apoiantes destes em Goa,  reclamam a integração de Goa na Maharastra, apesar de haver outros goeses que escrevem concani em alfabeto romano com fonética portuguesa,  incluindo nestes a maior parte da diáspora goesa no mundo, com uma longa história de 500 anos de literatura, sobretudo os católicos. Os opositores a integração na Marashtra, como Joaquim Correia Afonso de Benaulim, propõem a integração de Belgão, do Estado de Marahstra, e do Estado de Karnataka, no Estado de Goa, ambos territórios falantes da língua concani e limítrofes de Goa.

Por outro lado, Goa, a medida que se vai industrializando e atraindo a imigração indiana, que supõe-se ser de 30 a 40%, linguisticamente está a tornar-se uma miscelânea de línguas, Marathi, Hindi, bihari, urdu, etc.,e Concani de escrita dual: Romana e Devanagari, surgindo também em Goa o principio de paridade para escrever em romano e em devanagari, como fazem em Bengala Ocidental, Rajastan, Gujerat e outros Estados, na escrita das suas respetivas línguas.

Assim, sem uma uniformidade de escrita e com o divisionismo linguístico, tanto na escrita como na fonética, concani encontra-se fragilizado. Os naturais usam o inglês no seu relacionamento escrito nas instituições oficiais ou particulares, e, o preferem como língua de estudo e trabalho, e, ainda como meio de emigração para o estrangeiro. No entanto é de referir que os arquivos do E.I.P encontram-se escritos em português, desde século XVI até à alguns anos recentes, depois de 1961, data da queda do E.I.P.

Mas se durante quase 500 anos os arquivos de Goa, Damão e Diu foram escritos em português será licito substituir o português pelo inglês e substituir igualmente o alfabeto português/romano na escrita da língua concani pelo alfabeto devanagari? Por outro, se a identidade goesa durante o período português foi-se formando através da língua portuguesa a par da língua concani, usando ambas o mesmo alfabeto português e absorvendo a língua concani palavras portuguesas, com as alterações agora introduzidas no sintaxe da língua concani e na sua escrita com o alfabeto devanagari, a par do inglês como língua de ensino em substituição do português, não estará essa identidade goesa a ser extinta, mais a mais com o fluxo migratório, de 30 a 40%, das pessoas que falam outras línguas?

Em 2008, 2009 e 2010, respetivamente 312, 432 e 433 goeses obtiveram a nacionalidade e passaporte português, sendo a maioria de Agaçaim, Mercês, Stª Cruz e Taleigão. Segundo a constituição indiana estes goeses perdem o direito de voto nas eleições locais ou nacionais. In Herald; Goa,01/09/2010. Aproximadamente 1200 goeses adquiriram a nacionalidade portuguesa desde Janeiro de 2008 até Setembro de 2010. A maioria são católicos, 25 indus e 19 muçulmanos. Estes pedidos de nacionalidade para obter passaporte português são constantes no Consulado português de Goa. Os requerentes através do passaporte português emigram para a União Europeia e, sendo de nacionalidade portuguesa, ficam livres para arranjar emprego dum país para o outro sem a necessidade de visto de residência. Maioria trabalha no Reino Unido em profissões menores, nos Correios, hospitais, transportes e indútsrias. São pagos com aproximadamente 12 libras à hora, incluindo as vantagens de acomodação, educação para as crianças de graça. In. Navhind Times, 2010.Out.21.

Uma corrente política em Goa defende a expansão de Goa - uma Goa maior, acrescentando no norte o distrito de Sindhudurg, com uma área de 5 207 km2, do Estado de Maharastra, e no sul o distrito de Karva e Joida, com uma área de 2 622 km2, em satisfação dos anseios das respetivas populações locais, as quais são de opinião que a sua integração no Estado de Goa lhes dará benefícios, desenvolvimento e uma vida melhor. Consideram também uma maneira de reagrupar os territórios da zona de Concão, falantes de concani. Esta ideia incluiria na área de Goa boas zonas florestais em causa. Muitas pessoas de Karwar já se encontram radicadas em Goa, como funcionários do Governo Central, desde 1961, após a ocupação de Goa pela Índia. Esta expansão aceleraria talvez a indianização de Goa já em curso desde 1961. Pois, em 1961 a população católica de Goa era de 35%. Os censos de 2001 registaram apenas 21%, devido a imigração de hindus dos outros Estados indianos. In Goa News/Sould Karwar-Sindhudurg be Goa?; 2010.Out.21

AMBIENTE, PLANEAMENTO E IMIGRAÇÃO - Nas praias é comum ver-se cães e gado, misturados com os turistas, enquanto os migrantes dedicam-se ao negócio, ao tráfico de droga e prostituição  e são empregados nos restaurantes, vivem em bairros sem saneamento e espalham seus lixos e defecam ao ar livre. Muitas pessoas morrem em Goa com a raiva depois da mordedura dos cães, incluindo turistas estrangeiros e o gado muitas das vezes se encontra a noite acampado nas estradas, e cães e gado circulam em algumas ruas e nos mercados. Os campos e as serras estão cobertos de lixo e vê-se construção de prédios nas zonas húmidas e nas serras. O tratamento de esgotos e resíduos sólidos, industriais e domésticos, parece inexistente. O trânsito nas cidades é caótico, sem regras, onde não são respeitados os direitos do peão.

Atraídos pela beleza natural, os  hippies vieram a Goa na década de 1960 à procura da droga que vinha através do corredor de Katmandu, Afganistão. Hoje fala-se no contrabando de droga sobretudo no norte de Goa com participação dos cidadãos estrangeiros segundo a informação do "Narcotic Central Bureau" (NCB), drogas como charas, ganja, opio e heroina, valium, viagra, mandrax e ketamine e os estabelecimentos de restauração ao longo das praias, na maioria vendem droga aos turistas, especialmente aos estrangeiros e cujo pico de consumo aumenta no fim-do-ano e no carnaval. Supõem-se que os nigerianos dominam Candolim-Calangute areas costeiras, os homens locais nas praias de Anjuna, israelitas no  extremo-norte, russos em Morjim e Mandarem.

Raptos, homicídios, suicídios, abusos das jovens, incluindo estrangeiros: 2008 jovem inglesas Scarlette Eden Keeling encontrada morta na praia de Anjuna, desde então tem havido vários casos de morte registados nas esquadras de polícia; 2010 uma jovem de Delhi Meha Bahuguna depois de ter participado no Sunburn Music Festival morreu num hospital de Pangim devido a droga; 2010 uma jovem russa de 9 anos foi abusada sexualmente numa praia em Arambol por migrantes trabalhadores indianos em Goa. Os meios de comunicação informam a opinião pública como que a culpa fosse das turistas estrangeiras, devido ao uso de bikini nas praias e ao hábito de as mesmas andarem fora das casas à noite, no entanto nos mesmos meios de comunicação há referências também de homicídios e abusos sucederem em relação aos elementos locais. Pois, homicídios,  em 2005 houve 43 e em 2006 38. Em 2008 foram encontradas 18 mulheres mortas por um homicida, que as atraia prometendo casamento; em Outubro de 2009 foram encontrados 10 cadáveres, dos quais 8 eram homicídios e destes 3 encontravam-se queimados, num raio de 30 km da capital de Goa, Panaji, in "SBNLIVE, 17/10/2009, Indian Section".

Goa sendo um destino do turismo popular supõe-se que é usado para contrabando de drogas para países estrangeiros via postal e por meio de correios de droga  e que certas companhias farmacêuticas possam estar também envolvidas e há notícias de que a Interpol tem alertado as autoridades indianas duma possível ligação de indianos e goeses com a mafia de droga internacional atraves das pessoas  que trabalham nos barcos de pesca no alto-mar. Os casinos no Rio Mandovi implantados pelos migrantes indianos empregam dançarinas russas, punjabi e indianos de NE.

Há também casos de rixas entre os estrangeiros e os locais: um sul-coreano é agredido pelos locais por ter recusado e reclamado o troco em chocolates depois duma compra em 2009 e em 2008 caso idêntico um australiano foi agredido pelos empregados dum hotel vindo a falecer. Em 2010 depois duma troca de palavras um taxista local foi agredido por um russo, vindo a falecer depois no hospital.

Verificam-se assiduamente quase todos os dias avisos de mudança de nomes nos jornais de Goa, "Change of name" em que os nomes, na gande maioria nomes católicos, poucos hindus e muçulmanos,  são alterados. Muitos desses nomes, alguns escritos em ingles passam a ser escritos em português de acordo com a norma portuguesa.

Há 2 tipos de migrantes: Migrantes trabalhadores vulgares e migrantes da classe alta vivendo em vivendas ou apartamentos luxuosos e possuindo casas luxuosas com altos cargos nas firmas e nos serviços do governo e outros homens de negócios. Os construtores de Delhi, Mumbai, Hyderabad, Belgaum, Bengalore, etc., homens de negócios russos, israelitas e nigerianos, tomam conta de Goa, compram propriedades; os vendedores nos mercados são de Karnataka; os cozinheiros do norte de Índia trabalham nos hóteis e restaurantes, e trabalhadores de construção civil são de Orissa, Bihar, Utar Pradesh, Karnataka e Rajasthan.

Em certos restaurantes, dirigidos pelos europeus, face a prática de discriminação dos goeses e indianos, o governo foi obrigado a legislar leis para impedir este fenómeno discriminatório. Qual será a verdadeira causa da discriminação? Raça? Hábito de comer com a mão  ainda muito vulgar em certos sítios públicos? É vulgar também na  maioria dos restaurantes e casas usarem para comer colher e garfo, em vez de faca e garfo!!! Pois, como é sabido,  colher é para tomar a sopa e faca é para cortar carne ou peixe!!! Outro hábito relacionado na India, incluindo Goa, as pessoas não usam papel higiénico nas casas de banho, pois estão habituados a usar o pote com água e lavar com a mão esquerda o rabo em vez de limpa-lo com o papel higiénico, o que não é nada prático sobretudo nas casas de banho dos restaurantes. Há noticias 2009-2010 de que num restaurante dirigido pelos ingleses não era permitido acesso aos indianos e num restaurante em Candolim, após uma reclamação dum casal goês/indiano, alguns  clientes europeus, ingleses/australianos, do mesmo restaurante terem proferido aos mesmos  expressões como: "Get out, dirty indians".

DIASPORA GOESA - Enquanto trabalhadores migrantes, seguranças, carpinteiros, pedreiros, cabeleireiros, entram em Goa, os goeses emigram aos territórios do Golfo e a outras partes do mundo, Inglaterra, Canadá, Austrália, Estados Unidos de América, etc., e trabalham também nos barcos, petroleiros e marinha mercante internacional. Para ajudar os goeses "Non Residents Goans" (NRGs) o Governo de Goa criou uma página na internet"globalgoans" no  sentido de proteger seus direitos e  seus bens, que através  da lei  “Goa Buildings (Lease, rent and evictions) Control Act, 1968, em vigor desde 2009, concedeu aos  NRIs (non residents indians) e aos PIO (person of indian origin)  os mesmos benefícios dos membros das Forças Armadas ou empregados do governo central, dando-lhes assim a prioridade nos processos da justiça, mediante o uso de GOA CARDS, adquirível pelos "NRGs" por 250 rupias. Os seus portadores tem também benefícios nos hospitais particulares, hotéis, etc., e direito a cobertura de Acidentes Pessoais de 1 00 000 (um lak de rupias). O estudo “GOA MIGRATION STUDY 2008” publicado em 2009 refere que a diáspora goesa se encontra em 43 países e destes 56% no Golfo Pérsico, 13% na Europa, 11% no Sul da Ásia e SE da Ásia, 10% na América do Norte e 7% nas Linhas dos Cruzeiros Marítimos e barcos mercantes. 16% das famílias goesas tem pelo menos 1 emigrante fora ou regressado,e, destes 20% são mulheres.

RELIGIÃO E HARMONIA COMUNAL -  A harmonia comunal centenária, apanágio do Estado da India Portuguesa, existente entre católicos, hindus e muçulmanos, assistindo até as festas religiosas independentemente da fé, como as festas de S. Francisco Xavier, Senhora de Saúde-Saibin e a de Zatras dos hindus, e dos muçulmanos, parece que está a ser substituída por uma onda de violência, assassinatos, raptos, fanatismo religioso, idolatria, bombas, profanação e vandalização dos templos.  A celebração anual das festas de Nª Srª de Brotas "our Lady of Springs em Angediva em 2/fev e de S. Francisco de Assis em 4/10, à partir de 2004,  a Base Naval de Karvar que ocupa a Ilha de Angediva proibiu em conformidade com a decisão do Ministro da Defesa, receando disturbios comunais, depois de Rana Sena, RSS, ter solicitado que a hindus também fosse permitido lá celebrar a festa duma divindade transferida da Ilha depois da chegada dos portugueses. A marinha indiana quer apoderar-se também da Ilha de S. Jorge, e após a posse como é hábito as actividades civis e religiosas são proibidas, invocando a segurança da base naval. In Daily News & Analysis, DNA; 20.09.2010

No dia 18/10/2009, durante os festejos hindus de Divali, houve a colocação de 3 bombas que a polícia desmontou, e na cidade de Margão, onde também se realizava a festa da Nossa Senhora de Graça, na Igreja de Graça, uma quarta rebentou ao ser transportada e causou a morte dos seus 2 portadores. Supõe-se que a autoria é da organização da extrema direita-hindu, Sanatan, fundada em 1990 por um hipnoterapeuta formado em Inglaterra, acusada também  de ter colocado em 2008 bombas em algumas salas de cinemas em 3 sítios, na área de Bombaim; In Sindh Today, 18/10/2009. Esta organização chamada RSS, Rashtrhiya Swayansevak Sangh, defende a unidade da Índia através da uniformidade, e proclama que: " Quando há duas religiões e duas línguas ocorrem problemas, e, por isso a Hindutva quer construir a ìndia com as tradições indianas e com uma só língua" e refere que tem 100 centros seus representativos em Goa com 25 000 membros activos. Em Goa a sua luta formalmente começou em 1962.

2011.02. "As estatísticas revelam que dos 126 turistas estrangeiros falecidos em Goa nos últimos dois anos, aproximadamente 40 eram cidadãos britânicos. Segundo o Diretor de Goa Tourism a maioria dos turistas estrangeiros faleceu de morte natural, excetuando os recentes casos de assalto sexual das mulheres russas e em 2008 o rapto e homicído de Scarlett. Goa recebia anualmente aproximadamente 500 000 turistas estrangeiros, mas a partir de 2008 este número baixou para 300 000. Segundo as fontes de National Crime Records Bureau  20 737 raptos foram registados na Índia em 2007, destes Goa registou 20 casos, mas segundo a informação policial o número é superior e só no norte de Goa houve 27 casos registados em 2009, dos quais apenas 3 vítimas eram estrangeiras. Por isso para a segurança dos turistas desde Dezembro de 2010 foram destacados 40 guardas  nas praias, zonas dos bares e nos locais religiosos, munidos de 15 viaturas jeeps e motociclos para patrulhamento. Aproximadamente um terço da população de Goa depende da atividade turistica direta e indiretamente. O Governo Central anunciou um plano para implementar infra-estruturas turísticas, como campo de golf, marina e um centro turístico, através de colaboração com as entidades privadas. Esperamos do governo local a construção de estradas e estruturas de diversão para promover espetáculos e eventos. Até à presente data 500 voos charter têm chegado  a Goa com turistas estrangeiros." In. Goa tourism in damage control mode, quarta-feira, 9 de Fevereiro de 2011

Estado da Índia Portuguesa

ESTADO DA INDIA PORTUGUESA - Era inicialmente designado como Estado da Índia todo o espaço marítimo que se extendia da costa oriental africana até ao Extremo Oriente, seja de Sofala em Moçambique até a Macau e Timor. Goa funcionava como capital. Era governado por um Governador, sediado em Goa e nomeado pelo rei por um período de 3 anos, raramente reconduzido. No acto da sua posse ele recebia 3 cartas seladas e lacradas, e numeradas em 1, 2 e 3, indicando respectivamente os três substitutos pela ordem numérica. Esta substituição era interina, e dava-se no caso da morte ou deposição do vice-rei ou por qualquer outro impedimento, até que o monarca nomeasse o seu sucessor que seria vice-rei, caso fosse de linhagem distinta, alguém com grande prestígio e autoridade e neste caso tinha poderes quase reais,  caso contrário, era chamado Governador-Geral. O governador nomeava as autoridades locais, dirigia as campanhas agressivas e defensivas, orientava a política económica, mantinha e fazia cumprir a lei. Era assistido por um Secretário, mas nos meados do século XVI passou também por ser assistido por um Conselho de Estado. De 1505 – 1550 houve 11 governadores-gerais e 4 vice-reis: D. Francisco de Almeida, D. Vasco de Gama, D. Garcia de Noronha e D. João de CastroDe. 1550 a 1668 houve 27 vice-reis, contra 13 governadores. A alta nobreza: Menezes, Mascarenhas, Noronhas, Castros e Coutinhos ocuparam metade dos 40 lugares de governador ou vice-rei entre 1550 e 1671.

Devido a expansão territorial das feitorias e por necessidade duma melhor defesa e administração, o monarca na década de 1570  dividiu o governo  em 3 áreas:

a) África Oriental até ao Ceilão, administrados pelo Vice-rei da Índia, em Goa;

b) Ceilão ao Pegú e Birmânia, administrados pelo governador subordinado ao vice-rei da Índia;

c) Pegú a China, administrados pelo governador subordinado ao vice-rei da  Índia.

Na primeira Constituição Portuguesa de 1822 e na Carta Constitucional de 1826 consta que os territórios asiáticos eram constituidos das parcelas de Salcete, Bardês, Goa, Damão e Diu, na Índia, e,  Macau, Ilhas de Solar e Timor, no Extremo Oriente, formando no seu todo um único governo-geral. Houve tentativas inglesas para ocupação de Goa entre 1799 e 1913. No dia 06.09.1799 com o pretexto de que a França enviara uma esquadra para atacar Goa, as forças inglesas de Bombaim entraram em Goa com 3 batalhões e dois destacamentos, incluindo artilharia, sob o comando do Coronel William Clarke, que, no entanto sempre prestou homenagem ao Governador de Goa, Veiga Cabral. As tropas inglesas ocuparam também Damão e Diu. Com a derrota de Napoleão Bonaparte em 1813, as tropas inglesas deixarm os territórios da Índia Portuguesa em 02.04.1813.

GOA - FORMAÇÃO TERRITORIAL: Segundo a lenda, no passado as águas do oceano Indico chegavam até as montanhas dos Gates, onde  o povo andava sem abrigo e esfomeado. O deus da mitologia hindu, Purisrama, subiu ao mais alto cume das montanhas e decretou que até onde caísse a seta, que ia lançar, as águas do mar se transformariam em terra; lançou a seta e deu-se o milagre e a terra foi dividida e arroteada irmãmente por todos aqueles esfomeados e assim nasceu Goa e as comunidades; estas administravam as terras, propriedade colectiva e inalienável, de todo o povo local, e o seu usufruto passava de pais para filhos, alugavam as terras para a exploração agrícola aos respectivos membros e até mesmo aos estranhos, e os seus lucros eram distribuídos igualmente pelos seus membros; mantinham escolas, postos médicos, templos e assistência pública, para o benefício de todo o aglomerado; eram organizações milenárias de carácter corporativo. O Anuário da Administração das Ilhas, de 1904, informa:”As 145 comunidades das aldeias das Velhas Conquistas, primeiro território conquistado, e as 281 comunidades das Novas Conquistas, constituem riqueza segura de Goa; estas associações agrícolas são de fundação imemorável; Afonso de Albuquerque, fundador do império lusitano da Índia limitou-se a receber os foros e as contribuições que os nativos pagavam ao dominante anterior, e assim respeitou o modus vivendi.” Goa, portanto, bàsicamente é formada de Velhas Conquistas e de Novas Conquistas.

GOA - ETNOGRAFIA, CULTURA E ECONOMIA: Os habitantes originários da Índia são os dravidianos, os quias 2 000 a.C são empurrados e dominados pelas invasões dos arianos vindas pelo norte da Índia. Os fenícios por volta de 1775 a. C estabeleceram-se em Goa. Entre os séculos XI e XIV os povos Kadambas reinaram no Concão com sede em Chandarapura, hoje aldeia goesa de Chandor. Por volta de 1347 o Concão sofreu o domínio islámico e muitos templos hindus foram destruidos e em 1498 o sultanato muçulmano de Bijapur estabeleceu-se em Goapuri e mudou o seu nome para Ela, hoje Goa Velha e introduziu a administração persa e o comércio de cavalos da Arábia. Em 1510 Afonso de Albuquerque conquistou Goa aos muçulmanos e com a sua política de casamentos interrácicos a  sua população veio a classificar-se em: Reinós, naturais de Metrópole e de linhagem nobre; Castiços, nascidos do pai europeu e mãe indiana branca; Mestiços ou luso-descendentes, de cor amulatada, de pai europeu e mãe indiana não branca; Mulatos ou luso-africanos; Canarins ou indianos convertidos; Escravos de origem muçulmana e indonésia; Hindus e muçulmanos.

Antes da conquista por Afonso de Albuquerque em 1510 este território de Goa tinha um sistema educativa, chamado Parisha, financiado pelos kadambas hindus, apenas masculino, exceptuando as dançarinas dos templos. Ensinavam a língua local, escrever, ler e contar, usando a escrita sanskrit.  Os muçulmanos tinham a sua educação separada, ensino de Corão, e sharia (lei islâmica). Com a chegada dos portugueses a educação também passou a ser dada as raparigas no ensino básico e mantiveram o sistema administrativo e os direitos e os costumes foram codificados por Afonso Mexia: Foral dos Usos e Costumes dos Gauncares e Lavradores da Ilhas de Goa e outras anexas a Ela de 1526.; Foral dos Foros e Contribuições de Taxas de 1541, mais tarde Regimento de 1753, Decreto de 1836: Código das Associações das Vilas de 1908 e o Código de 1961. Em 1510 haviam em Goa nas Ilhas 116 templos locais de culto e ensino, em Bardez 176 e em Salcete 264 e na costa de Malabar existiam cristãos desde anos 300 e hindus, budistas, jeins e muçulmanos; Portugal introduziu o piano, mandolim e violino, na música, e o quimão vestimenta das mulheres e o mandó e durante 1510 – 1961 prevaleceu harmonia comunal e religiosa).

Nos começos dos anos da década de 1950, baseando no plano económico de desenvolvimento do ultramar, foram feitas obras de irrigação em Parodá e Candeapor para desenvolver a produção de arroz, obras de saneamento básico,trabalhos  de prospecção geológica e de exploração mineira, minérios de ferro e manganésio, de melhoramentos de caminhos-de-ferro e do porto de Mormugão, construção do aeroproto civil de Dabolim em 1954,  e no plano ideologico surgiu o discturso "luso-tropicalista" sobre a especificidade social e culturalmente miscigenadora, pigmentocracia, criando a legitimidade científica na defesa de Portugal pluricontinental, seu mentor foi Gilberto Freire que pela primeira vez usou a expressão "luso-tropicalismo" no Instituto Vasco de Gama em 1951, em Goa, e depois a ideia foi  defendida oficialmente.

GOA-VELHAS CONQUISTAS: O principal rio de Goa é o  Mandovi, que em sanscrito pronuncia-se Mhadei e significa "Mãe Grande" em que: Mha é mãe e Dei é grande. Goa por volta de 1000 - 500 a.C era conhecida por Gomantak em sanscrito, significando "terra semelhante ao paraíso, fértil e com boas águas, situada entre o Rio Mandovi e o Rio Zuari. O local também era referido como Gomata como veneração da vaca como mãe, em que Go palavra sanscrita é vaca e mata é mãe, significando a mãe-vaca. Também era designada por Goapuri ou Ela. Quando Afonso de Albuquerque conquistou Goa, ao rio Mhadei chamou Mandovi e ao local Gomantak chamou Goa. Esta Goa  então fazia parte do sultanato de Bijapur e era uma povoação, hoje conhecida como Velha Goa, comcentrada entre o Rio Zuari e o Rio Mandovi.

Afonso de Albuquerque como Governador chega a Cochim em 1509 com o plano de ocupar pontos estratégicos e aí estabelecer armadas fiscalizadoras, como em Aden, Ormuz e Malaca. Na impossibilidade de entendimento com o rei de Calecut, conquistou Goa em Março de 1510, sem resistência muçulmana e os populares o entregaram as chaves da cidade, mas passados dois meses as forças de Adil Shah em 23.05.1510 obrigaram Albuquerque a retirada para o estuário do Rio Mandovi a espera da Monção, onde os hindus locais deram-lhe as provisões logísticas. E é por isso que a comunidade de Taleigão tem o privilegio simbólico de oferecer ao vice-rei e ao bispo as amostras da primeira produção de arroz em Agosto de cada ano. Chegada a monção Albuquerque foi a Ilha de Angediva e obteve reforços dos barcos vindos de Portugal e conquistou Goa em 25.11.1510, na margem do rio Mandovi,um território situado entre o Rio Mandovi e o Rio Zuari, em 20/5/1510, ao sultão de Bijapur, Yusuf Adil Shah, mas devido as más condições de defesa e dificuldades na logística.  Mas Afonso de Albuquerque reapareceu, acompanhado de Diogo Mendes de Vasconcelo, com uma frota  totalmente renovada e formada de 28 navios com 1700 homens e com reforço das tropas de Timoja e do rajá de Jersape, e  depois de ter passado 11 dias em Angediva, reconquistou Goa, no dia de Santa Catarina, em 25 de Novembro de 1510. Os muçulmanos e seus aliados otomanos  renderam-se sem combate a 10/12/1510. Depois da vitória com  os seus soldados ajoelhou-se para dar as graças a Deus e  naquele lugar ergueu uma capela, a Ela dedicada, de taipa coberta de palha e que depois foi substituída por uma capela de pedra, situada na porta da extinta muralha da cidade maometana e que mais tarde em 1550 o Governador Jorge Cabral mandou-a ampliar. No  seu interior numa parede existe a inscrição “Aqui neste lugar estava a porta pela qual entrou o governador Afonso de Albuquerque e tomou esta cidade aos mouros no dia de Santa Catarina, em 1510, e em cujo louvor e memória o Governador Jorge Cabral mandou fazer esta casa no ano de 1550 à custa da Sua Alteza.”

Goa inicial era apenas o território de Tiswadi, 30 ilhas, que foi expandido anexando Bardez e Salcete, incluindo Mormugão em 1543, formando as Velhas Cpnquistas, onde a maioria da população foi convertida ao catolicismo, nos termos do Tratado de Westefália, seja a religião do rei será a religião dos subditos. Os dominicanos converteram as viúvas dos 6000 muçulmanos caídos após a conquista de Goa.

Estabeleceu em Goa a sede administrativa e nomeou Timoja representante do povo, como interprete e conhecedor dos costumes locais, e chefes locais tornaram-se seus vassalos e prestaram-lhe tributo. Para defesa construiu  fortalezas e feitoria e transformou Goa numa cidade metrópole; promoveu casamentos entre seus militares e indianas, oferecendo a cada casal  um dote em terras, alfaias e dinheiro e em 3 a 4 anos houve mais de 500 casamentos em Goa, Cananor e Cochim, e Malaca; os noivos eram normalmente artífices, soldados jovens e também nobres em menor número e as mulheres pertenciam às castas altas; em 1511 conquistou Malaca, donde controlou todo o tráfico marítimo com o Pacífico; em 1515 ocupou Ormuz donde impôs a sua autoridade e suserania sobre  Golfo Pérsico 1507 – 1515, mas não conseguiu conquistar Aden, devido a sua morte em 1515; destruiu e abandonou a fortaleza de Socotorá em 1511, construiu mais fortalezas e novas feitorias e espalhou baluartes em pontos estratégicos em todo o oceano Índico e pôs uma esquadra permanente para controlar o tráfico e proteger as feitorias. 

Aos colonos concedeu o foral, carta constando os direitos, deveres, garantias, os impostos a pagar, etc. para organização do território. Este foral foi confirmado em 1516 por D. Manuel. Foi assim estabelecido um município com comarca, vereadores, juízes e procuradores, eleitos entre os colonos residentes e em cujas reuniões se assistia o Capitão de Goa e ali construíram opulentos edifícios, igrejas, conventos e monumentos, onde viviam, Governador, alta burocracia, ricos mercadores e os clérigos. Este centro urbano em 1524 possuía 450 fogos com 10 000 pessoas, sem contar com os hindus, muçulmanos e escravos, ao todo 30000 - 40000 pessoas, rivalizando-se com a Lisboa e era sede do arcebispado com jurisdição sobre toda a Ásia e costa africana oriental.     

Em 1519 entraram pela primeira vez nas terras de Salcete, sendo o Governador da Índia, Diogo Lopes de Sequeira, e capitão de Goa, Ruy de Melo. Acomodaram-se no pagode de Mardol, feito a moda de uma fortaleza, e debaixo de uma ramada levantaram um altar e ali rezaram uma primeira missa para consagrar a Deus as mesmas e mais tarde em 1612 construíram uma igreja, num alto, onde estava um cemitério hindu. Vernã  significa tempo de madrugada, terra fresca com muitas fontes. Aqui em Vernã em 1638 nasceu Custódio de Pinho, que, quando novo, foi levado por um jesuíta ao convento em Velha Goa e daqui mais tarde foi para Lisboa e depois para Roma, onde matriculou-se na escola “Propaganda Fide”, onde ordenou-se sacerdote e foi para Turquia aos 31 anos de idade, e em 1669, em Roma, foi sagrado bispo titular de Hieropolis e em 1671 voltou à Índia como sucessor do primeiro bispo goês, D. Mateus de Castro. Na Índia foi responsável pelo vicariato apostólico de Bombaim e pelo comissariado apostólico do reino de Grão Monghol, Idalka e Galconda. Fixou a sua residência na missão de Bicholim e ali ficou amigo de Sambji e sabendo que este pretendia assaltar Goa, transmitiu esta informação ao vice-rei e caindo no desagrado de Sambji passou a residir em Goa, onde foi-lhe fixada uma côngrua, faleceu em 14/4/1697, com 59 anos de idade. Encontra-se sepultado ao pé do altar da Nossa Senhora de Salvação da Igreja de Benaulim, onde jaz com o seguinte epitáfio:”HIC JACET PULVIS, SINIS ET NIHIL”.

Em 24 de Novembro de 1683 as forças de Sambji com 20 mil homens, 4 a 5 mil cavaleiros, 10 elefantes e os demais apetrechos de guerra então usados, apoderaram-se das terras de Bardez e Salcete, dos fortes de Tivim e Chaporá, da povoação de Margão, das Ilhas de S. Estêvão e cercaram a fortaleza de Rachol. Esta  ocupação é conhecida como Grande Invasão. O vice-rei, Conde de Alvor, atacou o inimigo na Ilha de S. Estêvão com 400 soldados, recrutados a última hora, os quais face ao poder inimigo precipitaram-se em fuga e muitos perderam a vida nas águas lodosas dos canais que cercam a ilha e o heróico vice-rei ficou com apenas 50 homens e resistiu toda a noite. Na noite seguinte mandou para a ilha de S. Estêvão a armada que estava preparada para a praça do norte de África e os invasores que haviam tido conhecimento da chegada de um grande exército comandado por Akbar, filho primogénito do grande imperador monghol, retiraram-se e deixaram a artilharia e muitas armas que não tiveram tempo de as levarem. No documento oficial o vice-rei, referindo-se ao episódio apenas diz apenas que “outras forças superiores” evitaram a sua derrota  nesse fatídico dia 25/11/1683. Face ao mistério mandou expor o corpo glorioso e venerado de S. Francisco Xavier e depois de orações e penitências  entregou-lhe o seu bastão de general, declarando-se que dali para o futuro o grande apostolo do oriente seria o verdadeiro governador-geral do Estado da Índia, mas quando do ataque dos maratas a Goa, em 1739, as autoridades ao  refugiarem-se em Mormugão esqueceram-se do venerando corpo de S. Francisco Xavier, o que tomaram como sinal de que era a vaontade de Deus que ele conservasse em Goa. Este bastão agora de S.Francisco, mais tarde, em Dezembro de 1958, foi entregue ao último Governador-Geral, do E.IP., brigadeiro engenheio Manuel António Vassalo e Silva, quando da sua chegada a Goa em 1958, numa cerimónia própria, após a imposição da grinalda de flores ao seu pescoço.

Estas  Velhas Conquistas eram os territórios de Tissvadi, seja 30 ilhas, Bardez, Salcete e Mormugão.

GOA-NOVAS CONQUISTAS: As forças do E.I.P estão em decadência e a sua frota está destruída e muitas posições portuguesas são abandonadas, como os territórios da Província do Norte, Baçaim e Chaul, aos maratas, que  em 1739 atacam Goa, contudo uma expedição de mais de 2 000 soldados com artilharia e dinheiro chegados de Lisboa derrotaram o exército marata em Bardez, dando início a uma campanha de pacificação até a década de 1750, em que o próprio vice-rei, Conde de Alvor, sofre a prisão e morte nas mãos dos marata em 1756. Seguiram outras campanhas entre 1779-1795, em que as armas portuguesas por conquista e também por negociações, como o acordo com o Rei de Sunde, anexaram ao território de Goa uma área quatro vezes superior ao seu tamanho, mas pouco povoado, área que foi designada de “ Novas Conquistas",  em complemento das “Velhas Conquistas”, limite que se manteve até ao séc. 20. Estas novas áreas são Quepém, em 1782, Pondá, Canacona e Cabo de Rama. Portanto, a actual área territorial de Goa foi formada com a luta com os maratas e por negociações.

Em 1779 chegou a Goa o jovem José da Costa Pereira de Almeida, nascido em 1760 em Braga, de 19 anos de idade, Foi ordenado padre em 1784 e mais tarde tornou-se Deão do Cabido da Sé de Goa. Este Cónego em 1787 nas Novas Conquistas fundou uma aldeia numa floresta, Desbravou a terra, fez arrozais, plantou coqueiros e outras arvores de fruta, construiu um mercado, hospital e outras facilidades para benefícios dos seus novos habitantes, atraidos pela obra feita. É a aldeia de Quepém. Para sua residência alternativa ali construiu uma espaçosa casa, mais tarde designada, “Palácio do Deão”. Faleceu em 1835 na sua residência oficial na Capela do Monte em Velha Goa. Este palácio hoje é propriedade da igreja de Goa e foi alugado ao Rúben Vasco de Gama, que o restaurou para sua residência e para fins turísticos. In. Agua Aberta no oceano. blogspot.com.24.04.2010, postal de goa (XIII), palácio de deão.

As Novas Conquistas eram habitadas por ranes, uma classe nobre dos maratas, mas foram acusados de promotores de revoltas  contra os actos da administração local que se afastava dos interesses locais com os seus preconceitos religiosos, a seguir a última revolta foram muitos ranes deportados e a sua raça quase extinta quando era comandante militar de Satari o Rola Pereira e Governador-Geral, Conceição da Costa. Mas houve também ranes que apoiaram as autoridades portuguesas, como os ranes de Sanquelim, cujos representante  Ramji Satraji Ranes Sar Dessai foi visitado em 1959 pelo governador-geral, Vassalo e Silva, no seu palácio de Cane e no salão nobre admirou a famosa galeria dos retratos, entre os quais, em lugar de destaque, do rei D. Carlos e da Rainha D. Amélia e do Infante, D. Afonso, que foi hospede do rane de Sanquelim quando na Índia, bem como as varias espadas de elevadíssimo valor, destacando-se nelas como relíquia preciosa a espada de prata com a coroa portuguesa em ouro que o infante, D. Afonso lhe ofereceu em recompensa dos seus serviços durante as revoltas  ao governo português. Também também se pode admirar o rico palenquim incrustado em ouro e pedras preciosas, oferecido pelo marajá de Gualier. Uma  filha da casa de rane foi rainha do Estado de Gualier. O  palácio tem mais de 500 anos.

MULHERES EM GOA, SEC. XVIII: Em Goa as mulheres europeias e mestiças só saiam da casa para ir à missa e para fazer visitas, acompanhadas de escravos, em palaquins cobertos, adornadas com pérolas e pedraria. Estavam proibidas pelos maridos em falar com homens, mesmo parentes. Em casa andavam descalças e usavam uma anaqua curta e uma saia de pano pintado. As mulheres nativas tinham o hábito diário de mastigar o betele, o que lhes enegrecia os dentes, e, como viviam em ociosidade, tinham tendência em namoriscar os europeus, embora houvessem também muitas mulheres honestas. Dizem que empregavam o sumo duma erva, chamada "Troa" para adormecer os maridos, quando queriam gozar livremente os seus amores. Igualmente, os homens, usavam a "Troa" para corromper as mulheres quando estas não aderiam aos seus desejos. In. arpore: mulheres de Goa no séc. XVIII, 14.06.2010. blogspot.com

DAMÃO: Situado na costa de Guzerate, entrou na história da Índia Portuguesa em 1530, devido a  guerra contra Cambaia. Depois  de diversas tentativas da sua conquista D. Constantino de Bragança conquistou-a definitivamente em 1559 e passou a constituir juntamente com Baçaim, cedida em 1533, a província do norte, que fornecia víveres e madeira à navegação e às praças portuguesas e recompensas a nobreza de Goa e dava 20% a 25% do rendimento total da Índia Portuguesa e tinha interesse militar para defender o sul dos ataques dos mongóis e dos maratas, os quais conquistaram Baçaim em 1738. Nesta altura, além do declínio religioso, há uma maior contestação do poder português por parte dos árabes, ingleses e holandeses e por maratas. Perdido Baçaim, seja a  Província do Norte, Portugal só conservou Diu e Damão e os os enclaves de Dadrá e  Nagar-Aveli. Damão alojou os jesuítas, Franciscanos e Dominicanos desde 1559 entre outros e constituiu um efémero bispado, 1886-1928, a pequena comunidade cristã dispersou-se por Moçambique e Portugal após anexação indiana em 1961.

DIU:  Em 1509 D. Francisco de Almeida ainda tomou parte na batalha de Diu, como vingança pela morte do seu filho, Lourenço de Almeida, vitória que permitiu o domínio mais de 100 anos. Depois de entregar o governo ao Afonso de Albuquerque partiu de Cochim para Cananor em Novembro de 1509 e daqui desembarcou no Cabo de Boa Esperança, onde foi morto numa rixa com os locais.

"" Em 1538 uma armada turca, vinda do Mar Vermelho, cercou Diu, 1º cerco de Diu. Isabel era jovem e bonita, e o marido lamentava ter trazido de Goa a família para viver em Diu. Isabel devia ir juntar-se aos pais em Goa até que passasse o perigo. Mas Isabel disse não, não e não!  Ao lado dele, nada a assustava.Tinha de ficar, quanto mais não fosse para o tratar se ficasse ferido, mas mandou a filha ir ter com os avós em Goa. Solimão Basha, exultante pela recente conquista de Aden, chegara com navios, cavalos, infantaria e toda a famosa artilharia turca para atacar estrondosamente as muralhas de Diu, que se esboroavam sob a sua ação.  Os turcos acorriam aos milhares, enquanto os portugueses, comandados pelo heróico capitão Antônio da Silveira, não passavam de 600 homens. Isabel da Veiga olhava em volta e via os homens fazendo prodígios para estarem em toda parte ao mesmo tempo. O canhão do inimigo abria enormes rombos na muralha. Para um lado e para o outro acorriam os defensores a juntar material para tapar as brechas, mas logo se escancarava outra fenda enquanto cada um ia e vinha. “É nisto que eu posso ajudar”, pensou Isabel, e foi buscar a sua velha amiga Ana Fernandes, mulher do cirurgião Fernão Lourenço.Enquanto as mulheres ali estivessem para ir buscar e acarretar, os homens não teriam necessidade de abandonar os seus postos.

Todas acorreram, novas e velhas, com baldes e cestas à cabeça, carregando madeira, pedra e cascalho, e tapando os buracos mal eles surgiam. Infatigáveis e intrépidas, iam e vinham enquanto o canhão troava e os mísseis se estilhaçavam em volta.

Isabel da Veiga e Ana Fernandes eram as guias e organizadoras deste improvisado corpo de mulheres, cuja coragem constituía para os homens uma fonte de inspiração.  Como era mulher de um cirurgião, conhecia alguma coisa dos primeiros cuidados a prestar aos feridos. Já em sua casa preparara tudo para tratar os ferimentos: ligaduras, unguentos e bálsamos, que ela própria aplicava enquanto as suas ajudantes batiam claras de ovos, que nesse tempo se empregavam para suturar as feridas. Ao mesmo tempo, ia alimentando os guerreiros com bons petiscos provenientes da sua cozinha.

Não tardou que todas as mulheres do forte seguissem o exemplo de Ana e Isabel. Algumas chegavam a vestir a roupa dos maridos e a combater como homens, mas a maior parte, ao que parece, ainda que entregue a pesado trabalho manual, não esquecia os mais suaves deveres femininos. E todos os momentos livres, quando os havia, eram passados na igreja ou em piedoso cortejo para cair de joelhos diante do altar.Todos os dias tombavam homens.

Chegou finalmente um dia em que só restavam quarenta homens em estado de pegar em armas. As munições achavam-se esgotadas, os alimentos frescos escasseavam e o escorbuto ia-se desenvolvendo. Toda a pólvora que restava foi dividida e distribuída em partes iguais por trinta panelas. Envergando os seus melhores fatos e encorajando-se uns aos outros com palavras animosas, esperaram pela morte no seu posto.O tempo passou-se, e os turcos sem aparecer. O silêncio tornava-se opressivo. Solimão recebera notícias de que o vice-rei vinha de Goa com toda a frota da Índia para acudir ao cerco de Diu. Desanimado pela prolongada resistência de um simples punhado de homens, o capitão turco não estava disposto a enfrentar reforços. Pela calada da noite, escapuliu-se com a sua armada para o Mar Vermelho. Estava salva Diu e a fortaleza foi reconstruída!

Mas poucos anos durou a paz. O rei de Cambaia, que, em 1535, tivera o gosto de ceder a península de Diu em troco da proteção portuguesa contra os invasores patanes, ao ver afastada a ameaça, ressentiu-se da presença de uma potência estrangeira que fazia sombra aos seus domínios.

Esse sentimento foi encorajado pelo famoso renegado levantino Coja Sofar, um dos maiores comandantes militares do Médio Oriente, o qual tinha acumulado terras e gozava dos favores da corte cambaiana. Foi ele que impeliu o rei a chamar os turcos e a pôr o primeiro cerco a Diu. Perante o fracasso, Coja Sofar passou os sete anos seguintes a preparar armas e a recrutar homens de todas as nações guerreiras que tinha à mão.

O segundo cerco de Diu durou de abril a novembro de 1546 e muitas das cenas atrás descritas se repetiram. É provável que ali se encontrassem algumas das mesmas mulheres, as quais desenvolveram idêntica ação. Sabemos que viviam nessa altura em Diu muitos casais. Todavia, a semelhança de nomes faz confusão e a nós mesmos perguntamos, por exemplo, quantas Isabéis lá havia nos dois cercos.

Desta vez, falam-nos de uma Isabel Madeira, que, como a velha Bárbara Fernandes, era mulher de um médico. Pelo que dizem, era uma zé-ninguém, de constituição delicada, e de mais a mais mãe de quatro filhos. Tal como Bárbara, enfrentou o sacrifício supremo quando o seu marido adorado morreu em combate. Com igual coragem, refreou quaisquer lamentações públicas e ainda consolava as amigas que vinham confortá-la.

Ainda nos falam de outra Isabel – a formidável Isabel Fernandes – espírito afim, ao que parece, de Ana Fernandes no cerco de 1538. Esta Isabel foi a primeira a abater um turco com uma pancada na cabeça, quando, a coberto da escuridão noturna, ele trepava pela muralha no ponto em que ela se achava sempre na linha de fogo. As ordens do governador determinavam que a guarnição se mantivesse dentro das muralhas até que ele chegasse com toda a frota da Índia. Isso deu-se algumas semanas depois, quando o cerco tinha sido levantado e estava ganha a grande batalha de Diu.“Isabel Fernandes, a Velha de Diu.””In. Spem in Alium: As heróicas portuguesas de Diu 14 de Janeiro de 2011

2º cerco de Diu 1546–57, defendido por João de Mascarenhas, auxiliado pelo Vice-Rei da Índia D. João de Castro, contra uma coligação de cambaianos, egípcios e turcos.chegou a Goa, em plena prosperidade, os quais encontraram o  governador D. Nuno da Cunha com armada pronta a socorrer Diu, sitiada pelos turcos.Nesta armada D. João de Castro foi no 1º navio, como soldado aventureiro e pelejaram contra os galeões turcos, obrigando-os a retirada. em 1546 Diu enfrentou o 2º cerco, em que os portugueses são derrotados, mas D. João de Castro mandou um novo reforço e ele próprio comandou uma expedição e o inimigo levantou o cerco e fugiu deixando prisioneiros e artilharia e para reedificar a fortaleza destruida solicitou aos vereadores da Câmara de Goa um empréstimo de 20 000 patacas para as obras de reedificação na sua carta de 23 de Novembro de 1546 em que diz que mandou desenterrar seu filho D. Fernando, morto pelos mouros na fortaleza de Diu, para empenhar seus ossos, mas que seu cadáver estava desfeito e que não pôde tirar da terra as ossadas, pelo que o único penhor que lhe restava eram as suas barbas, e que todos sabem que não possui ouro nem prata, nem móvel nem bens de raiz, mas apenas a verdade seca e breve que Nosso Senhor lhe deu. O povo de Goa lhe respondeu com uma quantia muito superior, conforme a carta de 27 de Dezembro de 1547. Agora D. João de Castro teve de combater de novo o Hidalcão e conquistou-lhe Bardez e Salcete e em recompensa o Rei nomeou-o “Vice-Rei” em 1547 e o governo por mais 3 anos e uma ajuda de 10 000 cruzados e ao seu filho D. Alvaro o posto de Capitão-Mor do mar da Índia. Mas devido ao desgaste da guerra adoeceu gravemente e entregou o governo ao Conselho de Goa, entre os quais S. Francisco Xavier, usando as seguintes palavras:

“Não terei, senhor, pejo de vos dizer, que ao vice-rei da Índia faltam nesta doença as comodidades que acham nos hospitais o mais pobre soldado. Vim a servir, não vim a comerciar ao oriente; a vós mesmo quis empenhar os ossos do meu filho, e empenhei os cabelos da barba, porque para vos assegurar, não tinha outras tapeçarias nem baixelas. Hoje não houve nesta casa dinheiro, com que se me comprasse uma galinha, porque nas armadas que fiz, primeiro comem os os soldados os salários do governador, que os soldos do seu rei; e não é de espantar que esteja pobre um pai de tantos filhos. Peço-vos, que enquanto durar esta doença me ordeneis da fazenda real, uma modesta dispensa e pessoa por vós determinada, que com modesta taxa me alimente.”

MEDIDAS POMBALINAS:  Pombal decretou a liberdade de comércio, instituiu uma Junta para assuntos financeiros, criou celeiros públicos, reorganizou o sistema municipal, extinguiu a inquisição, mas que depois D. Maria a reabilitou, no entanto  durante as invasões napoleónicas quando Goa e Portugal se encontravam praticamente ocupados pela Inglaterra a inquisição foi definitivamente extinta em 1812. A Inquisição chegou a Goa em 1560 e devido a sua acção de manter a fé pura muitos goeses convertidos, mas perseguidos por ela,  fugiram e estabeleceram-se nas cidaddes vizinhas de Mangolore e Karvar. Pombal extinguiu igualmente  o título de vice-rei e o substituiu pelo título de governador. Em reforço das leis de 1569 e 1572, as quais decretavam oficialmente que a única barreira para a obtençao da cidadania portuguesa era a religião, e vendo que  na prática a discriminação mantinha, Pombal promulgou a Carta Pombalina declarando todos nascidos na Índia Portuguesa iguais aos nascidos em Portugal e  afirmou que todos os súbditos cristãos da sua majestade nascidos na Índia terão as mesmas honras dos nacionais do reino e dava preferência aos naturais que mostrassem aptos nos exames para as ditas honras, dignidades, empregos, postos e cargos e na aceitação nas ordens religiosas e estipulou também severas penas aos que desprezassem ou fizessem distinção no tratamento e civilidade para com os ditos nativos da Índia, ou seus filhos ou descendentes, chamando-lhes pretos, ou mestiços ou dando-lhes outros nomes odiosos.

CONVULSÕES POLÍTICAS: Por motivos de discriminação relativamente aos clérigos da metrópole, e por ideais liberais,  em 1778 houve reacção contra os metropolitanos e em 1787 descobriu-se uma campanha para expulsa-los, a conjura dos Pintos. Os seus chefes eram os padres, José António Gonçalves, Abade Faria que fugiu para a França e Francisco Couto que foi executado em 1788 na prisão da Fortaleza de São Julião de Barra em Lisboa por condenação por alta traição por morte à forca após o esquartejamento do seus corpos, como era uso na época para crimes idênticos.

Revolta dos Maratas 1895-1896: insubordinação dos soldados maratas ou Revolta dos Ranes durante o governo do general Elasbão de Bettencourt Lapa com repercussão na metrópole e no ultramar, teve origem nas divergências entre Francisco Xavier Alves, bispo de seita siríaca e o administrador do concelho das Ilhas futuro Marechal Gomes da Costa e devido a ordem de enviar 2 companhias maratas para Moçambique e segundo um preconceito religioso perderiam a casta se atravessassem o mar e é também uma revolta para expulsão dos europeus – os amotinados refugiaram-se no forte de Nanuz e a população de Satari os apoiou e invadiram Mapuça e Sanquelim, Lisboa mandou novo governador Rafael de Andrade, o qual iniciou repressão que provocou guerrilha e emboscadas. Estas revoltas eram contra a administração local que se afastava dos interesses locais com os seus preconceitos religiosos e levaram pa ara a India dois membros da Família real portuguesa,como comandantes das forças expedicionárias, o Infante D. Augusto, irmão do Rei D. Luís, e depois o infante, D. Afonso, irmão do Rei D. Carlos, que chegou a Goa em 12/11/1895, e o governador foi exonerado e substituído pelo infante, que foi nomeado vice-rei (19-3-1896-27-5-1896) a sua acção acalmou a revolta e os revoltosos foram amnistiados.

REIVINDICAÇÕES DA UNIÃO INDIANA: Sarat Chandra Boss, ministro do 1º governo de Nehru e irmão de Subhas Chandra Boss, defensor de derrube dos ingleses pelas armas, foi adepto de anexação de Pondichery, Goa, Damão e Diu, e, galvanizador dos chamados "lutadores pela liberdade destes territórios", com, Tristão de Bragança e Cunha, engenheiro, formado em França, de formação ideologica fascista-leninsta, e, era representante do Boss em Goa. Este movimento nacionalista da unidade da Índia, Indutva, após a independência da Índia em 1947, apresentou em 1949 a sua reivindicação aos territórios de Goa, Damão e Diu, depois de negociar a integração dos territórios franceses de Pondicherry, etc. Salazar recusou a proposta com base de que o Estado Português da Índia era mais antigo do que qualquer outro do subcontinente e que aqueles territórios eram partes integrantes da Nação Portuguesa. O movimento Indutva tinha por inspiração o princípio facista bosseano de "guerra justa" para construção duma nação indiana/hindu, onde todas as minorias, muçulmanas, católicas e siks, seriam toleradas, mas, consideradas estranhas à tradição indiana. Foi este o princípio que em 1961 serviu para ocupação de E.I.P. In. Combustões.blogspot.com, 10.01.2010.

Face às reivindicações da União Indiana, Portugal restringiu o Padroado Português no Oriente aos limites territoriais do Estado da India Portuguesa, ficando reduzido a 1/10 do que era a Arquidiocese de Goa. Em 1950 Portugal e a Santa Sé assinaram um acordo e Portugal renunciou as Sés de Mangalore, Quiloa, Cochim, S. Tomé de Meliapor, Trinchirópoles e Bombaim, mantendo apenas a dignidade metropolitana e patriarcado de Goa.

Nos finais de 1953 a Índia decretou bloqueio económico ao E.I.P e impôs vistos para circulação das pessoas à Índia. Em 1954 o Governador de Damão ao viajar para os enclaves de Dadrá e Nagar-Aveli foi impedido pelas autoridades indianas, e as comunicações para aqueles enclaves foram cortadas  e um grupo de separatistas goeses, enquadrados pelas forças de polícia, ocuparam o enclave de Dadrá, onde morreram em combate o Subchefe de Polícia, Aniceto do Rosário, natural de Diu, e o Guarda António Fernandes, natural de Damão. No mesmo dia, com o mesmo processo ocuparam Nagar-Aveli. Dia 15 de Agosto de 1954, um grupo de satyagrahis ( em que Satya:verdade; Agraha:firmeza ou força = força da verdade e ahimsa:não violência, duas armas que Mahatma Gandhi usou para a independência da Índia) ocuparam o Forte de Tiracol, mas a Polícia retomou-o e hasteou a Bandeira Nacional arriada horas antes. Janeiro de 1955  e depois em 15 de Agosto de 1955, data da independência da Índia, 700  satyagrahis penetraram em Goa e Damão  mas foram reprimidos pela polícia portuguesa, registando 15 mortos e 38 feridos.

Depois destas tentativas,a Índia encerrou as fronteiras, estabeleceu o bloqueio comercial, censura a correspondência postal e o corte de transferência de fundos. Dia 8-8-1955  encerrou a legação portuguesa em Nova Delhi, depois de corte de relações diplomáticas com Portugal.

Em 1956  grupos armados separatistas desencadearam ataques militares contra os postos fronteiriços e esquadras da políticia no interior de Goa e emboscadas as tropas portuguesas, causando também,roubos, mortes e feridos entre as populações e pessoal da Polícia, bem como a destruição parcial das instalações duma empresa mineira em Sirgão,e  em Setembro de 1957 após um ataque a um posto de Ancorem, no NW de Goa, registaram-se choques entre militares portugueses e forças da UI.

Enquanto isso a União Soviética pediu na  Comissão de Curadoria das NU em 4 de Novembro de 1954 que a Assembleia Geral das NU fizesse fiscalização da situação nos territórios do E.P.I. A Comissão de Curadorias da ONU em 29 de Janeiro de 1957 aprovou uma monção para constituir uma comissão investigar se os membros admitidos em 1955 possuíam ou não territórios não autónomos, mas  a Assembleia-Geral das NU votou contra este pedido.

Portugal em 15 de Dezembro de 1955 foi admitido nas NU e no dia 22 Portugal apresentou queixa contra a União Indiana – a propósito de Dadrá e Nagar-Aveli – no Tribunal Internacional de Haia e em 15 de Junho de 1956 apresentou mais elementos a reforçar a sua queixa.

Em 1958 chegou à Goa o novo governador, o brigadeiro engenheiro Manuel António Vassalo e Silva.

O Tribunal Internacional de Haia, em 12 de Abril de 1960  reconheceu a soberania portuguesa em Dadrá e Nagar-Aveli e o direito de trânsito através do território indiano a pessoas privadas, funcionários civis e mercadorias para exercício dessa soberania, com a condição de o trânsito de tropas portuguesas ser possível apenas com a autorização da Índia, mas em 11 de Agosto de 1961 a Índia integrou os dois enclaves, que uma faixa de 26 km separava de Damão e os seus 51 000 habitantes passaram a ser cidadãos indianos.

No decorrer desses períodos foram formando partidos:

1) Congresso Nacional (Goa), fundado em 1946 sob chefia de Peter Alvares e    membros, Telo Mascarenhas e António Furtado;

2) Partido do Povo Goês – Fundadores Divakar Kakodkar e Jorge Vaz em 1944, dissidentes do Congresso esquerdistas comunistas, que depois participaram na ocupação dos enclaves de Dadrá e Nagar-Aveli;    

3) Frente Unida dos Goês – Fundadores Francis Mascarenhas e Waman Dessai, dissidentes do Congresso em 1950, pretendiam um estado autónomo dentro  da UI, contra a sua integração no Estado de Marashtra;

4) Azad Gomantak Dal (Grupo dos goeses livres) – Fundador V.N.Lawande, 1954, expulso do Congresso – extremistas hindus e ligados a actividades clandestinas no E.P.I.;

5) Comité de Acção Goesa – Fundado por Tristão Bragança Cunha em 1954 marxista, libertação de Goa;

6) Conselho de Libertação Goês – Alguns católicos de Bombaim formam em 1954, no caso de anexação querem assegurar liberdade religiosa aos goeses.

Apesar desses partidos, a grande massa da população, a mais humilde e inculta e considerável sector da população, não se manifestou contra o  Governo de Goa, No entanto havia um grupo dos intelectuais defensores de autonomia, como o advogado Dr. António Bruto da Costa, que em 1960 preparou um Projecto de Estatuto de Autonomia Administrativa e Financeira do Estado da Índia, cujas bases assentavam no respeito e reconhecimento da bandeira, língua, civilização e cultura portuguesas e previa um governador-geral, delegado do Governo da Nação, ficando a cargo deste a defesa e as telecomunicações. O sector contrário à soberania portuguesa, jaindista, menos numeroso, mas mais activo, defendia a integração na UI.

Ataques pré-invasão e invasão: Em 25 de Abril de 1961 é atacado o posto de polícia de Betim, perto de Pangim, morrendo dois guardas goeses. Em Novembro de 1961 embarcações indianas, incluindo o navio de passageiros Sabarmati, tentam várias vezes o desembarque na Ilha de Angediva, obrigando à sua guarnição abrir fogo. Dia 14 de Dezembro de 1961 um grupo de seis elementos civis armados atacam o posto militar de Bali, e é preso um dos elementos atacantes, Haridanath Balbarau Sardessai.

Prevendo a invasão de Goa por Índia, Portugal informou o Conselho de Segurança das Nações Unidas da actividade bélica da parte da Índia em relação aos territórios portugueses, destacando-se a partir do dia 8 de Dezembro de 1961  até ao dia 17 a flagelação e ataques aos postos fronteiriços portugueses, concentração das unidades navais indianas, de 5 fragatas, cruzador Mysore e porta-aviões Vikarant, nas águas territoriais goesas, concentração na fronteira terrestre de 5 esquadrilhas aéreas, violação do espaço aéreo em Goa, Damão e Diu, sobrevoo do navio mercante português e das embarcações portuguesas

As diminutas forças portuguesas, constituidas de 3 500 metropiltanos e 900 goeses, sem aviação e material bélico de longo alcance, para demonstrar a sua política de não beligerência abandonaram os postos fronteiriços sem ripostar as provocações das forças indianas, dando início ao plano Sentinela de concentração das suas forças em Mormugão, como último reduto de defesa.

A meia noite do dia 17 de Dezembro de 1961 a operação Vijaya deu início a invasão do E.I.P, com tanques, infantaria, artilharia, tropas aerotransportadas, unidades anfíbias, engenharia e aviões a jacto, com um total de 45 000 homens de choque - mais 25 000 reservistas, enquanto do lado português havia 3 500 militares da Metrópole e 900 goeses, sem aviação e material bélico de longo alcance. Para atrasar o avanço das tropas indianas, a tropa portuguesa destruiu as pontes de Ordofondo, Borim e de Bicholim. Apesar disso atingiram Pangim pelas 11H00 do dia 18 de Dezembro, onde as forças portuguesas renderam-se.

Dia 18/12/1961, a aviação indiana bombardeou nas primeiras horas de madrugada a Emissora de Bambolim de Goa, cortando as comunicações, excepto com Lisboa, visto que a Estação de Radar do Aviso de Guerra Afonso de Albuquerque manteve a comunicação até às 10H30 e pelas 07H00 o aeroporto de Dabolim e a Estação Radionaval.  Por volta das 09H00 3 fragatas indianas avistaram-se ao largo de Mormugão, e palas 12H00  abriram fogo de artilharia e atingiram um dos 5 navios mercantes fundeados na baía. Em resposta o único navio da marinha portuguesa, o Aviso Afonso de Albuquerque, respondeu à marinha indiana e atingiu uma das suas fragatas, que foi substituída por um destróier, mas a torre do Aviso Afonso de Albuquerque foi atingida pela navios indianos, causando ao seu comandante, o capitão-de-mar-e-guerra, António de Cunha Aragão,  gravemente ferido, e a morte do 1º grumete telegrafista. O  comando foi assumido pelo 2º tenente Sarmento Gouveia, ao mesmo tempo uma outra fragata indiana foi atingida, e substituída por uma nova unidade e por volta de 12H35 foi ordenado o encalhe do navio, frente à praia de Bambolim, depois de perder a sua capacidade combativa e depois de infligir 18 baixas a marinha indiana, sendo 5 mortos e 13 feridos e cerca de 12H50 deu-se início ao abandono do navio a nado e o comandante foi transportado numa viatura ao hospital Escolar de Pangim. Mas apesar de o aviso se encontrar encalhada e com bandeira branca içada os  navios indianos continuaram a fazer fogo atingindo as zonas da terra onde  a sua tripulação se refugiara. A acção da marinha indiana só terminou pela 17H00. E cerca de 13H00 do dia 19 a sua guarnição foi aprisionada.

Pelas 22H30 do dia 18, o Tenente-Coronel Solano de Almeida, director dos TAIP levantou voo com o avião dos TAIP, juntamente com um outro avião dos TAP, chegado na madrugada do mesmo dia.

Na Ilha  de Angediva houve resistência e as forças indians sofreram grandes baixas; Damão, depois de combate das  04H00 dia 18-12 até 07H00 de 19-12, é ocupado, com baixas parte a parte, ficando ferido, do lado português, o major governador, António José da Costa Pinto; Diu foi atacado, das  7H00 dia 18-12, onde  a lancha “Vega” sofreu ataque do cruzador indiano obrigando-a a fundear-se, mas às 06H15 a Vega preparou-se ao combate  e abriu fogo sobre dois aviões a jacto preparados a bombardear a fortaleza, atingindo um dos aviões, obrigando-o a aterrar. Neste combate morreu um artilheiro. Num segundo combate morreram 3 marinheiros. Os sobreviventes nadaram para a terra com os feridos.

Dia 19 de Dezembro de 1961 restava apenas a rendição das forças em Vasco de Gama, onde a Guarnição do Forte de Aguada, ofereceu resistência ao ataque das forças indianas, desde 04H00 de madrugada, rendendo-se por volta das 7H30, sem baixas portuguesas, causando as forças indianas a morte dum major e dum capitão e vários militares mortos e feridos.

O Governador-Geral, Vassalo e Silva, optou-se pela rendição, pelas 12H00 do dia 19 de Dezembro de 1961.Era na altura o Patriarca da Índia, Arcebispo de Goa, Damão e Diu, José Vieira Alvernaz (05.02.1898/13.03.1986), natural dos Açores, que junto do Governador o influenciou para decidir na rendição das tropas portuguesas. Ele saiu de Goa em Setembro de 1962 e manteve o seu título até à assinatura do Tratado de 31.12.1974 entre Portugal e Índia, reconhecendo aqueles territórios como indianos.

Durante a invasão, constam 27 mortos europeus do lado das tropas portuguesas, não se sabendo o número dos mortos dos militares e polícias naturais de Goa, Damão e Diu. Do lado indiano, constam no Monumento aos Martires de Libertação de Goa, frente ao Quartel-Geral de Polícia, em Pangim, 600 mortos.

identidade goesa

Identidade Goesa - A identidade dum povo forma-se ao longo da sua história, através das respectivas instituições, e manifesta-se pela sua maneira de ser e estar no mundo, bem como pelos testemunhos visíveis deixados no seu território. Casas, oratórios, igrejas, templos hindus e muçulmanos, conventos, cruzeiros, jardins, monumentos, planeamento urbano e rural, monitorização e controlo das doenças infecciosas, os cuidados primários de saúde, assistência social e asilos, assistência hospitalar, leprosaria,(Assistência e à Infância Desvalida de Goa foi instituída em 1910 para prestar abrigo, alimentação e cuidados de saúde aos pobres e às crianças abandonadas, incluindo sua educação),  a rede escolar, a defesa da biodiversidade, o controlo do crime, são réplicas do modelo urbanístico das cidades de matriz portuguesa. Na área lúdica pode-se falar em clubes de dança, instrumentos musicais, piano, bandolim, violino e  na canção tradicional goesa "mandó", clubes de futbol, e  o "dhirió", luta entre dois búfalos ou touros. Da alimentação faz parte  a comida vegetariana hindu, comida católica influenciada pela comida europeia portuguesa e a comida muçulmana; pratos como, sarrapatel, vindalho, chouriços de carne de porco, xacuti, arroz de caril; bebidas típicas locais, como, féni e urraca; conservas de frutas e doces; canja de arroz, que não se sabe se é de origem indiana, chinesa ou japonesa, que os navegadores portugueses  espalharam pelo Brasil e Portugal, sofrendo depois as necessárias modificações regionais. Foi com estes elementos que o  Estado  caldeou a maneira de ser e estar  do goês ao longo de centenas de anos e formou a sua identidade, através das normas sociais  e hábitos religiosos, incutidos pelo cristianismo e pelas suas ordens religiosas, como franciscanos, dominicanos, agostinianos e sobretudo jesuítas. Mas, naturalmente, os elementos anteriores ao Estado da Índia, de 1510 até 1961, também serviram para moldar a mentalidade do povo. É, pois de referir, também o contributo dos dravidianos, arianos, kadambas/maratas, bem como das religiões, como o hinduísmo, budismo, jainismo, islamismo. Goa é formada de Velhas Conquistas, desde 1510, como núcleo mais ocidentalizado, formado com casamentos entre europeus e indianas, incluindo também mais tarde as órfãs europeias portuguesas que para ali se deslocaram para se casarem com os nobres em Goa. No século XVIII este território expandiu-se com as Novas Conquistas, formando as actuais fronteiras de Goa, com sangue, suor e lágrimas. Em consequência desta mistura étnica e cultural, no século XVII a população de Goa  era classificada  em:  reinós, europeus naturais de Portugal e de linhagem nobre; castiços, descendentes de pai europeu e da mãe indiana branca; mestiços de cor mista, descendentes de pai europeu e da mãe indiana não branca; mulatos, mistura de europeu e mãe africana; canarins e indianos convertidos; escravos de origem africana, muçulmana e indonésia; hindus e muçulmanos. Para manter a coesão e coabitação destes grupos foi importante a política estatal, baseada em normas administrativas com valores universais da dignificação do homem, já aplicada na Metrópole, território português europeu, e de respeito às  tradições regionais de cada grupo, mas excluindo destas as práticas consideradas negativas, como sati -  sacrifício das viúvas quando da morte do marido na pira fúnebre e enganchados - sacrifício aos deuses, em que a vítima era içada através dos ganchos de ferro fixados nas suas costas, criando assim ao longo da sua história harmonia comunal, respeito mútuo e aceitação harmoniosa de todos os grupos sociais. É disso exemplo, a codificação dos direitos e dos costumes feita por Afonso Mexia:  "Foral dos Usos e Costumes dos Gauncares e Lavradores da Ilhas de Goa e outras anexas a Ela de 1526".," Foral dos Foros e Contribuições de Taxas de 1541", mais tarde Regimento de 1753, "Decreto de 1836: Código das Associações das Vilas de 1908" e o "Código Civil Português de 1867/Código Seabra". A língua concani com a introdução da tipografia pelos jesuítas em meados do século XVI em Goa, passou a ser escrita com o uso do alfabeto português, a par da língua oficial portuguesa em expansão, através das ordens religiosas, sobretudo dos jesuítas, e depois com a rede oficial de cobertura escolar, à partir da  década de 1950 até 1961, ano da queda da Índia Portuguesa. O  direito da cidadania portuguesa concedido inicialmente apenas aos convertidos ao cristianismo expandiu-se com o liberalismo nos meados do século XIX e com o republicanismo português a partir de 1910, independentemente da religião, verificando-se assim uma administração quase na sua totalidade formada pelos naturais do Estado da Índia Portuguesa.

Dentro do processo identidario goês é de realçar as seguintes personalidades de origem goesa, no século XVII, bispos D. Mateus de Castro, de Divar;  D. Tomás de Castro, de Divar,  D. Custódio de Pinho, de Vernã., D. Rafael Figueiredo, de Margão e o Pe. José Vaz, de Benaulim. No século XIX, bispos, D. Vicente de Rosário Dias, de Raia,  D. Caetano Pereira, de Divar,  Pe Agnelo,  José Custódio de Faria (Abade Faria) de Candolim, hipnotizador. No século XX Cardeal Valeriano Gracias, de Navelim. Na litearatura, no século XIX, Francisco Luís Gomes, de Navelim,  deputado por Goa em Lisboa em 4 legislaturas, e no século XX Paulino Dias, Nascimento Mendonça, Adeodato Barreto, Judite Beatriz de Sousa, Vinola Devi e Orlando Costa.In. sofaltaumtrintaeumnaminhavida.blospot.com, 05.03.2010 e In.opatifundio.com, 05.04.2010.literatura goesade lingua portuguesa, revista cultural de lusofonia. Na música, entre outros, destacou-se António Fortunato de Figueiredo, nascido em 20/08/1903, em Loutulim. Em 1997 após completar o curso complementar dos liceus em Pangim matriculou-se na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, tendo depois transitado para o curso de Conservatória Nacional de Lisboa, onde terminou em 1932 com elevada classificação o curso superior de violino. Regressou a Goa em 1936 e foi nomeado professor do Canto Coral no Liceu Nacional de Afonso de Albuquerque, onde organizou e dirigiu o Orfeão e a Tuna, com diversas actuações em Pangim e em Loutulim. Em 1948 seguiu para Paris com uma bolsa de estudos do Governo Geral de Goa para aperfeiçoamento na arte de dirigir uma orquestra. Igualmente aperfeiçoou os seus conhecimentos na Itália e em Inglaterra. Em 1952 fundou a orquestra sinfónica de Goa e a Academia de Música de Goa. Após ocupação de Goa pela Índia em 1961 a Orquestra Sinfónica de Goa passou dificuldades foi extinta e integrada  na Kala Academy em 1977. In TGF/Francisco Monteiro: António Figueiredo biography; 2010.10.23

São de realçar já no século XIX a Escola Médica, Escolas Técnicas, Normais e dos Pilotos, o 1º Liceu Afonso de Albuquerque, e  as 1ªas comunicações cabo submarino Lisboa - Goa e Caminho-de-Ferro ligando o Porto de Murmugão  à Índia Inglesa, e Templos hindus de Manguexi, Mardol, Bandorá, Sirodá, etc., Festividades Hindus, como Divali, Festas de S. Francisco Xavier, em Velha Goa, de Nº Srª de Brotas na Ilha de Angediva, Natal,  Carnaval,  etc. Em 1954 o Aeroporto de Dabolim ligando Goa a Lisboa.

Para destinguir o goês formado através deste processo histórico, parece que foi usado o termo de "outsiders" aos imigrantes indianos em Goa, de outros partes da Índia. Este termo "outsider" consolidou-se com o assassinato duma jovem goesa de 24 anos de idade, chamada Tanuja Naik, a 15 de Julho de 2002, quando os  conterrâneos da sua aldeia acusaram os trabalhadores  vindos do interior da Índia como os responsáveis pelo crime. Goês e outsiders, ambos são indianos, porque fazem parte do território da Índia, dividido em Estados diferenciados devido a sua língua e cultura, assim como todos os povos da América são americanos, da Europa são europeus, da África são africanos e da Ásia são asiáticos.

No contexto do espaço português, Goa, Damão e Diu, sendo até 1961 territórios lusófonos, sofreram um processo multisecular de aculturação diferente do resto da Índia anglófona, e, o português era a língua de instrução desde a Escola Primária até ao Curso Superior. Após a queda do Estado da Índia, em 1961, foi vista como a língua do país derrotado e sem interesse no contexto político indiano. Assim o vencedor para a sua completa vitória tinha que banir a língua do país derrotado, e, para uma completa integração cultural das respetivas populações, sobretudo, da geração nova, impossibilitar a leitura e interpretação do seu passado histórico, multisecular, escrito em português. Assim, a Comissão nomeada  para a reforma do ensino em Goa em 1962 decidiu substituir a língua portuguesa pela língua inglesa. Consequentemente, a actual geração goesa já não domina o português, e, como tal não é capaz de ler e interrepretar as fontes documentais,  dando assim origem ao processo de formação duma nova identidade, como um dos Estados da União Indiana de cultura anglófona.

Na década de 1960 Goa, Damão e Diu tinham à volta de 600 000 habitantes. Atualmente, sem contar com Damão e Diu,  só Goa tem uma população estimada em 1 300 000 habitantes. Pode-se daqui concluir que mais de metade da população goesa veio dos outros estados da União Indiana. Estes dados permitem também concluir que a distinção usada de goeses e outsiders não tem razão de ser, pois a língua usada de entendimento comum na Índia é a língua inglesa, além disso a educação mental, social e cultural, transmite a todos a igualdade da cidadania. Abortada a cultura indo-portuguesa e a sua alma, o seu lugar é ocupado por uma nova cultura ainda em génese.

Em 2008, 2009 e 2010, respetivamente 312, 432 e 433 goeses obtiveram a nacionalidade e passaporte português, sendo a maioria de Agaçaim, Mercês, Stª Cruz e Taleigão. Segundo a constituição indiana estes goeses perdem o direito de voto nas eleições locais ou nacionais. In Herald; Goa,01/09/2010

Aproximadamente 1200 goeses adquiriram a nacionalidade portuguesa desde Janeiro de 2008 até Setembro de 2010. A maioria são católicos, 25 indus e 19 muçulmanos. Estes pedidos de nacionalidade para obter passaporte português são constantes no Consulado português de Goa. Os requerentes através do passaporte português emigram para a União Europeia e, sendo de nacionalidade portuguesa, ficam livres para arranjar emprego dum país para o outro sem a necessidade de visto de residência. Maioria trabalha no Reino Unido em profissões menores, nos Correios, hospitais, transportes e indútsrias. São pagos com aproximadamente 12 libras à hora, incluindo as vantagens de acomodação, educação para as crianças de graça. In. Navhind Times, 2010.Out.21. A aquisição da nacionalidade portuguesa já tem antecedentes e resta saber quantos cidadãos goeses, damanenses e diueses adquiriram até à atualidade a nacionalidade portuguesa. Além destes, sabe-se que muitos sairam de Goa, Damão e Diu, além de Lisboa para outras partes do mundo, após a ocupação de Goa já com nacionalidade portuguesa, pois os goeses, damaneneses e diuenses continuaram legalmente como portugueses até à altura em que Portugal reconheceu aqueles territórios como indianos em 1974, após a revolução de 25 de Abril de 1974 em Lisboa.

Uma corrente política em Goa defende a expansão de Goa - uma Goa maior, acrescentando no norte o distrito de Sindhudurg, com uma área de 5 207 km2, do Estado de Maharastra, e no sul o distrito de Karva e Joida, com uma área de 2 622 km2, em satisfação dos anseios das respetivas populações locais, as quais são de opinião que a sua integração no Estado de Goa lhes dará benefícios, desenvolvimento e uma vida melhor. Consideram também uma maneira de reagrupar os territórios da zona de Concão, falantes de concani. Esta ideia incluiria na área de Goa boas zonas florestais em causa. Muitas pessoas de Karwar já se encontram radicadas em Goa, como funcionários do Governo Central, desde 1961, após a ocupação de Goa pela Índia. Esta expansão aceleraria talvez a indianização de Goa já em curso desde 1961. Pois, em 1961 a população católica de Goa era de 35%. Os censos de 2001 registaram apenas 21%, devido a imigração de hindus dos outros Estados indianos. In Goa News/Sould Karwar-Sindhudurg be Goa?; 2010.Out.21

“O Navio Escola Sagres atracou em Goa, no porto de Mormugão, em 12 de Novembro de 2010, estando prevista a sua saída no próximo dia 16. A sua estadia vai ser aproveitada para assinalar os 500 anos da chegada dos portugueses na Índia, Goa. O navio está aberto ao público para visitas. Dentro do programa da sua estadia em Goa será servido almoço juntamente com o Embaixador de Portugal na Índia e o Consul Geral de Portugal em Goa, a autoridades indianas, como o Governador de Goa, Chefe do Governo de Goa, Presidente da Assembleia Parlamentar, e o Comamdante Naval de Goa, no próximo dia Domingo, dia 13, cerimónia em que serão entregues prémios a alunos de português em Goa e haverá um espetaculo de fado e mandó. Na 2ª Feira, dia 14, o navio será visitado pela marinha indiana.

O grupo oposionista à presença portuguesa na Índia, partido BJP e os Freedoom Fighters criticam este relacionamentos das autoridades locais com as autoridades do Navio Sagres, pois consideram que estão celebrar a conquista de Goa há 500 anos.

Esta viagem de circum-navegação começou com a sua partida em 19/01/2010 de Lisboa para uma viagem de 11 meses, com a programação do seguinte itinerário: Brasil, Uruguai, Argentina, Chile, Peru, Equador, México, EUA, Japão, Coreia do Sul, Indonésia, Timor, Singapura, Tailandia, Malásia, Goa, Egipto e Argélia. Também esteve em Macau, sem aí atracar por não ser permitida aos navios de guerra.

O Navio Escola Sagres foi construído em 1937. Têm 70 mt de cumprimento, 3 mastros que suportam 23 velas com 1971 metros quadrados de pano, os quais lhe permitem uma velocidade de 17 nós às 1893 toneladas de peso.”In Lusa, 12/11/2010/ Navio Escola Sagres em Goa para assinalar 500 anos da chegada dos portugueses na Índia.

“A tripulação do navio Sagres foi recebida no Porto de Mormugão pelas autoridades navais de Goa. O representante dos Freedom Fighters disse, “Como é possível alguém comemorar a chegada dos opressores?” e exigiu que fossem retirados os nomes dos nacionais portugueses constantes das placas das estradas e ruas de Goa, antes de 19/12/2010. Esta associação é também contra o movimento Panjim City Corporation.” In Niz Goenkar, goan cuisine & delicias, 12/11/2010.

“O Navio Escola Sagres têm 139 tripulantes, sendo 9 oficiais, 16 sargentos e 114 praças. Para evitar protestos e incidentes lamentáveis dos freedom fighters foi destacada uma força especial em Mormugão. A Marinha Indiana em Goa prestou honras às autoridades do Navio Sagres.” In Navhind Times, 2010.11.13. Expedition part of goodwill visit: portuguese ship commander.

"Uma trintena de simpatizantes do Bharatiya Janata Party (BJP), um dos partidos mais influentes da Índia, manifestou-se ao fim da tarde do dia 12, a poucas centenas da entrada do porto de Mormugão, envergando bandeiras negras e faixas de pano com frases em hindi e em inglês. Numa delas podia-se ler: “Welcoming the ship Sagres is Goa´s disgrace” (Dar as boas-vindas ao navio Sagres é uma desgraça). O porta-voz dos manifestantes, Rajendra Arlekar, afirmou na altura: “É uma vergonha estarmos a receber agora aqueles que no passado nos subjugaram e torturaram os nossos lutadores pela liberdade”.

Também o presidente desse partido, Laxmikant Parsekar, em declarações ao diário local Gomantak Times, não poupou palavras, dizendo-se chocado pelo facto de o primeiro-ministro e o governador terem marcado presença na recepção oficial a bordo do navio. Dizia o líder do BJP que, ao “glorificar as celebrações dos portugueses”, apesar dos portugueses (pejorativamente apelidados de “pernas brancas”) “terem trazido o colonialismo e escravizarem o povo de Goa”, esses dirigentes (seus rivais políticos) perdem toda a legitimidade para, no futuro, “felicitarem os lutadores pela liberdade e participarem nas próximas celebrações do Jubileu dourado da Libertação”.

O The Navhind Times, outro dos diários goeses, ignora a manifestação e prefere dar destaque às declarações do comandante da Sagres à imprensa local. Pedro Proença Mendes lembra que a visita da Sagres é alheia a quaisquer questões políticas dos governantes e partidos políticos de Goa, e realça a importância desta visita para “o reforço das relações de amizade entre Portugal e a Índia”.

Já a edição de Goa do reputado The Times of India, que dedica um quarto de página ao assunto, prefere destacar as características do navio, “um dos mais belos do mundo”, a sua “missão de paz e boa vontade”, e a presença a bordo de um marinheiro descendente de goeses, Bruno Miguel Rosário Antunes, que surge como figura do dia, ao ser entrevistado pelo repórter local Andrew Pereira.

“Toda essa história da manifestação anti-Sagres não passa de um questiúncula entre partidos políticos locais”, comentou ao PONTO FINAL Isilda Noronha, residente em Panjim, enquanto aguardava a sua vez para poder visitar o navio, na companhia de alguns familiares. “Os participantes no protesto, muito provavelmente foram pagos para estarem presentes”, dizia ela, em excelente português. Quanto ao instigador desse movimento, “apenas utiliza a visita da Sagres como pretexto para atingir o actual governador, seu rival político, que ocupa a posição que ele ocupou durante anos e que agora quer reaver”. Apenas isso. O sentimento da população de Goa em relação aos portugueses continua a ser “caloroso e fraterno”, e todos estão “muito felizes por mais esta visita da Sagres”.

“Apenas alguns hindus demonstraram hostilidade. Cristãos e muçulmanos receberem-nos muito bem”, garantiu, por sua vez, o marinheiro Santos, um dos 150 tripulantes da Sagres, que não perdeu a oportunidade de chamar a atenção para a dificuldade que todos eles tiveram para sair e entrar no porto de Mormugão, devido às fortes medidas de segurança. “No dia em que chegámos, dois dos nossos marinheiros foram impedidos de deixar o porto, apesar de estarem munidos da sua identificação. Foi necessário que o nosso capitão assinasse uma declaração para que pudéssemos circular sem entraves. Nunca tal nos aconteceu, nesta viagem de circum-navegação”.

Em declarações a este jornal, o comandante da Sagres, Pedro Proença Mendes, desvaloriza o incidente da mini-manifestação anti-Sagres, lembrando, a título de curiosidade, que um dos mentores dessa iniciativa esteve presente na primeira recepção que os tripulantes da Sagres tiveram com as autoridades locais. Proença Mendes quer acima de tudo salientar o importante papel da Sagres enquanto “embaixada flutuante de Portugal”, lembrando os milhares de goeses e outros indianos que visitaram o navio nos dois dias em que esteve aberto ao público. Fica assim cumprida a missão do navio-escola na Índia.

A Sagres levanta ferro do porto de Mormugão amanhã de manhã, rumo a Alexandria, no Egipto. Uma viagem de vinte dias, sem qualquer escala." In. Ponto Final: Sagres entre aplausos e manifestantes; 2010.11.15

"A comunidade dos pescadores de Khoriwaddo, Vasco de Gama, deram uma calorosa despedida ao barco Sagres no Porto de Mormugão. Os barcos pesqueiros ornamentados acompanharam o barco na sua saída do porto de Mormugão, num gesto de amizade. Um outro grupo de jovens conduzindo motas e empunhando as bandeiras portugesa e indiana percorreram as ruas da cidade de Vasco de Gama.

Numa cerimónia festiva, na presença do Consul de Portugal em Goa, ofereceram flores ao capitão Proença Mendes, comandante do navio Sagres, que por sua vez ofereceu-lhes recordações, camisas e a bandeira portuguesa, enquanto os pescadores entregaram-lhe a bandeira indiana.

Capitão Proença Mendes expressou aos jornalistas a sua satisfação com a calorosa manifestação de despedida, apesar da manifestação dos freedoom fighters quando da sua chegada. O representante dos pescadores informou que foi uma manifestação para estreitar laços de amizade indo-portuguesa." (Tradução do texto original inglês). In O Heraldo Goa´s complete online news edition: despite-protest-portuguese-crew-leave-goan-shores-happy; 17.11.2010

-"Fomos surprendidos por um som festivo vindo do Rio Zuari. Umas 30 embarcações enfeitadas com folhas de palmeira e balões verdes e rubros e ostentando bandeiras portuguesas e indiana com centenas de pessoas, muitas delas vestidas com as camisolas da selecção portuguesa e dançando ao som da música popular portuguesa acompanharam o navio Sagres ao longo de algumas milhas a partida do navio Sagres no dia 16.11.2010."In. Correio de Manhã: goeses vestiram camisolas da nossa selecção de futbol; 28.11.2010

Se mantivessem a língua oficial portuguesa em Goa, Damão e Diu, sendo o português obrigatório nas repartições públicas e nas escolas, como até a ocupação de Goa era em 1961, hoje Goa, Damão e Diu não teriam nas suas repartições públicas funcionários não goeses das outras partes da Índia a não ser os que falassem e escrevessem português. A administração pública goesa continuaria nas mãos dos goeses, damanenses e diuenses. Seria um processo natural de continuidade linguista e cultural da identidade goesa. O corte com esta cultura centenária significa uma nova colonização em pleno século XX. A própria Índia ficaria mais rica linguisticamente e muitos cidadãos goeses e não goeses sabendo falar português teriam também oportunidades de emprego nos países da língua portuguesa e seriam ao mesmo tempo agentes ativos e diretos das empresas indianas que concorressem nesses territórios da língua portuguesa. Goa, Damão e Diu podiam ser portas da Índia aos territórios de expressão portuguesa espalhados pelos quatro cantos do mundo. A língua portuguesa em Goa não era contra a língua local concani, bem como contra a língua inglesa que aí era ensinada livremente em muitas escolas secundárias, apenas era a língua oficial centenária no Estado da Índia Portuguesa. A substituição da língua portuguesa pela língua inglesa abriu as portas aos nãos goeses ocuparem lugares proeminentes da administração goesa, sem possuirem conhecimentos mínimos da cultura goesa e da sua identidade, em prejuízo dos naturais daqueles territórios, causando hoje uma má qualidade de vida em todos os aspetos sociais e económicos da vida goesa.

""Existem em Portugal aproximadamente 60 000 pessoas de etnia indiana, sendo destas apenas 7 000 cidadãos indianos e  as restantes cidadãos portugueses. A maioria encontra-se em Lisboa e Porto e os outros espalhados pelo país, sobretudo em  Algarve, Leiria, Coimbra, Guarda, etc. Dividem-se em Gujeratis, goeses, damanenses, diuenses e pundjabis.

Os gujeratis maioria vindos de Moçambique depois de 1974, após a revolução de 25.04.1974 em Lisboa, sendo os restantes vindos da Índia desde à década de 1980 e cuja chegada ainda continua aberta. Vivem em comunidade unida e dedicam-se ao comércio e a hotelaria, e mantem fortes ligações familiares na Índia. Alguns deles também vieram de Inglaterra, Madagascar e África do Sul.

Os goeses vieram diretamente de Goa logo após a ocupação de Goa pela União Indiana em 1961, sobretudo jovens estudantes do ensino português em Goa, seguidos de outros vindos de Moçambique após a sua independência depois de 1974 e ainda seguidos de outro grupo na década de 1990 e cuja entrada ainda continua. Todos cidadãos portugueses de origem na sua maioria.

Os damanenses e os diuenses vindos depois de 1961 após a acupação do Estado da índia Portuguesa pela União Indiana, seguidos de outros vindos de Moçambique após sua independência depois de 1974. São na sua totalidade cidadãos portugueses de origem. Muitos deles logo que tenham condições financeiras e económicas trazem outor membros da sua famíla para junto de si.

Os pundjabis chegaram na década de 1996. São cidadões indianos. Maioria trabalhadores de construção civil, bem como trabalhadores na área da industria alimentar. Encontram-se concentrados em Lisboa e existe uma pequena comunidade sik na cidade de Guarda."" In Portal de Embassy of India - Persons of indian origins. (Síntese informativa obtida em 2011.01.28.)

Mas além destes, sabe-se que há também pessoas que vieram antes de 1961, sobretudo pessoas de origem etnicamente europeias nascidas em Goa. A maioria dos jovens do Estado da Índia Portuguesa deslocaram-se para territórios portugueses porque a administração indiana em Goa substituiu o sistema administratvo do Estado da India Portuguesa por um sistema anglofono, substituindo a língua portuguesa pela inglesa. Esta atitude neocolonialista do governo indiano cortou as justas aspirações, sobretudo dos jovens prestes a entrar no mercado de trabalho, como repartições públicas, professores, empregados públicos em geral, ou desejosos de seguir cursos superiores dentro do sistema educativo português. Igualmente muitos funcionários públicos passaram a ser transferidos para outras partes da ìndia e substituidos pelos funcionários indianos, os quais ocuparam os postos principais da função pública. A evasão dos goeses não se deu só para os territórios portugueses. Deu-se também para as outras partes do mundo, incluindo Brasil. Os bens patrimoniais destes jovens e famílias hoje devem estar a ser aproveitados, em certos casos, pelos seus familiares, aproveitando a confusão política para a sua usurpação, posse indevida, e enriquecimento ilícito.

2010.11- O 3º Festival de Cinema Lusófono decorreu de 13 a 16 de Novembro no Auditório do Colégio Chowgule em Margão, com exibição de filmes de realizadores angolanos, portugueses e brasileiros, retratando os contextos histórico-culturais de grande parte do espaço lusófono. Dia 16 foi projetada a curta-metragem de animação "A Flor mais Grande do Mundo" do realizador galego Pancho Casal besado num conto infantil de José Saramago e o filme "Blindness" do brasileiro Fernando Meireles. Foi uma iniciativa do CLP/INstituto Camões em colaboração com o Centro de Língua e Cultura Portuguesa do Smt. Parvatibai Chowgule College de Margão. In.III FESTIVAL DE CINEMA LUSÓFONO MARGÃO-GOA - Elos Clube de Tavira, 05.12.2010

In. Oheraldo Goa's complete online news edition :: Salcete-Portuguese-passport-holders-under-radar-of-poll-official. sábado, 12 de Fevereiro de 2011: "Os nomes dos goeses que agora optaram pela  nacionalidade portuguesa foram eliminados dos cadernos de recenseamento eleitoral, passados 3 meses após a publicação pelos Serviços de Estrangeiros duma  lista detalhada de centenas de goeses portadores de passaporte português. Há informações também de que muitos destes cidadãos voluntariamente pediram a eliminação do seu nome do caderno de recenseamento eleitoral. Em conformidade com a legislação indiana os portadores de nacionalidade estrangeira deixam de ser cidadãos da ìndia." Tradução síntese do texto original inglês.

In. [Goanet] Portuguese citizenship for Indians. domingo, 13 de Fevereiro de 2011. Tradução síntese do texto original inglês. " Será que o acordo celebrado pelo governo português para os residentes do Estado da Índia poderem optar pela cidadania portuguesa se vai findar nos próximos anos? Centenas de indianos do Estado da Índia estão a optar pela cidadania portuguesa. Segundo a lei portuguesa os nascidos no Estado da Índia antes da sua ocupação pelo exercito indiano em 1961/ são cidadãos portugueses, bem como os seus descendentes, e para obter este direito os interessados devem registar-se nos Serviços de Registos Centrais em Lisboa, visto que os registos de nascimentos originais ficaram no Estado da Índia. Pedro Rodrigues um advogado goês, residente em Lisboa, em visita de 3 dias ao Qatar por solicitação de Doha Goans Sports Club (DGSC), é de opinião que os interessados devem aproveitar agora a oportunidade durante este ano porque o governo português pode cancelar esse direito em qualquer altura. Neste encontro muitos goeses estiveram presentes munidos dos seus respetivos documentos de identificação, a fim de obter esclarecimento sobre o assunto. A primeira vaga de emigração dos goeses começou com os seus antepassados por via marítima para as terras de África, com Kénia, e alguns foram obrigados a optar pela nacionalidade inglesa quando Idi Amin mandou os indianos embora. O interesse afluência para obter a cidadania portuguesa não é apenas restrita aos residentes em Goa, mas também  aos residentes em outras áreas, como Austrália e Kénia. O direito indiano não permite cidadania dupla e como tal quem obtiver a cidadania portuguesa é obrigado a devolver o passaporte indiano, mas podem optar por "Overseas Indian Citizen card (OCI)", no entanto este cartão não dá direito ao seu possuidor comprar propriedade agrícola, etc. As suas vantagens apenas permitem facilitar o visto de entrada na Índia".

In.[Goanet] Salcete Portuguese passport holders under radar of poll off. segunda-feira, 14 de Fevereiro de 2011. Tradução síntese do texto original inglês. " Os goeses eram cidadãos portugueses até que foi-lhes imposta por força a cidadania indiana depois da invasão. O único goês, corajoso demais, que lutou contra a imposição da cidadania indiana foi o Pe. Cico Monteiro. Agora  os goeses querem readquirir a sua cidadania, mesmo nos países como Austrália, apesar de até agora não terem aproveitado da oportunidade. Os que readquiriram a sua cidadania e são residentes em Goa permanentemente devem ter todo o direito de voto, caso, se  pagam os impostos. Um dos fundamentos em que começou a revolução americana, baseou-se em "Não se paga os impostos sem ter direito à sua representação". Eu não sei quais são os direitos nos EUA, mas no Reino Unido e na Austrália eu estava registado no caderno eleitoral local visto que eu pagava os impostos sendo aí residente apesar de não ser cidadão desses dois respetivos países.Gabriel."